A estenose carotídea ou estenose da carótida é uma doença que ocorre quando as artérias carótidas, se tornam estreitas, têm um aperto ou ficam obstruídas. Por norma, as artérias tornam-se obstruídas por placas de aterosclerose, impedindo o normal fluxo sanguíneo (passagem do sangue através das artérias).
A estenose carotídea aumenta o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico. O AVC isquémico ocorre quando o fluxo de sangue para o cérebro diminui.
Classificação da estenose carotídea
O ser humano tem duas artérias carótidas comuns (direita e esquerda). Estas artérias localizam-se no pescoço, fora do crânio e fornecem sangue ao cérebro.
As artérias carótidas comuns dividem-se em dois ramos carótida interna e carótida externa (ver imagens). O segmento onde a artéria carótida comum se divide para originar as artérias carótidas interna e externa denomina-se por bifurcação carotídea. Este é o local onde mais frequentemente se localiza a estenose carotídea (o aperto). Denomina-se por estenose na bifurcação carotídea e como se localiza fora do crânio é referida por estenose carotídea extracraniana.
Quando o aperto ocorre em ambas as bifurcações carotídeas (direita e esquerda) designa-se estenose carotídea bilateral.
A estenose carotídea é classificada e quantificada de acordo com o grau de obstrução ou aperto. Assim, podemos classificar em vários graus a estenose carotídea:
- Estenose carotídea superior a 70%;
- Estenose carotídea de 50-69%;
- Estenose carotídea inferior a 50%.
As estenoses inferiores a 50% não são clinicamente relevantes.
As estenoses carotídeas podem estar associadas a sintomas (ver em baixo). Deste modo as estenoses carotídeas podem também ser classificadas em estenoses carotídeas sintomáticas (se apresentam sintomas) ou assintomáticas (quando não apresentam sintomas).
As estenoses carotídeas superiores a 70% sintomáticas são as que possuem maior risco de AVC. Neste caso o doente deverá ser proposto para cirurgia (endarteriectomia), para remoção do aperto e assim reduzir o risco de AVC (ver tratamento).
Causas da estenose carotídea
Os fatores de risco para o surgimento das placas de aterosclerose são:
- Hipertensão arterial (tensão alta);
- Hábitos tabágicos (ser fumador);
- Níveis elevados de colesterol (elevados níveis de gordura no sangue);
- Idade (o risco de aterosclerose aumenta com a idade);
- Diabetes.
Sinais e sintomas da estenose carotídea
Na fase inicial a estenose carotídea não apresenta qualquer sinal ou sintoma. É uma estenose carotídea assintomática. Alguns doentes vivem assim toda a sua vida.
Por vezes, a estenose carotídea só é diagnosticada quando causa sintomas, o AVC ou o ataque isquémico transitório (AIT). O AIT é semelhante a um AVC, mas tem uma duração temporal inferior (menos de 24 horas).
Os sintomas do AVC / AIT são:
- Diminuição da acuidade visual (perda de visão, visão turva ou fraca, cegueira);
- Fraqueza, dormência ou formigamento na face, membro superior (braço), membro inferior (perna) ou um lado do corpo;
- Dificuldade em falar ou compreender o que se diz;
- Desequilíbrio (perdas no equilíbrio, tonturas);
- Perda de consciência;
- Náuseas ou vómitos;
- Confusão súbita ou perda de memória.
É muito importante perceber se todos estes sintomas surgem de forma súbita (“de repente”).
Diagnóstico da estenose carotídea
Para realizar o diagnóstico de estenose carotídea é fundamental a realização de uma história clínica (perguntas sobre as queixas do doente) e do exame objetivo (exame físico).
O diagnóstico de estenose carotídea é confirmado por eco-Doppler. O eco-Doppler é um exame semelhante à ecografia. O médico radiologista ou cirurgião vascular coloca uma sonda (dispositivo) no pescoço do doente, o que permite observar as artérias carótidas e identificar o aperto.
Saiba, aqui, tudo sobre eco-Doppler.
Além do eco-Doppler, outros exames, como o AngioTC também permitem estudar as carótidas. O AngioTC é semelhante à Tomografia Computorizada (TC ou TAC), mas neste caso é injetado um líquido nos vasos do doente que permite examinar o fluxo nas artérias do pescoço.
Saiba, aqui, tudo sobre AngioTC.
As análises permitem detetar os fatores de risco para placas de aterosclerose (diabetes, colesterol), porém não permitem fazer o diagnóstico de estenose carotídea.
Complicações da estenose carotídea
A estenose carotídea não tratada provoca cerca de 10-20% dos Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). Esta doença quando não tratada tem consequências graves e sérios riscos para a saúde do doente.
O AVC é uma emergência médica que pode deixar danos irreversíveis. Em alguns casos o AVC é muito grave, podendo ser fatal (risco de morte).
Estenose carotídea tem cura?
A doença aterosclerótica não tem cura, todavia existem tratamentos que a controlam, conforme veremos de seguida.
Tratamento da estenose carotídea
O objetivo no tratamento de estenose da carótida é prevenir um AVC. As opções terapêuticas dependem do grau de obstrução das artérias carótidas e da existência de sintomas.
Assim, o médico pode recomendar algumas mudanças no estilo de vida a fim de retardar a aterosclerose, a saber:
- Parar de fumar;
- Perder peso;
- Fazer uma alimentação saudável;
- Reduzir o sal na alimentação;
- Não levar uma vida sedentária.
Além disso, poderão ser prescritos alguns medicamentos (ou remédios) de toma oral (comprimidos) para controlar a pressão arterial e manter o colesterol mais baixo. Também podem ser ministrados medicamentos antiagregantes para evitar que a placa de aterosclerose forme coágulos sanguíneos que possam ir para o cérebro.
Cirurgia da estenose carotídea
O médico cirurgião vascular (especialista em cirurgia vascular) também pode recomendar a realização de cirurgia (operação) em alguns casos.
A indicação para a cirurgia depende do grau de aperto, dos sintomas e do tipo de doente. O médico após avaliação cuidada em consulta e caracterização da estenose (ver diagnóstico) é que deve decidir qual é o melhor tipo de tratamento.
O tratamento cirúrgico recomendado chama-se endarteriectomia carotídea e consiste em remover a placa de aterosclerose.
Outro tipo de tratamento cirúrgico é a angioplastia carotídea com implante de stent. Esta intervenção é minimamente invasiva, mas o risco da intervenção é superior ao da endarteriectomia não sendo atualmente considerado o tratamento de primeira linha.