A Disfunção Erétil (DE) é uma disfunção da excitação sexual masculina, que pode ser definida como uma incapacidade para obter e/ou manter uma ereção com a rigidez suficiente para a penetração e obtenção de uma resposta e/ou relação sexual satisfatória.
Esta disfunção sexual pode ter diferentes manifestações, já que em alguns homens sempre existiu dificuldade em obter ereções desde as primeiras experiências sexuais, enquanto que outros têm dificuldade em manter a ereção durante a penetração, mas não em obtê-la, outros só conseguem a ereção através da masturbação, e outros ainda perdem a tumescência ou rigidez durante os movimentos da penetração.
Apesar das diferentes formas de se manifestar, a disfunção erétil acaba por ter um grande impacto no bem-estar do homem e do casal, tendo por consequência sintomatologia ansiosa, depressão, baixa autoestima e autoconfiança, medo de rejeição que acontecem devido ao medo do fracasso na relação sexual.
Embora a sua prevalência varie consideravelmente, estima-se que atinja cerca de 10% da população geral, afetando mais os homens a partir dos 40 anos de idade. Os dados apontam para prevalências acima dos 30% em homens a partir dos 80 anos de idade, também devido a outras complicações de saúde, tais como a existência de diabetes, hipertensão, problemas prostáticos, depressão, etc.
Etiologia da Disfunção Erétil
A Disfunção Erétil pode ser causada por fatores psicológicos, por fatores orgânicos ou por ambos, sendo mais comuns os fatores orgânicos, sobretudo em homens a partir da meia-idade. Assim, dentro das causas orgânicas da disfunção erétil, destacam-se as doenças de foro vascular e cardiovascular, doenças endócrinas (p.ex., diabetes), doenças neurológicas (p.ex. AVC), doenças metabólicas, insuficiência renal ou hepática, doenças do pénis (p.ex, doença de Peyronie) e iatrogenia cirúrgica ou medicamentosa. Apesar de serem muito variadas, as causas orgânicas relacionadas com patologia vascular como a diabetes, a hipertensão e a arteriosclerose constituem a primeira causa de DE em homens com mais de 50 anos de idade.
Por outro lado, os fatores psicológicos isolados aparecem sobretudo em homens mais jovens, abaixo dos 35 anos de idade, e o mais comum é haver uma etiologia mista – fatores psicológicos e orgânicos.
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Causas Psicológicas da Disfunção Erétil
Mesmo quando a etiologia da disfunção erétil é orgânica, é inevitável o surgimento de consequências a nível psicológico e relacional, que se justificam pelo grande impacto que esta disfunção sexual em particular assume, ao afetar o desempenho sexual masculino no seu ponto fulcral: a ereção, vista como sinónimo de masculinidade e virilidade.
É por vivermos numa sociedade marcada por um duplo padrão sexual, no qual se esperam comportamentos e atitudes distintos em relação aos papeis de género masculino e feminino, ao mesmo tempo que nos deparamos com estereótipos de género altamente correlacionados à performance sexual masculina, que os homens se sentem muitas vezes pressionados para ter um desempenho sexual notável. As expectativas socioculturais exigentes em relação à masculinidade, que assumem implicitamente que os homens devem estar sempre prontos e com desejo sexual, bem como a desvalorização dos aspetos afetivos na vivência da sexualidade masculina também contribuem para o fator que se segue – a ansiedade de desempenho.
Assim, não é de estranhar que as principais dificuldades sexuais no sexo masculino tenham a ver ou com a ereção, ou com a ejaculação, dois mecanismos da resposta sexual indubitavelmente ligados ao desempenho. Isto significa que a ansiedade de performance sexual é uma das principais causas psicológicas da disfunção erétil, sendo também um dos principais fatores para a sua manutenção, que importa avaliar e tratar em consulta de psicologia ou sexologia clínica. Dentro da ansiedade de desempenho inclui-se naturalmente o medo de falhar, de não corresponder às expectativas do/a parceiro/a, ao medo de perder o controlo ou ainda ao medo de contrair uma doença.
