Queimaduras na pele

Uma queimadura ocorre quando o calor, produtos químicos, luz solar, eletricidade ou radiação danifica o tecido da pele.

Estas lesões, na sua grande maioria, são leves, contudo, em certos casos, são emergências que necessitam de tratamento imediato, colocando, em alguns casos, o doente em risco de vida.

O tratamento das queimaduras depende da localização e da gravidade dos danos provocados na pele. Veja mais informação, de seguida, em “Níveis e tipos de queimaduras”.

Queimaduras solares ou outras pequenas lesões podem, geralmente, ser tratadas em casa. Por sua vez, queimaduras profundas ou generalizadas precisam de atenção médica urgente.

Níveis e tipos de queimaduras

Existem três tipos principais de queimaduras: primeiro, segundo e terceiro grau. Cada grau é baseado na gravidade dos danos causados na pele, sendo o primeiro grau o menor e mais leve e o terceiro o mais grave, a saber:

1. Queimadura de primeiro grau

Queimaduras de primeiro grau causam danos mínimos na pele. Elas também são chamadas de "queimaduras superficiais" porque afetam a camada mais externa da pele.

Como este tipo de queimadura afeta apenas a camada superior da pele, os sinais e sintomas destas lesões desaparecem quando as células da pele mortas são substituídas na superfície, e a pele cicatriza. Queimaduras de primeiro grau, geralmente, cicatrizam entre 7 e 10 dias sem deixarem marcas (cicatrizes).

Queimaduras de primeiro grau são geralmente tratadas em casa, através da adoção de algumas medidas, a saber:

• Molhar a ferida em água fria durante cinco minutos ou mais. Não deve usar gelo, pois pode piorar os danos;

• Em caso de feridas muito dolorosas, tomar paracetamol ou ibuprofeno para aliviar a dor;

• Aplicação de lidocaína (um analgésico) para acalmar a pele;

• Pode ser usada uma pomada com antibiótico e gaze solta para proteger a área afetada e evitar infeções;

• Entre outros.

Além destes comportamentos, é importante realçar que a automedicação é extremamente desaconselhável, portanto deve evitar remédios “naturais” como aplicação de manteiga ou outros produtos “caseiros”, sob pena de agravar o estado das

queimaduras e de desenvolvimento de infeções.

2. Queimadura de segundo grau

Queimaduras de segundo grau são mais graves porque o dano estende-se para além da camada superior da pele.

Este tipo de queimadura faz com que a pele desenvolva uma bolha que pode tornar-se extremamente vermelha e dolorosa.

Algumas bolhas podem abrir, dando à queimadura uma aparência húmida. No entanto, com o tempo, o tecido espesso e macio, chamado exsudato fibrinoso, pode desenvolver-se sobre a lesão, como uma espécie de membrana.

Devido à natureza delicada destas feridas, é necessário manter a área limpa para evitar o desenvolvimento de infeção, além de ajudar a cicatrizar a queimadura mais rapidamente.

Algumas queimaduras de segundo grau levam mais de três semanas a cicatrizar, mas a maioria cicatriza dentro de duas a três semanas sem cicatrizes, contudo, podem criar algumas alterações na pigmentação da pele.

Nunca se deve tratar queimaduras de segundo grau em casa. Neste tipo de queimaduras é necessário procurar aconselhamento médico, pois é necessária a prescrição de certos analgésicos, cremes antibióticos, entre outros, para tratar estas lesões eficazmente, como veremos mais tarde, neste artigo.

3. Queimadura de terceiro grau

Excluindo as queimaduras de quarto grau, as queimaduras de terceiro grau são as mais graves. São as lesões que causam mais danos, estendendo-se por todas as camadas da pele.
As queimaduras de terceiro grau, geralmente, são as mais dolorosas. No entanto, com este tipo de queimadura o dano é tão extenso que pode não ocorrer qualquer dor, devido a possíveis danos nos nervos.

Sem cirurgia, estas lesões deixam cicatrizes e alterações graves na pele.

Nunca se deve tratar queimaduras de terceiro grau em casa. Este tipo de lesão requer tratamento hospitalar, imediato. Em Portugal, deve ligar o número de emergência 112 e obter ajuda emergente.

Sinais e sintomas das queimaduras na pele

Os sinais e sintomas das queimaduras variam de acordo com a profundidade dos danos na pele e o tipo de queimadura presente, a saber:

• Vermelhidão e dor;
• Edema (inchaço);
• Pele branca ou com manchas;
• Bolhas;
• Escamação da pele;
• Áreas queimadas pretas ou castanhas;
• Cicatrizes (casos graves);
• Dormência (casos graves);
• Entre outros.

