O envelhecimento deve ser entendido como um processo natural da vida que traz consigo algumas alterações no organismo, consideradas normais para esta fase. Envelhecemos desde o momento em que nascemos, ou seja, o envelhecimento ocorre logo após o nascimento.
O termo velhice pode ser considerado o último ciclo da vida, que independentemente de condições de saúde e hábitos de vida, é individual, e que pode vir acompanhado com perdas psicomotoras, sociais, culturais entre outras; já outros acreditam que a velhice é uma experiência subjetiva e cronológica. A velhice também é vista como uma construção social que cria diversas formas diferentes de se entender o mesmo fenómeno, dependendo de cada cultura.
No entanto, o envelhecimento deve trazer consigo um aumento de cuidados de saúde, promovendo uma maior qualidade de vida.
A sexualidade é parte integrante do ser humano e tendo em conta o aumento da esperança média de vida e o envelhecimento progressivo da população, a abordagem da sexualidade na terceira idade é fundamental.
Mitos e barreiras associados ao envelhecimento
Existem diversos mitos associados ao envelhecimento que não têm qualquer fundamento científico e que, por isso, é necessário desmistificar e eliminar, nomeadamente:
- O idoso não está interessado em sexo;
- As alterações hormonais que ocorrem durante e após a menopausa tornam a atividade sexual desconfortável na mulher;
- Para ter uma vida sexual completa tem que haver coito/penetração.
Por outro lado, existem várias barreiras à expressão e/ou vivência da sexualidade, muitas delas comuns a todas as idades, como, por exemplo:
- Mudanças Fisiológicas;
- Falta de Privacidade (o facto das pessoas viverem em Lares de Idosos ou Unidades de Cuidados Continuados);
- Doença (doença cardiovascular, artrite, artrose…) ou disfunções sexuais (como disfunção erétil ou Perturbação do Desejo Sexual);
- Falta de parceiro sexual;
- Não se sentir atraente;
- Preconceitos sociais e mitos.
Dificuldades / problemas Sexuais
No âmbito da sexualidade as questões/dificuldades mais comuns na mulher são:
- Dor na penetração;
- Diminuição da lubrificação vaginal;
- Diminuição/ Falta do desejo sexual;
- Ausência de orgasmo;
- Vergonha do corpo envelhecido.
Por sua vez, no homem, os problemas sexuais mais comuns são:
- Diminuição do desejo sexual;
- Menor rigidez na ereção ou ausência de ereção (disfunção erétil);
- Ejaculação precoce / diminuição da força da ejaculação / ausência de ejaculação (disfunção ejaculatória);
- Medo de falhar na relação sexual.
Os problemas sexuais ou as alterações sexuais podem ser um indicador de uma doença ou um efeito secundário de um medicamento. Por isso, é fundamental o estudo das diferentes causas que poderão estar na origem da dificuldade sexual.
Dicas para melhor viver a sexualidade na 3ª idade
A sexualidade faz parte do ser humano e acontece ao longo de todo o nosso ciclo de vida, por isso, independentemente da idade e do género devemos ter atenção a algumas dicas e aspetos que podem alterar e melhorar a vivência da nossa sexualidade, a saber:
- É essencial a comunicação e a compreensão das limitações e dificuldades mútuas;
- Aceite as limitações e aproveite as funções que permanecem;
- Minimize os efeitos da dor:
- Use lubrificantes;
- Escolha as posições sexuais mais confortáveis.
- Explore outras formas de sexualidade:
- Abraço, carícia, beijo…;
- Estimulação genital manual;
- Fantasias sexuais;
- Massagem.
- Use o preservativo em relações casuais para prevenir infeções sexualmente transmissíveis:
- O número de infeções sexualmente transmissíveis (por exemplo, a SIDA, a sífilis e a gonorreia) nos idosos tem aumentado significativamente. Pode por exemplo utilizar o preservativo feminino/interno.
É importante que a população idosa esteja sensibilizada para estas questões e focada numa vivência mais plena da sua sexualidade. É fundamental que partilhe os seus problemas/dificuldades com o seu médico de família ou com um sexólogo ou terapeuta sexual, para que possa viver a sua sexualidade de uma forma mais saudável e satisfatória.