A azia é um sintoma provocado pela subida de substâncias ácidas do estômago em direção ao esófago (refluxo ácido). É, geralmente, descrito como uma dor ardente na parte inferior do peito, e que frequentemente piora depois de comer, à noite, ao deitar ou ao inclinar.
O refluxo ácido persistente, que ocorre mais de duas vezes por semana, é o que os especialistas designam por doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), que pode causar inúmeras complicações, como veremos mais tarde neste artigo.
A azia ocasional é comum e não é motivo de alarme. A maioria das pessoas consegue gerir o desconforto da azia com mudanças no estilo de vida, contudo, se for frequente ou interferir com a rotina diária, deve ser estudada de modo a evitar complicações, conforme discutiremos adiante.
Sinais e sintomas da azia
Como mencionado anteriormente, a azia dá uma sensação de ardor no peito. O esófago é o tubo de deglutição que começa na garganta, e desce até chegar ao estômago. A azia começa no esófago, mas a sensação irradia frequentemente através do peito e, por vezes, para a garganta. Trata-se de uma sensação de ardor que pode ser descrita numa escala de ligeira a grave.
A azia tem uma duração que pode ir desde alguns minutos a várias horas. Deve desaparecer quando a última refeição que comeu tiver sido completamente digerida pelo estômago. Geralmente, as refeições ricas em gorduras demoram mais tempo a serem digeridas no estômago.
Existem outros sintomas da azia?
Pode ser difícil distinguir entre azia e outros tipos de dor no peito. Se não houver certezas sobre o tipo de dor existente, é aconselhável procurar um médico. Pode ser útil concentrar-se noutros sinais e sintomas que possam acompanhar a dor. Estes sintomas podem ajudar a distinguir a azia de um enfarte do miocárdio ou de outras doenças do esófago.
Se a azia for causada por refluxo ácido, pode ser acompanhada pelos seguintes sinais e sintomas:
- Arrotos;
- Sabor azedo na boca;
- Boca seca;
- Náuseas;
- Vómitos.
Causas da azia
É comum as pessoas sentirem azia ocasionalmente e raramente é um motivo de preocupação significativo.
A azia ocorre quando o ácido gástrico se acumula no tubo que transporta os alimentos da boca para o estômago (esófago).
Normalmente, quando a comida é ingerida, uma camada de músculo à volta do fundo do esófago (esfíncter esofágico inferior) relaxa para permitir que a comida e o líquido desçam para o estômago. De seguida, o músculo volta a apertar.
Se o esfíncter esofágico inferior não estiver a funcionar corretamente, o ácido do estômago pode voltar a subir para o esófago (refluxo ácido) e causar azia. O refluxo ácido pode ser pior quando se está curvado ou deitado.
Diversos fatores podem provocar alterações no esfíncter esofágico inferior (enfraquecer ou relaxar demasiado), a saber:
- Inalar fumo;
- Tensão abdominal adicional devido ao peso corporal (obesidade), roupa apertada ou gravidez;
- Uma refeição que distende o estômago e permanece no mesmo durante mais tempo;
- Indigestão e gases, quando as bolhas de gás sobem pelo trato gastrointestinal;
- Deitar-se demasiado cedo depois de uma refeição;
- Ingestão de certos alimentos, incluindo café, chocolate, citrinos, hortelã e molho de tomate;
Diagnóstico de azia
O diagnóstico da azia é realizado, geralmente, por um médico gastroenterologista (especialista em gastroenterologia) de modo a verificar se o sintoma poderá ser o resultado da patologia DRGE (doença do refluxo gastroesofágico). Este diagnóstico é feito através da história clínica do doente, em conjunto com algum dos seguintes meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT):
- Endoscopia para visualizar o esófago com uma pequena câmara e verificar se existem irregularidades. Pode ser recolhida uma amostra de tecido (biópsia) para análise;
- Testes ambulatórios de sonda de ácido, para identificar quando e durante quanto tempo o ácido do estômago volta para o esófago (manometria com phmetria).
Saiba, aqui, o que é endoscipia digestiva.
Complicações da azia
Como referido anteriormente, a azia que ocorre frequentemente e interfere com a rotina do quotidiano pode ser considerada a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
Esta patologia pode exigir um tratamento medicamentoso mais específico.
Quando não tratada, a DRGE pode levar a problemas de saúde adicionais, como uma inflamação do esôfago, que é chamada de esofagite, problemas nos dentes ou esófago de Barrett (pode acarretar risco de cancro do esófago no futuro).
A azia tem cura?
A azia ocasional é desconfortável, mas não causa nenhum dano real. Alguma quantidade de refluxo ácido é normal, e a maioria das pessoas nem sequer se apercebe do mesmo ou o sente.
Contudo, quando o revestimento do esófago é constantemente ferido pelo refluxo ácido, a azia pode tornar-se grave e necessitar de tratamento, de modo a controlar a subida constante e excessiva do ácido gástrico.
Dito isto, é extremamente importante procurar aconselhamento médico de modo a tratar atempadamente a doença e evitar as complicações.
Tratamento da azia
Existem vários medicamentos (remédios) que permitem aliviar o desconforto provocado pela azia, tais como:
- Antiácidos: medicamentos de venda livre que ajudam a aliviar a azia ligeira;
- Inibidores da bomba de protões (PPIs): fármacos que reduzem a quantidade de ácido no estômago;
- Bloqueadores H2: tipo de medicamento que reduz os níveis de ácido do estômago e pode ajudar a cicatrizar o revestimento do esófago. Estes bloqueadores H2 podem causar vários efeitos secundários, como diarreia, dor de estômago, dores de cabeça, etc..
De salientar que o doente nunca se deve automedicar. É aconselhável procurar um médico gastroenterologista, para que seja realizado um diagnóstico e tratamento adequados.
Prevenção da azia
As mudanças no estilo de vida e no comportamento do quotidiano podem prevenir ou melhorar os sintomas da azia, nomeadamente:
- Manter um peso saudável (evitar a obesidade);
- Evitar roupas apertadas, que exercem pressão sobre o abdómen e o esfíncter esofágico inferior;
- Evitar certos alimentos que desencadeiam a azia;
- Evitar deitar-se logo após uma refeição;
- Se fuma, parar de fumar (cessação tabágica);
- Evitar o álcool;
- Evitar alimentos com muita gordura;
- Evitar comer em demasia.