A onicogrifose (unhas grossas) é uma patologia ungueal que se caracteriza por um espessamento excessivo das lâminas ungueais. Esta patologia consiste num distúrbio de crescimento da lâmina ungueal fazendo com que esta se torne espessa, com possibilidade de ficar mais alongada e/ou mais curvada, possuindo uma cor opaca e mais amarelada do que o habitual.
Inicialmente, a lâmina ungueal espessa e ‘’cresce para cima’’, podendo desviar lateralmente em direção aos outros dedos. Em alguns casos, a doença piora ao ponto de fazer as unhas enrolar, sendo quase impossível o corte das mesmas, uma vez que a textura destas é muito grossa.
A sua incidência é maior em idosos, podendo no entanto afetar pessoas em qualquer tipo de idade (ver tipos de onicogrifose).
O primeiro dedo do pé é a lâmina ungueal mais frequentemente afetada, seguida do quinto dedo dos pés, é de referir que a onicogrifose nas mãos é rara e encontra-se normalmente associada a onicogrifoses congénitas.
Quando não tratada a onicogrifose pode estar associada a constrangimentos, além do aspeto estético e da dor causada, outras complicações podem estar associadas.
Sinais e sintomas da onicogrifose
A onicogrifose, em fases iniciais, muitas vezes não apresenta qualquer tipo de sinal percetível, contudo, com a progressão da patologia, podem surgir diversos sinais e sintomas, a saber:
- Unhas amareladas ou acastanhadas;
- Unhas excessivamente espessas ou “grossas”, que podem ser também longas e/ou curvas (deformadas);
- Dor;
- Infeções frequentes nas unhas ou na pele envolvente;
- Prurido (comichão) na área à volta das unhas;
- Superfície das unhas irregular com marcas, geralmente, transversais;
- Entre outros…
Tipos de onicogrifose
A onicogrifose pode ser classificada em dois tipos principais, a saber:
Onicogrifose congénita
Este tipo de onicogrifose está presente no nascimento, ou seja, é uma doença hereditária, sendo de referir que existem poucos relatos da sua incidência. Pode ser herdada como um traço autossómico dominante, isto significa que se qualquer um dos pais desenvolver esta patologia, a probabilidade da criança nascer com a doença é mais elevada (onicogrifose infantil).
O início de aparecimento desta patologia encontra-se descrito em alguns estudos com o aparecimento a ocorrer ao longo do primeiro ano de vida, como em outros estudos encontra-se descrito como de aparecimento mais percetível durante a puberdade, altura em que começam a aparecer os vários sinais e sintomas da doença.
Existem também vários estudos que referem a onicogrifose congénita como característica em alguns síndromes congênitos, como por exemplo: síndrome de Haim-Munk ou síndrome de Papillon- Lefèvre.
Onicogrifose adquirida
A onicogrifose adquirida pode ter inúmeros fatores causais, podendo estar associada a causas locais, distúrbios patológicos, doenças infeciosas, doenças dermatológicas ou até auto cuidado deficiente.
Historial de cirurgia ungueal, trauma (por exemplo queda de algo em cima da unhas), deformidades ósseas como Hallux valgus ou até microtraumas causados pelo calçado podem ser algumas das diversas causas locais que estão na origem do aparecimento de uma onicogrifose adquirida. Devido à escolha de calçado incorreto (mais frequente em mulheres) podem ocorrer frequentemente microtraumas que não causam algia quando acontecem mas que acometem o normal crescimento ungueal.
Muitos estudos descrevem que a onicogrifose é observada comumente em pacientes com comprometimento da circulação sanguínea periférica. Distúrbios patológicos como varizes, tromboflebite, hiperuricemia, dermatite de estase ou até o desenvolvimento de úlceras estão descritos como fatores causais do aparecimento de onicogrifose.
Psoríase, onicomicose ou sífilis são alguns dos exemplos de doenças infeciosas ou dermatológicas onde o aparecimento de onicogrifose se encontra frequentemente associado.
Devido a uma tendência para negligenciar o cuidado das unhas, esta patologia ungueal encontra-se frequentemente associada com pessoas que sofrem de demência ou idosos que tendem a ser esquecidos em relação ao autocuidado e higiene.
Causas da onicogrifose
A causa exata da onicogrifose não é completamente conhecida. No entanto, esta patologia ungueal pode estar relacionada com diversos fatores de risco, a saber:
- Doenças de pele como ictiose, psoríase, sífilis terciária, entre outras;
- Má circulação do fluxo sanguíneo (pode estar associada com diabetes);
- Hereditariedade (genética);
- As infeções fúngicas, ou micose das unhas (onicomicose) podem levar ao desenvolvimento de onicogrifose;
- Não usar calçado no tamanho correto;
- Traumas repetidos;
- Lesões contínuas;
- Negligência (ficar sem cortar as unhas durante muito tempo), sendo esta uma causa mais frequente em idosos;
- Deformações ósseas;
- Etc.
Saiba, aqui, o que é onicomicose (micose nas unhas).
