O carcinoma espinocelular (CEC) é o segundo cancro de pele mais comum. Este cancro de pele origina-se, geralmente, a partir das células escamosas que estão presentes na epiderme (camada mais superficial da pele).
Estes tipos de carcinomas desenvolvem-se, habitualmente, nas áreas da pele mais expostas ao sol, como a cabeça, braços ou pernas, no entanto, também se podem desenvolver em áreas como a região genital ou ânus. Existem outros carcinomas espinocelulares que podem localizar-se na boca, garganta, esófago ou pulmão que contêm células escamosas na sua composição.
Os carcinomas espinocelulares podem metastisar (espalhar-se) para os tecidos, ossos ou gânglios linfáticos próximos. Quando o tratamento não é instituído atempadamente e os tumores aumentam de tamanho e metastisam para outras partes do corpo, há uma grande probabilidade de desenvolvimento de complicações graves com danos irreversíveis em vários órgãos. No entanto, quando os tumores são detetados nos estágios iniciais, são facilmente tratados e apresentam um prognóstico favorável.
A adoção de determinados comportamentos como evitar a exposição solar indevida ou fazer solário, pode ajudar a prevenir o desenvolvimento destes carcinomas, como veremos mais à frente neste artigo.
Sinais e sintomas de um carcinoma espinocelular
Um carcinoma espinocelular desenvolve-se lentamente e pode apresentar diferentes aspetos. É extremamente importante examinar a pele regularmente na procura de alguns sinais e sintomas que se vão desenvolvendo, a saber:
- Uma mancha vermelha e escamosa de pele áspera e dura;
- Surgimento de uma pequena protuberância parecida com uma verruga;
- Hemorragia, sangramento fácil;
- Prurido (comichão);
- Outros.
Uma biópsia de pele ou após a exérese do carcinoma é possível através da histologia efetuada em laboratório de anatomia patológica, identificar qual o tipo de carcinoma espinocelular presente, a saber:
- Carcinoma espinocelular pouco diferenciado: Lesão que cresce e alastra rapidamente;
- Carcinoma espinocelular bem diferenciado: tipo de tumor menos agressivo em que as células afetadas são muito parecidas com células normais da pele.
Causas de um carcinoma espinocelular
O carcinoma espinocelular ocorre quando as células escamosas nas camadas média e externa da pele desenvolvem mutações no seu ADN. Este ADN alterado dá instruções às células escamosas para crescer e multiplicar-se rapidamente e para continuar a viver em vez de morrer (morte celular) como ocorre nas células normais.
Estas mutações do ADN podem afetar vários tipos de células na composição da epiderme, dando origem a outros tipos de carcinomas, como é o caso dos carcinomas basocelulares, onde a mutação ocorre nas células basais.
Saiba, aqui, tudo sobre carcinoma basocelular.
A maioria destas mutações de ADN nas células da pele são causadas pela radiação ultravioleta (UV) emitida pela luz solar e em lâmpadas dos solários (veja mais informação em prevenção do carcinoma espinocelular). No entanto, exposição ao sol não explica os cancros que se desenvolvem na pele não exposta a estas radiações, o que significa que outros fatores podem contribuir para o desenvolvimento destes carcinomas.
Fatores de risco do carcinoma espinocelular
A mutação do ADN causadora do carcinoma espinocelular pode ser provocada por vários fatores, tais como:
- Exposição prolongada ao sol e queimaduras solares. Uma exposição a radiação UV (ultravioleta) durante muito tempo e a horas de maior intensidade provocam os chamados “escaldões” na pele, aumentando o risco de desenvolvimento de carcinomas espinocelulares;
- Pele clara. Pessoas com um tom de pele mais claro têm um maior risco de desenvolver algum tipo de cancro na pele, incluindo os carcinomas espinocelulares.
- Hereditariedade (genética). Ter familiares com uma história clínica de qualquer tipo de cancro na pele, aumenta o risco de desenvolvimento desta patologia.
- Doenças que afetam o sistema imunitário. Ter um sistema imunitário enfraquecido devido a patologias subjacentes (leucemia, HPV, HIV, etc.) aumenta o risco de desenvolvimento de carcinomas espinocelulares.
- Outros.
Diagnóstico do carcinoma espinocelular
O diagnóstico do carcinoma espinocelular é realizado por um dermatologista (especialista em dermatologia) através da história clínica do doente e do exame físico.
No diagnóstico do carcinoma espinocelular, o exame físico consiste na examinação das zonas da pele onde existem suspeitas deste tumor. A dermatoscopia é um exame efetuado pelo médico dermatologista que possui uma elevada acuidade no diagnóstico destes tipos de tumores.
