Ciberbullying

O cyberbullying, ou ciberbullying em português (vou utilizar o termo em português), é um fenómeno que tem ganho destaque nos últimos anos, especialmente com o grande aumento do uso de tecnologias digitais e redes sociais por parte das crianças e adolescentes.

O termo refere-se ao uso de tecnologias de comunicação digital para intimidar, humilhar ou assediar uma pessoa ou grupo de pessoas. Ao contrário do bullying tradicional, o ciberbullying pode ocorrer a qualquer hora, de qualquer lugar, e alcançar uma audiência mais ampla e desconhecida, o que pode amplificar o sofrimento da vítima, uma vez que esta não tem nenhum porto de abrigo, pois a tecnologia está por todo o lado.

Ciberbullying: Características e impactos

Ciberbullying é um tipo de comportamento agressivo, repetitivo e intencional que visa causar dano psicológico ou emocional a alguém através do uso de dispositivos eletrónicos e plataformas online. Segundo Sónia Seixas, as características do ciberbullying incluem a possibilidade de anonimato dos agressores, a permanência dos conteúdos publicados online e a ampla audiência potencialmente envolvida. Esses fatores tornam o ciberbullying uma ameaça particularmente insidiosa, já que o impacto emocional para a vítima pode ser profundo e duradouro (Seixas et al., 2014).

Os impactos do ciberbullying podem variar de ansiedade, depressão, baixa autoestima, isolamento social, e em casos mais graves, pensamentos ou tentativas de suicídio. Luís Fernandes, destaca que o sofrimento causado pelo ciberbullying é exacerbado pela impossibilidade de escapar da agressão, uma vez que ela pode continuar fora dos limites físicos da escola ou do local de trabalho e invadir espaços pessoais como a casa da vítima (Fernandes et al., 2016).

Ciberbullying em contexto escolar

A escola é um dos principais ambientes onde o ciberbullying ocorre, apesar de as ações serem realizadas fora do ambiente físico escolar. Os investigadores enfatizam a importância da educação digital e da conscientização entre alunos, professores e pais sobre os riscos e as consequências do uso inadequado das tecnologias digitais. Tito de Morais, um especialista em segurança digital infantil, ressalta a necessidade de programas educacionais que ensinem as crianças e adolescentes sobre comportamento seguro e responsável online, além de como reagir e relatar casos de ciberbullying (Morais, 2015).

Estratégias de prevenção e intervenção

Vários autores concordam que a prevenção e a intervenção eficazes requerem uma abordagem multifacetada, que envolve a colaboração entre escolas, pais, plataformas digitais e autoridades legais. As escolas desempenham um papel crucial ao incorporar a educação sobre ciberbullying em seus currículos e ao criar um ambiente onde os alunos se sintam seguros para relatar incidentes. Além disso, é essencial que as plataformas digitais adotem políticas claras contra o ciberbullying e disponibilizem ferramentas para bloquear e relatar comportamentos abusivos.

Fernandes e Seixas sugerem que as intervenções devem incluir estratégias como a promoção de empatia e habilidades sociais entre os alunos, campanhas de sensibilização para as consequências do ciberbullying, e o envolvimento dos pais através de workshops e sessões de formação sobre como monitorar o uso da internet e das redes sociais pelos seus filhos (Fernandes & Seixas, 2017).

O Papel da comunidade e dos governantes

O combate ao ciberbullying também deve ser uma preocupação dos nossos governantes. É necessário desenvolver políticas e leis que regulamentem o comportamento online e protejam as vítimas de ciberbullying. Em Portugal, algumas iniciativas já foram tomadas nesse sentido, mas a legislação ainda precisa acompanhar a rápida evolução da tecnologia e as novas formas de agressão online. Morais e outros investigadores destacam a importância de um envolvimento mais robusto dos governos e da sociedade civil na criação de um ambiente digital mais seguro para todos (Morais et al., 2018).

Conclusão

O ciberbullying representa um desafio significativo para a sociedade atual, especialmente para jovens em idade escolar. Vários especialistas têm contribuído para uma maior compreensão deste fenómeno e para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e intervenção. É fundamental que a sociedade, incluindo escolas, famílias, plataformas digitais e governos, trabalhem em conjunto para criar um ambiente online seguro e acolhedor para todos. A educação, a conscientização e a regulamentação adequada são pilares essenciais para enfrentar o ciberbullying e mitigar seus efeitos nefastos na saúde mental e no bem-estar das vítimas.