A onicogrifose é contagiosa?
A onicogrifose não é uma doença contagiosa. No entanto, como vimos anteriormente uma das causas da onicogrifose é a onicomicose (micose nas unhas), sendo esta patologia contagiosa.
Ou seja, muitos casos de onicogrifose estão relacionados com algum tipo de micose das unhas (onicomicose), por isso, esta hipertrofia ungueal pode ser secundariamente transmitida de pessoa para pessoa ou através de contactos com superfícies infetadas.
Saiba, aqui, tudo sobre contágio na onicomicose.
Diagnóstico da onicogrifose
O diagnóstico da onicogrifose é realizado por um podologista, através da história clínica do doente e do exame físico.
O exame físico consiste na avaliação do estado das unhas, tendo muitas vezes como base a sua aparência. Nas fases iniciais, pode ser difícil detetar a doença, no entanto, com o passar do tempo, começam-se a desenvolver as características clássicas, sendo possível identificar facilmente a onicogrifose.
O diagnóstico apenas com base no espessamento da lâmina ungueal nem sempre é correto ou suficiente, muitas vezes é necessário eliminar também a incidência de outras patologias associadas ou até como causa do desenvolvimento de onicogrifose.
A realização de exames hispotalógicos (para avaliação dos queratinócitos existentes, além da presença de hiperqueratose macroscópica), exames micológicos para determinação de presença de fungos ou outros micoorganismos e também a realização de uma radiografia ao dedo para determinar a presença ou não de uma exostose subungueal, são meios complementares de diagnóstico muitas vezes utilizados durante o diagnóstico de uma onicogrifose.
Complicações da onicogrifose
A complicação mais comum da onicogrifose consiste na incapacidade de cortar a lâmina ungueal devido ao seu espessamento, podendo também o aspeto estético da mesma ser considerado uma complicação.
Quando não tratada atempadamente, a onicogrifose pode progredir e provocar o desenvolvimento de complicações graves, a saber:
- Onicocriptose (unhas encravadas);
- Paroníquia (pele solta na raiz da unha);
- Onicomicose secundária;
- Incapacidade em praticar desporto, atividades físicas;
- Etc.
Saiba, aqui, tudo sobre onicocriptose (unha encravada).
Tratamento da onicogrifose
Tal como já referido anteriormente a onicogrifose consiste numa lâmina ungueal que cresce hipertrofiada e muitas vezes desigual da matriz, sendo o lado de crescimento mais rápido o que determina a direção da deformidade, por essa razão os métodos de tratamento da onicogrifose podem variar consoante o estado das unhas do doente.
Em fases iniciais, o tratamento realizado será maioritariamente conservador, visando rebaixar ou tornar a unha mais fina e pequena, eliminando o excesso de pressão realizada pela lâmina ungueal sobre o leito.
O tratamento conservador é realizado através de instrumentos apropriados como brocas especializadas, que rebaixam mecanicamente a lâmina ungueal, podendo também ser aconselhados tratamentos queratoliticos.
É também fundamental um cuidado maior na escolha do calçado e outros tratamentos preventivos como o corte adequado e oportuno das lâminas ungueais, mantendo assim a espessura da lâmina ungueal reduzida. Veja mais informação em “Prevenção da onicogrifose”.
Em fases mais avançadas da onicogrifose, ou com complicações severas associadas, pode ser recomendado um tratamento mais definitivo como a matricectomia, ou a avulsão cirúrgica das unhas, conforme descrevemos de seguida.
Avulsão das unhas
Esta pequena cirurgia permite, geralmente, que a lâmina ungueal tenha a oportunidade de restaurar os danos à medida que uma nova unha cresce.
A avulsão das unhas pode provocar o desenvolvimento de unhas encravadas crónicas quando feitas nos pés, então pode optar-se por destruir cirurgicamente a matriz das unhas, de forma a evitar este problema. O procedimento é conhecido como matricectomia parcial ou completa (remoção permanente das unhas).
A automedicação ou tentativas de uso de tratamentos “caseiros” ou naturais sem aconselhamento por um profissional de saúde é extremamente desaconselhável, podendo provocar o desenvolvimento de complicações graves. A onicogrifose é uma patologia que requer a ajuda de um especialista.
A onicogrifose tem cura?
A onicogrifose, quando detetada atempadamente, possui um prognóstico favorável.
Em casos mais avançados, o tratamento da doença pode ser mais complicado, por isso, é aconselhável procurar aconselhamento de um podologista logo que detete algum sinal ou sintoma da doença, de forma a evitar possíveis consequências.
Como prevenir a onicogrifose?
Existem alguns comportamentos a adotar que são extremamente benéficos na prevenção da onicogrifose, a saber:
- Manter as unhas aparadas e curtas;
- Cortar as unhas, de modo a ficarem retas e sem curvas nas bordas;
- Usar sapatos com o tamanho correto, sem apertar e sem “bicos”;
- Usar meias de algodão que absorvam a humidade gerada pelos pés;
- Marcar consultas regularmente com um podologista;
- Entre outros.