Diverticulose

Diverticulose

O que é a diverticulose?

A diverticulose é uma doença em que se formam divertículos (pequenas bolsas na mucosa do intestino grosso). Trata-se de uma doença típica de países desenvolvidos ou industrializados, onde as dietas com baixo conteúdo de fibras vegetais são a regra. A doença é menos comum na Ásia ou África, onde os hábitos alimentares integram alimentos ricos em fibras. As fibras encontram-se na composição de frutas, vegetais, sementes e cereais, e não podem ser digeridas pelo trato gastrointestinal.

Algumas fibras dissolvem-se facilmente na água (fibras solúveis), assumindo uma textura gelatinosa no intestino, ao passo que outras passam praticamente inalteradas (fibras insolúveis).

Ambos os tipos de fibras ajudam a formar um bolo fecal mais macio e fácil de ser eliminado, além de ajudar a evitar a obstipação (“prisão de ventre”).

Cada tipo de fibra tem um papel diferente. As fibras insolúveis (encontram-se principalmente nas hortaliças, hortícolas e nos cereais inteiros e seus derivados integrais (ex. pão escuro, arroz e massas integrais, cereais integrais, sementes pequenas, tais como: chia, linhaça, sésamo) aumentam o volume e a humidade das fezes. Elas previnem e aliviam a obstipação ao reter água no intestino. O maior volume das fezes reduz a pressão no intestino que, consequentemente ajuda a prevenir os divertículos. Já as fibras solúveis encontram-se principalmente nos frutos: laranja, maçã; hortícolas, leguminosas (feijão, lentilha, ervilhas) e alimentos contendo aveia, cevada, centeio. Estas fibras atuam estimulando a atividade e/ou o crescimento de bactérias benéficas, como as Bifidobacterium e os Lactobacillus, e inibem o crescimento de bactérias patogénicas para o intestino.

Sinais e sintomas da diverticulose

A diverticulose pode, em muitos casos, ser assintomática (não provocar qualquer sintoma).

A inflamação ocorre em cerca de 20% dos indivíduos que apresentam diverticulose e pode ocasionar os seguintes sinais e sintomas:

  • Fortes dores no abdómen;
  • Febre;
  • Obstipação ou diarreia.

Quando a diverticulite é grave, podem ocorrer também:

  • Náuseas;
  • Vómitos;
  • Diarreia com pús e/ou sangue.

Causas da diverticulose

O consumo de alimentos pobres em fibras promove a obstipação, que aumenta a pressão dentro do intestino grosso (cólon), levando à formação de pequenas dilatações ou bolsas, chamadas divertículos. A diverticulose caracteriza-se pela presença desses divertículos que se projetam para fora da parede do cólon. A inflamação dessas “bolsas” é chamada de diverticulite e ocorre com frequência semelhante em homens e mulheres, aumentando a sua incidência à medida que a idade avança.

Pessoas que consomem grandes quantidades de fibra na dieta são menos propensas a desenvolver divertículos. É recomendado o consumo regular de 30g de fibras/dia, para aumentar o “bolo fecal” e com isso reduzir a pressão dentro do intestino.

Cerca de 2/3 das pessoas com mais de 50 anos, possuem divertículos no cólon, porém a grande maioria é assintomática.

Mesmo os pacientes assintomáticos devem levar uma vida saudável, controlando o peso, prática de atividades físicas regulares, ingestão aumentada de fibra e líquidos. É importante realçar que as fibras não são capazes de curar a diverticulose já existente, mas podem impedir que outros divertículos se formem.

As consequências do baixo consumo de fibras incluem:

  • Obstipação e outros distúrbios do trânsito intestinal;
  • Aumento do risco do aparecimento de hemorróidas, diverticulose e outros distúrbios do normal funcionamento intestinal;
  • Aumento do risco de cancro do cólon;
  • Aumento do risco de aparecimento de hiperglicemia (açúcar elevado no sangue) e diabetes;
  • Colesterol elevado e consequentemente de doença cardiovascular.

Diagnóstico de diverticulose

A diverticulose é uma condição que se associa à presença de divertículos no cólon. O seu diagnóstico nem sempre é uma tarefa fácil, uma vez que muitas das suas manifestações são semelhantes a outras patologias do trato gastrointestinal.

