O meteorismo ou aerocolia é caraterizado pela presença de excesso de gás no intestino, o que pode provocar dor (cólicas abdominais) e edema (inchaço) abdominal, também chamado de distensão abdominal.
A causa mais frequente para a presença de gás nos intestinos é a ingestão de alguns alimentos (ver adiante) e a deglutição inconsciente de ar durante a refeição (aerofagia). Ou seja, durante as refeições podemos inconscientemente engolir ar que vai causar estes sintomas. No entanto, o meteorismo pode também ser provocado por diversos fatores como a toma de certos fármacos (ex. antibióticos) ou por certas patologias (doenças).
Este excesso de gás acumulado no intestino, geralmente não é grave e desaparece ao fim de algum tempo, sendo que pode afetar qualquer faixa etária, incluindo crianças. No entanto, alguns casos podem ser mais graves, como discutiremos adiante.
Sinais e sintomas no meteorismo
Embora a distensão abdominal possa não ser acompanhada de outro tipo de sinais e sintomas, existem casos onde a sintomatologia pode causar mais desconforto.
Estes sinais e sintomas, adicionais do meteorismo, estão relacionados com a acumulação de gases no trato intestinal e podem variar de acordo com a gravidade e com o local em que o gás está acumulado:
- Eructação (arroto);
- Náuseas;
- Vómitos;
- Diarreia;
- Febre;
- Ruídos intestinais estranhos;
- Dor abdominal (dor de barriga);
- Flatulência (libertação de gás pelo ânus);
Causas do meteorismo
Existe uma grande variedade de causas que pode estar na origem do desenvolvimento do meteorismo, desde a intolerância à lactose ou à frutose, gastrite ou síndrome do intestino irritável.
No entanto, o principal agente causador da acumulação de gases intestinais, geralmente está ligado à dieta do paciente, variando a intolerância do alimento de pessoa para pessoa. Alguns dos alimentos que podem estar na origem do problema são:
Consumo de alimentos que são fermentados pela microbiota intestinal, como:
- Leguminosas (feijões, favas, lentilhas, ervilhas, grão-de-bico);
- Legumes verdes;
- Cebola (em grandes quantidades);
- Frutos secos (amêndoas, amendoins, nozes, etc.);
- Milho;
- Cogumelos;
- Bebidas gaseificadas (com gás) e bebidas dietéticas;
- Pastilha elástica;
- Adoçantes e doces sem açúcar.
Contudo, existem outras causas possíveis para o desenvolvimento da doença:
- Aerofagia: deglutição excessiva de ar durante a alimentação;
- Intolerância e consumo de certos alimentos como lactose (leite e derivados);
- Uso de antibióticos: certos antibióticos alteram a flora intestinal o que pode interferir com o processo de fermentação pelas bactérias intestinais;
- Inflamação do intestino ou certas doenças crónicas:
- Síndrome do intestino irritável;
- Gastrite;
- Doença de Crohn;
- Doença celíaca;
- Colite ulcerosa.
Diagnóstico do meteorismo
O diagnóstico do meteorismo, quando necessário, é realizado, geralmente, através da história clínica do doente, e um exame físico, de modo a avaliar a distensão abdominal e outra sintomatologia que o doente possa apresentar.
O médico especialista pode também recorrer a alguns meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT), como exames de imagem (radiografia, ecografia ou TC ou TAC), de modo a diagnosticar conclusivamente o meteorismo e a presença de gases no trato intestinal. Por vezes, pode ser necessária a realização de exames endoscópicos para despiste de outras patologias.
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O meteorismo tem cura?
A distensão abdominal pode ser extremamente desconfortável. Contudo, a maioria das pessoas consegue tratar a acumulação de gases em casa e o prognóstico da doença é, geralmente, bastante favorável.
Se a sintomatologia, incluindo o edema (inchaço) abdominal, não desaparecer dentro de alguns dias, é recomendável a procura de aconselhamento médico.
A distensão abdominal não é motivo de preocupação quando engloba os seguintes fatores:
- Está associada com alimentos ou com a forma de alimentação;
- Não piora com o tempo;
- Desaparece dentro de um dia ou dois.
Tratamento do meteorismo
O tratamento do meteorismo pode ser realizado através de várias opções terapêuticas, que variam consoante a gravidade do caso:
Mudanças no estilo de vida
Em muitos casos, os sintomas do meteorismo podem ser diminuídos ou mesmo evitados, adotando algumas mudanças de estilo de vida simples:
- Limitar o consumo de bebidas gaseificadas;
- Mudar a alimentação e evitar alimentos que causam a acumulação de gás (Veja mais alimentos em “Causas do meteorismo”);
- Comer devagar e evitar beber por uma palhinha;
- Evitar alimentos de leite e derivados, se for intolerante à lactose;
- Ingerir probióticos, de modo a ajudar com o repovoamento de bactérias do intestino;
- Evitar mastigar pastilha elástica, pois associa-se a maior deglutição de ar extra.
Tratamento medicamentoso
O médico especialista pode optar por prescrever alguma medicação, de modo a aliviar alguns sintomas provocados pelo meteorismo. Geralmente, são prescritos medicamentos (remédios) analgésicos que aliviam as dores e o desconforto abdominal causado pelos gases, como a dimeticona.
Uma vez que existem doenças graves que podem estar associadas com a distensão abdominal e o meteorismo, é fundamental identificar a patologia subjacente, do modo a instituir o tratamento adequado e evitar a progressão da mesma.
Prevenção do meteorismo
Prevenir a distensão abdominal e o meteorismo passa por conhecer a causa subjacente e tomar medidas para evitar a acumulação de gases no trato intestinal.
- Pacientes intolerantes à lactose podem tomar comprimidos de láctase antes de uma refeição;
- Pacientes com flora bacteriana intestinal alterada podem tomar probióticos específicos que ajudam a regular a flora alterada;
- Pacientes com síndrome do intestino irritável podem tomar fibras insolúveis, que não são fermentadas pelo intestino, mas podem melhorar o esvaziamento e movimento intestinal, reduzindo a produção de ar;
- A realização de exercício físico promove a motilidade gastrointestinal, aliviando o meteorismo.