Pé plano

O pé tem um arco natural que apoia o peso do corpo ao andar ou correr. A ausência ou diminuição deste arco plantar é conhecida como pé plano ou “pé chato”. Veja imagens superiores.

Existem dois tipos de pé plano:

• Pé plano flexível - o arco pode ser visto quando o pé não está a suportar peso, isto é, existe a curvatura na planta do pé que apenas é visível quando o doente levanta os calcanhares e apoia o peso nas pontas dos pés.

• Pé plano rígido - o arco não está presente de todo, mesmo suportando o peso nas pontas dos pés.

O pé plano pode provocar alguma dor, no entanto, na maioria dos casos é assintomático (não apresenta nenhum sinal ou sintoma) e muitas crianças conseguem realizar correção atempadamente. Veja mais informação em “Tratamento do pé plano”.

Com que idade se pode diagnosticar o pé plano?

Todas as crianças nascem com os pés planos (congénito). Após os 3 / 4 anos de idade, as crianças começam a desenvolver o arco na planta dos pés (pé plano infantil).

É muito importante que o diagnóstico seja efetuado o mais precocemente possível, pois o pé plano pode, por vezes, provocar algumas complicações como problemas em tendões, tornozelos, joelhos, pernas, entre outras partes do corpo, como veremos ao longo deste artigo. Veja mais informação em “diagnóstico do pé plano”.

Sinais e sintomas do pé plano

A maioria das pessoas não apresenta sinais ou sintomas associados com pés planos (assintomático), no entanto, existem casos onde algum sinal ou sintoma começa a desenvolver-se, especialmente quando existe diagnóstico em idade tardia:

• Dor ou sensibilidade na planta do pé, tornozelos ou pernas;
• Calcanhares e tornozelos que inclinam internamente;
• Mudanças na forma de andar;
• Edema (inchaço) nos pés ou tornozelos;
• Sensação de rigidez no pé;
• Entre outros.

Causas do pé plano

O pé plano é normal em bebés e crianças com menos de 4 anos de idade, porque o arco do pé ainda não se desenvolveu. A maioria dos arcos das pessoas desenvolve-se ao longo da infância, no entanto, algumas pessoas nunca os desenvolvem.

Algumas crianças têm pé plano flexível, em que o arco é visível quando a criança está sentada ou em pé na ponta dos pés, mas desaparece quando a criança está de pé a apoiar o peso do corpo no pé inteiro. A maioria das crianças consegue recuperar do pé plano flexível sem problemas.

O pé plano rígido é causado pelo desenvolvimento alterado do pé durante a infância, que não permite que os arcos nas plantas dos pés sejam desenvolvidos. O aparecimento deste tipo de pé, nos adultos (pé plano adquirido), pode ser provocado por uma fratura óssea ou deslocamento, uma rutura num tendão, ou alguma patologia associada, como a artrite.

Existem inúmeros agentes que podem também influenciar o seu aparecimento, a saber:

• Hereditariedade (genética);
• Lesão no pé ou no tornozelo;
• Doenças do sistema nervoso ou muscular, tais como: paralisia cerebral, distrofia muscular ou espinha bífida;
• Coalizão tarsal. Esta doença provoca a fusão dos ossos do pé, resultando em pés rígidos planos;
• Outros.

Fatores de risco do pé plano

Existem alguns fatores que aumentam o risco de desenvolvimento do pé plano, a saber:

• Obesidade (excesso de peso);
• Hiperlaxidez ligamentar;
• Diabetes;
• Gravidez;
• Idade: com o avançar da idade as articulações e tendões começam a desgastar-se, podendo provocar o pé plano;
• Lesões nos tornozelos;
• Entre outros.

Diagnóstico do pé plano

O pé plano é, geralmente, diagnosticado através de um exame físico e análise da história clínica do doente.

Em casos mais graves, podem ser recomendados alguns meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT), de modo a avaliar de uma forma mais rigorosa o estado do arco do pé, a saber:

• Uma radiografia ou raio-X do pé permite determinar a extensão da deformidade;
• Um TC ou TAC fornece mais detalhes sobre a malformação do pé;
• Uma ecografia (ultrassonografia) é recomendada na suspeita de danos ou rutura de algum tendão;
• Outros.