Causas das queimaduras na pele

As queimaduras podem ser originadas em inúmeras situações, por diversos objetos ou materiais, tais como:

• Fogo como fósforos ou velas;
• Líquido quente (ex.: cera quente) ou vapor;
• Metais quentes, vidro ou outros objetos;
• Correntes elétricas;
• Radiação, como a de raios-X;
• Luz solar ou outras fontes de radiação ultravioleta, como o solário;
• Produtos químicos como ácidos fortes, lixívia, diluente ou gasolina;
• Entre muitos outros.

Diagnóstico das queimaduras na pele

O diagnóstico das queimaduras na pele é realizado por um médico dermatologista (especialista em dermatologia) que examina as lesões, de modo a avaliar a gravidade e grau das mesmas.

Após avaliação, o especialista pode tratar localmente as queimaduras mais superficiais ou recomendar que o doente seja transferido para um centro especializado em tratamento de queimaduras nos casos mais graves.

Complicações das queimaduras na pele

Em comparação com as queimaduras de primeiro e segundo grau, as queimaduras de terceiro grau são as que apresentam um maior risco de complicações, como infeções. Ao mesmo tempo, todas as queimaduras possuem um risco de infeções associado porque os microrganismos (como bactérias) podem penetrar na pele.

Por isso, é importante tratar estas lesões, independentemente do grau, de modo a evitar possíveis consequências, tais como:

• Infeção bacteriana, que pode levar em casos extremos a uma infeção na corrente sanguínea (sépsis);

• Perda de líquidos, incluindo baixo volume sanguíneo (hipovolemia);

• Baixa temperatura corporal (hipotermia);

• Problemas respiratórios devido à ingestão de ar quente ou fumo (normalmente em incêndios);

• Cicatrizes ou alterações na pele causadas por um crescimento excessivo de tecido cicatricial (queloides);

• Problemas ósseos e articulares, quando o tecido cicatricial provoca o encurtamento e aperto da pele, músculos ou tendões (contraturas);

• Entre outros.

As queimaduras na pele têm cura?

Quando tratadas de forma adequada e rápida, o prognóstico das queimaduras de primeiro e segundo grau é bastante favorável. Estas queimaduras raramente deixam cicatrizes, mas podem provocar uma mudança na pigmentação da pele que foi queimada.

No entanto, as pessoas que recuperam de queimaduras de terceiro grau precisam de fisioterapia e outras opções terapêuticas para manter a mobilidade e flexibilidade articular e melhorar a sua função.

Tratamento das queimaduras na pele

A maioria das queimaduras leves pode ser tratada em casa, como referido anteriormente. No entanto, para queimaduras graves, após a realização dos primeiros socorros e avaliação das lesões, o especialista pode recorrer a diversas opções terapêuticas.

Os objetivos do tratamento são as seguintes: controlar a dor, remover o tecido morto, prevenir a infeção, reduzir o risco de cicatrizes e outras complicações e recuperar a função de certos ossos, articulações e músculos.

Pessoas com queimaduras graves podem precisar de tratamento em centros de queimaduras especializados. Podem também precisar de enxertos de pele para cobrir grandes feridas e um grande apoio emocional, em conjunto com meses de acompanhamento, como fisioterapia.

Depois de ter recebido primeiros socorros para uma queimadura grave, o médico especialista pode prescrever alguma medicação para tratamento das lesões.

Para além disso, também pode recorrer a outras opções terapêuticas, com diversos objetivos, a saber:

• Fluídos intravenosos (IV) para evitar a desidratação e falência dos órgãos;

• Medicamentos (remédios) para a dor e controlo da ansiedade;

• Cremes e pomadas para cicatrização de feridas, como bacitracina e sulfadiazina de prata, de modo a prevenir a infeção;

• Curativos especiais e regulares para ajudar a lesão a cicatrizar;

• Fármacos que combatem a infeção, como antibióticos por via intravenosa (IV);

• Fisioterapia e terapia ocupacional;

• Entre outros.

Em casos muito graves, o paciente pode precisar de um ou mais procedimentos cirúrgicos, a saber:

• Assistência na respiração: Se o doente foi queimado no rosto ou pescoço, a garganta pode inchar e fechar, sendo necessário inserir um tubo na traqueia para manter o fluxo de oxigénio nos pulmões (traqueostomia);

• Tubo de alimentação: Pessoas com queimaduras graves ou que estão subnutridas podem precisar de suporte nutricional, sendo então inserido um tubo de alimentação através do nariz até ao estômago;

• Enxertos de pele: Um enxerto de pele é um procedimento cirúrgico em que secções da pele saudável do próprio paciente são usadas para substituir o tecido cicatricial causado por queimaduras profundas;

• Cirurgia plástica: A cirurgia plástica (reconstrução) pode melhorar a aparência das cicatrizes de queimaduras e aumentar a flexibilidade das articulações afetadas por cicatrizes;

• Entre outros.