Outros meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT) podem ser recomendados de modo a diagnosticar conclusivamente o carcinoma espinocelular. O meio mais frequente é a biópsia da pele, que consiste na extração de uma amostra do tumor, sendo esta enviada para análise no laboratório de anatomia patológica. Esta análise da amostra permite avaliar se o tumor existente é benigno ou maligno.
Complicações de um carcinoma espinocelular
Um carcinoma espinocelular quando não tratado atempadamente pode provocar metástases (espalhar para outras partes do corpo) o que aumenta exponencialmente a probabilidade de desenvolvimento de complicações, tais como:
- Danos irreversíveis em alguns órgãos;
- Aumento do risco de recorrência do carcinoma;
- Morte. Em alguns casos, especialmente em pessoas com sistemas imunitários enfraquecidos, o carcinoma espinocelular pode ser fatal e levar à morte do doente;
- Entre outros.
O carcinoma espinocelular tem cura?
Como referido anteriormente, a maioria dos casos de carcinomas espinocelulares não são graves e apresentam um prognóstico favorável quando o diagnóstico é realizado nos estágios iniciais da doença.
No entanto, na existência de metástases ou outras complicações, o controlo da doença é mais complexo. Assim, é extremamente importante efetuar o diagnóstico atempadamente e instituir um tratamento adequado, de modo a evitar a metastização e consequências relacionadas.
Tratamento do carcinoma espinocelular
O objetivo do tratamento do carcinoma espinocelular é remover completamente as células cancerígenas. A remoção destas células pode ser realizada através de vários métodos, a saber:
Cirurgia (excisão cirúrgica)
A excisão cirúrgica é uma operação através da qual o médico dermatologista remove todas as células cancerígenas com uma margem de pele saudável. O tumor e a margem de pele saudável é enviada para o laboratório de anatomia patológica, para ser analisada, de modo a verificar se todas as células anormais foram eliminadas.
Terapia a laser
A remoção do carcinoma por terapia a laser consiste na eliminação do tumor através de um feixe de luz intenso. Este método é frequentemente recomendado em casos de lesões cutâneas superficiais e percursoras, chamadas as queratoses actínicas.
Cirurgia de Mohs
A cirurgia de Mohs consiste na remoção do carcinoma por camadas, posteriormente analisadas, até que já não existam células cancerígenas. Este método é frequentemente recomendado em casos onde o tumor tem um grande risco de recorrência ou se estiver localizado em locais mais sensíveis como o rosto (ex.: nariz, lábios, língua, etc.).
Crioterapia
A crioterapia consiste no congelamento das células anormais do carcinoma com nitrogénio líquido. À semelhança da terapia laser, este tratamento é reservado para formas percursoras (queratoses actínicas).
Curetagem e eletrodisseção
O método de curetagem e eletrodisseção permite remover a superfície do tumor e cauterizar (queimar) a base e zonas mais profundas do carcinoma com uma agulha elétrica.
À semelhança da crioterapia deverá ser utilizado apenas nas lesões percursoras (queratoses actínicas).
Radioterapia
A radioterapia permite eliminar células cancerígenas através de feixes de alta energia. A radioterapia pode ser recomendada quando existe um risco elevado de recorrência do carcinoma espinocelular ou quando a abordagem cirúrgica não é possível.
Outros tratamentos
Em casos mais graves, quando o cancro metastisa para outras partes do organismo, o tratamento é mais complexo e visa controlar a progressão da doença, através de métodos como:
- Imunoterapia - A imunoterapia é um tratamento medicamentoso que ajuda o sistema imunitário a combater o cancro. O sistema imunitário não ataca o carcinoma porque as células cancerígenas produzem as mesmas proteínas que as células saudáveis, confundindo o organismo e impedindo o combate às células malignas. A imunoterapia interfere nesse processo através de medicamentos (remédios) que ajudam o organismo a combater as células cancerígenas;
- Quimioterapia - A quimioterapia provoca a morte das células cancerígenas através de compostos químicos muito fortes;
- Outros.
Prevenção do carcinoma espinocelular
A prevenção do carcinoma espinocelular prende-se com a adoção de determinados comportamentos, de modo a evitar o desenvolvimento destes tumores, designadamente:
- Evitar a exposição solar na praia ou fora dela, durante as horas mais fortes em radiações ultravioleta (entre as 10 horas da manhã e as 16 horas da tarde);
- Usar protetor solar com um FPS (fator de proteção solar) elevado durante todo o ano, seja na praia ou mesmo fora deste ambiente;
- Evitar fazer solário;
- Examinar a pele regularmente, incluindo a zona das nádegas, genitais e couro cabeludo;
- Usar roupas que cubram as áreas expostas da pele;
- Etc.