O transplante capilar é uma cirurgia minimamente invasiva que visa a implantação de folículos pilosos (estruturas localizadas na pele e de onde nascem os cabelos ou pelos) nas áreas onde não existe cabelo ou onde existe uma menor densidade (vertex do couro cabeludo). Estes folículos são retirados das áreas onde existe cabelo, habitualmente da região da nuca e das partes laterais do couro cabeludo. Um transplante capilar é efetivamente uma cirurgia que permite transplantar o cabelo de uma área sem predisposição para calvície ou queda de cabelo, para a região afetada pela falta de cabelo.
Existem duas técnicas disponíveis para a realização do transplante capilar que descreveremos adiante e que se diferenciam na quantidade e forma como é recolhida a amostra de cabelo utilizada durante a implantação, no entanto, ambos visam restabelecer o crescimento natural do cabelo e de forma duradoura.
De um modo geral, quando os folículos são transferidos por transplante capilar, o cabelo volta a crescer na área recetora dos mesmos. As técnicas modernas têm permitido melhorar bastante a eficácia e os resultados do transplante capilar, apesar de existirem sempre alguns riscos associados ao procedimento. Veja mais informação em “resultados do transplante capilar”.
Nos casos em que o doente não possui folículos pilosos em quantidade e qualidade suficientes, pode ser efetuado um implante capilar. Veja mais informação em “transplante capilar vs implante capilar” para perceber a diferença entre estes dois métodos.
Quem é elegível para efetuar o transplante capilar?
Nem todas as pessoas possuem indicação para efetuar um transplante capilar. É necessário que exista sempre uma avaliação prévia por parte de um médico dermatologista (especialista em doenças do cabelo) para que seja efetuado o diagnóstico definitivo e excluir algumas patologias (doenças) que possuem contraindicação para o transplante capilar. Ou seja, o transplante capilar é apenas recomendado a doentes que reúnam as condições que permitam resultados duradouros. Algumas patologias podem comprometer os resultados esperados (veja contraindicações do transplante capilar).
De um modo geral, a opção de realizar a cirurgia de transplante capilar é recomendada a doentes com as seguintes patologias:
- Calvície masculina (ou alopecia androgenética);
- Calvície feminina (ou alopecia androgenética);
- Pessoas que perderam cabelo após uma queimadura ou ferimento no couro cabeludo;
- Outros.
Contraindicações para um transplante capilar
Como referido anteriormente, nem todos os candidatos são elegíveis para um transplante capilar devido à existência de patologias associadas que possam interferir com os resultados do procedimento, a saber:
- Mulheres com padrão generalizado de queda de cabelo, isto é, perda em todo o couro cabeludo;
- Alopecia areata grave (peladas do couro cabeludo);
- Indivíduos com poucas zonas de cabelo “doador”;
- Pessoas com grandes cicatrizes no couro cabeludo;
- Doentes cuja perda de cabelo é provocada por alguma medicação ou outro tipo de tratamento (ex.: quimioterapia);
- Entre outros.
Os doentes que padecem de algumas doenças crónicas como a diabetes, hipertensão, etc. podem ser submetidos ao procedimento. Contudo, deve existir sempre uma avaliação médica prévia.
Preparação para um transplante capilar
O pré-operatório ou preparação para o transplante capilar é, geralmente, simples e requer apenas umas análises ao sangue, como um hemograma, função renal, função hepática, estudo da coagulação e marcadores víricos (durante a pandemia é necessário realizar despiste da COVID). Não é necessário realizar jejum antes da realização da cirurgia.
Como é feito um transplante capilar?
O transplante capilar segue, geralmente, as seguintes etapas:
- Identificação das zonas doadoras (zona onde são retirados os folículos saudáveis) e zonas recetoras (zonas afetadas pela perda de cabelo e onde serão implantados os folículos pilosos saudáveis);
- Aplicação de anestesia local na área doadora;
- Extração das unidades foliculares que varia em quantidade, dependendo do utente e da técnica utilizada;
- Armazenamento das unidades foliculares numa solução apropriada;
- Preparação das unidades ao microscópio;
- Conservação dos folículos até à implantação nas zonas afetadas pela queda de cabelo.
Após a preparação anteriormente referida, o utente estará pronto para a implantação dos folículos pilosos na zona(s) recetora(s).
Existem duas técnicas principais (mais frequentes) utilizadas durante o transplante capilar a FUT (1) e a FUE (2).
1. FUT (Follicular Unit Transplantation)
No método FUT, a extração de unidades foliculares da zona doadora é feita através de uma incisão de vários centímetros. Esta incisão é realizada para retirar uma amostra do couro cabeludo que é depois dividida em pequenas secções (slivers) com cerca de 3 fios de cabelo, antes de serem implantadas na zona recetora.
Este método, geralmente, possui uma duração entre 5 a 6 horas.
2. FUE (Follicular Unit Extraction)
No transplante FUE, os folículos capilares são extraídos diretamente da zona doadora através de múltiplas pequenas incisões.