O paciente deve consultar o médico especialista em gastroenterologista que poderá recorrer a alguns exames, para verificar a presença e gravidade da diverticulose. A diverticulose e a diverticulite são doenças bastante comuns em pessoas idosas, afetando entre 50 a 70% das pessoas com mais 60 anos.

A melhor forma de detetar a diverticulose é estar atento aos sintomas, ao histórico do paciente e, em casos suspeitos, realizar exames, especialmente a tomografia do abdómen.

A colonoscopia é um exame que nos permite observar o cólon e, desta forma, efetuar um diagnóstico preciso desta e de outras eventuais patologias (doenças).

Saiba, aqui, o que é colonoscopia.

Clínica de Gastrenterologia

Complicações da diverticulose

As complicações da diverticulose são mais comuns em fumadores, obesos, portadores de HIV, que usam fármacos anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) ou que se encontram a fazer quimioterapia. As complicações da diverticulose ocorrem em 15 a 20% dos pacientes e incluem:

  • Diverticulite;
  • Sangramento diverticular;
  • Colite segmentar associada à doença diverticular.
  • A diverticulite associa-se à presença de dor abdominal e febre, podendo obrigar a internamento hospitalar para tratamento com antibiótico e dieta zero.
  • O sangramento diverticular ocorre em 10 a 15% dos pacientes com diverticulose e geralmente manifesta-se por hemorragia baixa com sangue vermelho vivo.

A colite segmentar pode-se associar a diarreia ou hemorragia baixa.

Tratamento da diverticulose

O tratamento da diverticulose deve ser orientado por um médico gastrenterologista (especialista em gastrenterologia).

O tratamento varia de acordo com o estadio da doença e das complicações associadas (a existirem). Podem ser prescritos vários medicamentos (remédios), de modo a evitar complicações e melhorar a sintomatologia. Contudo, os tratamentos não permitem reverter as lesões já existentes.

As medidas de prevenção, que a seguir descrevemos, são muito importantes tanto em pessoas saudáveis como em doentes já diagnosticados com a doença.

Prevenção da diverticulose

É importante perceber que em qualquer tipo de doença o ideal é a prevenção. É possível evitar ou reduzir riscos de divertículos e suas complicações, adotando algumas medidas práticas, nomeadamente, o aumento do consumo de alimentos ricos em fibras como verduras, leguminosas, grãos, farinhas integrais e frutas com casca; beber água, não fumar, controlo da obesidade e do stress e realização de exercício físico pelo menos três vezes por semana.

No fundo, o segredo para prevenir o surgimento da diverticulose é a manutenção de um estilo de vida mais equilibrado.

Pode parecer fácil consumir a dose recomendada de fibras por dia, mas não é. A razão para esta dificuldade reside nas práticas e hábitos alimentares que mudaram muito nas últimas décadas. Atualmente, recomenda-se uma ingestão diária de pelo menos 25g de fibras. Este valor pode ser facilmente atingido, se seguir as seguintes práticas, a saber:

  • Consumir pão escuro ou integral em vez do tradicional pão branco que é geralmente produzido com farinha muito refinada e, por isso, tem um baixo conteúdo em fibra;
  • Optar por cereais ao pequeno-almoço ricos em fibra e não açucarados;
  • Consumir fruta entre as principais refeições e também como sobremesa;
  • Consumir sopas ricas em legumes e hortaliças ao almoço e ao jantar;
  • Usar como acompanhamento do prato principal saladas e hortícolas;
  • Alternar o consumo de massas e arroz branco com as suas versões integrais, que são ricas em fibras;
  • Utilizar frutos secos ou pequenos pedaços de fruta como entrada, em vez de outros aperitivos ricos em sal e em gordura;
  • Consumir diariamente leguminosas tais como feijões, ervilhas, grão-de-bico, favas, lentilhas, etc. no prato principal ou na sopa;
  • Acrescentar alimentos como: alface, cenoura, milho, couve roxa, tomate, cebola, pepino, pimento, etc. às suas sandwiches e faça-as com pão escuro ou integral.
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