Ao estar focado na sua performance, o homem perde o foco da relação sexual ou do/a parceiro/a, estando menos recetivo às sensações de prazer e menos capaz de abandonar a postura de controlo, o que impede a ereção.
A ansiedade de desempenho inibe a ereção devido à ativação dos centro medulares sagrados que inibem diretamente a ereção reflexa, bem como aumenta o tónus simpático, dificultando o relaxamento do músculo liso cavernoso necessário para a ereção.
Porém, a ansiedade poderá não estar circunscrita ao desempenho e alastrar-se às questões relativas à imagem corporal (se o homem se sente insatisfeito com a sua aparência corporal) ou a questões relacionadas com outros fatores causadores de stress, sejam eles a nível relacional, laboral, financeiro ou outros.
Nomeadamente, os conflitos a nível conjugal, bem como problemas sexuais do/a parceiro/a desempenham um grande papel na etiologia psicológica da disfunção erétil, ou ainda o facto do/a parceiro/a ou o próprio sofrer de doença crónica ou ter sido submetido a determinadas intervenções cirúrgicas, o que pode contribuir para a deserotização da relação, pelas questões ligadas à prestação de cuidados.
Há ainda outros fatores que poderão intervir no surgimento e/ou manutenção da disfunção erétil, nomeadamente a depressão (que por si só diminui a líbido, bem como alguns medicamentos antidepressivos) ou o trauma psicológico relacionado a fatores do desenvolvimento psicossexual (medo da sexualidade ou da intimidade, ou ainda questões ligadas à aceitação da orientação sexual e/ou da identidade de género), sobretudo do trauma ligado à vivência de situações precoces de abuso sexual.
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Por outro lado, a falta de educação sexual ou a existência de mitos ou crenças erradas acerca da sexualidade, da fisiologia ou mesmo da anatomia dos genitais, podem também ser causadores ou fatores de manutenção da disfunção erétil. Mais concretamente, crenças irrealistas sobre as práticas sexuais, sobre a resposta sexual e a frequência de relações sexuais, entre outras, são comumente observadas nos homens que procuram tratamento e interferem negativamente, ao aumentarem a ansiedade de desempenho. Por exemplo, se o homem acredita que nunca pode falhar, ou que o tamanho do pénis influencia o prazer sexual.
Outra causa psicológica da disfunção erétil, também relacionada com a educação sexual recebida, pode ser a existência de sentimentos de culpa, relativos à perceção do desejo sexual como inapropriado, impuro ou vergonhoso, o que também contribui para o aumento da ansiedade na vivência da sexualidade.
Podem ainda ser causa da disfunção erétil questões relacionadas com a natureza da estimulação sexual ou fatores relacionais ligados à falta de atração ou habituação ao/à parceiro/a, ou mesmo a existência de conflitos no casal.
Tratamento da Disfunção Erétil
Para o tratamento eficaz da disfunção erétil importa que o diagnóstico seja o mais precoce possível, a partir da consulta de urologia, andrologia ou de sexologia clínica.
Dependendo da etiologia da disfunção erétil, os tratamentos podem ir desde a medicação, a injeções ou mesmo colocação de próteses penianas.
Porém, é importante sublinhar que a disfunção erétil tem habitualmente um enorme impacto psicológico e na dinâmica do casal, pelo que independentemente da sua etiologia ser ou não orgânica, o tratamento deverá também passar pelo aconselhamento e/ou terapia sexual e pela psicoterapia, para trabalhar as questões relativas à ansiedade e outras dificuldades emocionais, relacionais e de educação sexual acerca da anatomofisiologia e resposta sexual, atitudes face à sexualidade ou ainda as questões relativas às expectativas socioculturais acerca da masculinidade e virilidade.
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