Complicações do pé plano

Casos mais graves de pé plano que provoquem muitas dores ou pessoas com outros problemas no pé, tornozelo ou perna podem desenvolver complicações quando o tratamento não é instituído atempadamente, designadamente:

• Fascite plantar;
• Tendinites do tendão de Aquiles;
• Artrite no tornozelo;
• Artrite no pé;
• Joanetes e sobrecarga da articulação do 1º dedo;
• Tendinose do músculo Tibial posterior;
• Miosite do adutor do 1º dedo e do tibial posterior;
• Rigidez nas articulações;
• Metatarsalgias (inflamação por sobrecarga da região anterior do pé);
• Entorses de tornozelo;
• Entre outras.

O pé plano tem cura?

Como referido anteriormente, todas as crianças nascem com os pés planos e conseguem desenvolver os arcos naturais com o desenvolvimento dos próprios pés. No entanto, quando existe uma anormalidade neste processo e a criança não desenvolve estes arcos, o tratamento adequado e atempado consegue reverter o problema e o prognóstico é bastante favorável.

No entanto, em casos mais graves, o pé plano pode provocar complicações graves, como já referimos. Portanto, é extremamente importante efetuar um diagnóstico atempado e instituir um tratamento adequado para evitar a sua progressão ou compensar as alterações adquiridas.

Tratamento do pé plano

Geralmente, se o pé plano não causar dores, é possível alinhar o pé ao longo do tempo de uma forma que previna a sintomatologia.

Se os pés planos ou “chatos” causarem desconforto e dor, então pode ser recomendado algum dos seguintes tratamentos, de modo a corrigir o alinhamento do pé ou aliviar a sintomatologia, a saber:

Tratamento conservador

Existem vários dispositivos utilizados para corrigir o arco dos pés e aliviar a dor, especialmente durante a infância, a saber:

• Características do calçado utilizado (contraforte rígido, ponta maleável e apoio do arco plantar interno);
• Palmilhas, órteses ou suportes de arco personalizados, com o objetivo de compensar/corrigir os desvios do calcanhar e promover a formação do arco plantar;
• Tornozeleira ou meia elástica se houver algum edema (inchaço) nos tornozelos;
• Promover o caminhar descalço em pavimentos irregulares (areia, relva, etc) para realizar reforço da musculatura intrínseca do pé;
• Realização de exercícios orientados com fisioterapia para, reforço muscular, treino de equilíbrio, prevenção e tratamento de instabilidade de tornozelo;
• Outros.

Tratamento medicamentoso

Dependendo da causa subjacente da doença, o pé plano pode provocar dor ou inflamação nos pés e tornozelos. O médico especialista pode prescrever alguma medicação para reduzir o desconforto desta sintomatologia. Certos medicamentos (remédios) anti-inflamatórios ou analgésicos podem aliviar o edema e a dor.

Mudanças no estilo de vida e adoção de novos comportamentos

Dependendo do agente causador do pé plano, pode-se recomendar a adoção de alguns comportamentos de modo a melhorar a sintomatologia, controlar a progressão da doença e até mesmo reverter a mesma, como por exemplo:

• Fazer exercícios de alongamento;
• Fisioterapia;
• Descansar o pé e colocar gelo sempre que sentir dor;
• Se a causa do pé plano for obesidade ou diabetes, é aconselhável manter um peso saudável através de um dieta para emagrecer e exercício físico regular;
• Entre outros.

Cirurgia no pé plano

A maioria dos casos possui um bom prognóstico e não necessita de cirurgia. No entanto, a cirurgia (operação) no pé plano pode ser uma opção em casos mais graves, sendo geralmente o último recurso.

A operação pode ser realizada apenas para corrigir os pés planos, mas também pode criar novos arcos nos pés, reparar tendões, e até mesmo fundir ossos ou articulações, entre muitos outros.

Saiba, aqui, tudo sobre cirurgia do pé plano.