Após a extração, o cirurgião faz pequenos cortes com uma lâmina ou agulha na área recetora do couro cabeludo, através dos quais, são colocados os folículos saudáveis.
O transplante geralmente é realizado em uma, duas e raramente em três sessões de modo a preencher todas as zonas recetoras do couro cabeludo.
Este método é mais demorado (entre 6 a 10 horas) e depende da quantidade de unidades foliculares obtidas.
O procedimento também pode ser efetuado na barba e sobrancelhas tal como no couro cabeludo, usando as mesmas técnicas anteriormente descritas.
Quanto tempo demora um transplante capilar?
Como vimos anteriormente, a duração do procedimento depende da técnica utilizada.
Na técnica FUT o procedimento demora entre 5 a 6 horas e na técnica FUE entre 6 a 10 horas.
Trata-se de um procedimento minimamente invasivo realizado em ambulatório e sob anestesia local, onde os doentes no fim do transplante podem regressar a casa.
Um transplante capilar é doloroso?
O transplante é efetuado sob anestesia local, permitindo que o doente sinta o mínimo de dor durante e após o procedimento.
Pós-operatório no transplante capilar
Após o transplante, o couro cabeludo pode estar dorido e sensível e pode ser necessária a prescrição de alguns medicamentos (remédios), a saber:
- Analgésicos para aliviar a dor;
- Antibióticos para reduzir o risco de infeção;
- Medicamentos anti-inflamatórios para manter o edema (inchaço) do couro cabeludo controlado;
- Outros.
É normal que os folículos transplantados caiam duas ou três semanas após a cirurgia, de modo a “abrir caminho” para um novo crescimento do cabelo. Geralmente, o novo cabelo cresce entre 8 a 12 meses após a cirurgia.
A recuperação pode também ser acompanhada da aplicação tópica ou toma oral de Minoxidil, de modo a prevenir a queda de cabelo no futuro.
Eficácia / resultados do transplante capilar
Os resultados após o transplante capilar são “quase” definitivos, desde que se mantenha um acompanhamento e tratamento pós-operatório em consulta de dermatologia. É expectável que cresça um cabelo com aspeto natural e uniforme.
O sucesso do transplante, se efetuado por um médico qualificado e houver uma correta seleção do paciente, é muito elevado. A maioria dos casos de insucesso devem-se à realização do transplante em pacientes sem indicação. É importante compreender que o cabelo transplantado é mais “resistente” à queda, mas se não realizarem um tratamento dermatológico no pós-operatório poderá existir queda do cabelo adjacente não transplantado.
Veja fotos com o antes e depois de um caso clínico de transplante capilar.
As cicatrizes ficam visíveis após o transplante?
O processo de cicatrização fica completo ao fim de 3 a 4 dias e não fica visível qualquer cicatriz linear.
Complicações do transplante capilar
O transplante capilar é um procedimento seguro desde que seja realizado por técnicos experientes e sejam seguidas todas as recomendações de segurança.
As complicações e riscos associados ao transplante capilar são geralmente raros e de baixa gravidade. Entre as possíveis complicações podemos salientar:
- Hemorragias (“sangramentos”);
- Infeções no couro cabeludo;
- Efluvium telogénico (queda de cabelo por stress induzido pelo transplante);
- Dormência ou falta de sensibilidade nas áreas do procedimento;
- Prurido (comichão);
- Foliculite;
- Entre outras.
Saiba, aqui, o que é foliculite.
Quanto custa um transplante capilar?
O preço de um transplante capilar varia consoante a técnica ou método utilizado (FUT ou FUE).
A técnica FUE é mais demorada que a técnica FUT e tendencialmente mais cara. O custo associado também oscila de acordo com o grau de calvície do doente. O número de folículos pilosos transplantados também faz variar o preço da intervenção. Ou seja, a extração de por exemplo 1000 unidade folicular acarreta menos recursos do que a extração de 5000 unidades foliculares, implicando obviamente no custo do procedimento. Por isto, o custo real do transplante só pode ser estimado após a avaliação em consulta pelo cirurgião responsável pela operação.
Em Portugal, o valor de um transplante capilar em média pode oscilar entre os 3000 Euros e os 6000 euros. Note, no entanto, que este preço médio apresentado é uma mera estimativa de custos, já que este pode oscilar bastante conforme referido anteriormente.
O transplante capilar não é comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) nem pelos subsistemas do utente, como a ADSE, entre outros.
Transplante capilar VS implante capilar
O termo implante é usado quando alguns fios artificiais de cabelo são implantados. Como no transplante capilar os folículos são retirados da própria pessoa, o termo correto que deve ser usado é transplante capilar.
Na atualidade, existem alguns fios sintéticos que podem ser implantados, mas não existe obviamente crescimento natural do cabelo neste caso. No entanto, esta técnica pode ser usada em determinadas circunstâncias.