A menstruação ou cataménio, por vezes, também chamado período, é resultado da descamação do interior do útero, sendo composto de sangue e células endometriais. Com a diminuição das hormonas (sobretudo progesterona), no final do ciclo menstrual anterior, diminui a estimulação desta camada uterina (endométrio), que se desintegra parcialmente, saindo pelo colo do útero e vagina, dando origem ao “período” ou fluxo menstrual.
O período menstrual ou ciclo menstrual é o intervalo de tempo desde o início de uma menstruação até à menstruação seguinte. A este intervalo também se dá o nome de interlúnio. Trata-se do conjunto de mudanças cíclicas que permitem a gravidez. Envolve o equilíbrio de vários órgãos e um conjunto de hormonas cuja sincronia é fundamental para que o ciclo se desenvolva normalmente.
Fases do ciclo menstrual
Por convenção, o ciclo menstrual começa com a menstruação ou cataménio, que se pode entender como um reinício de todo o sistema, na ausência de gravidez no ciclo anterior. Depois um novo folículo é desenvolvido enquanto se “reconstrói” o endométrio. Chegando a altura da ovulação, iniciam-se alterações da estrutura endometrial, que voltam a desaparecer na ausência de gravidez, reiniciando o ciclo.
Habitualmente distinguimos duas fases do ciclo, separadas pela ovulação. A primeira fase, proliferativa, ou fase folicular, relaciona-se com o crescimento de um novo folículo e espessamento gradual do endométrio. No final desta fase dá-se a ovulação e depois, o conjunto de hormonas em circulação torna o endométrio recetivo a um possível embrião. Esta segunda fase, lútea ou secretora, termina quando a mulher menstruar, iniciando-se o novo ciclo.
Quantos dias tem um ciclo menstrual?
Os ciclos de mulheres adultas saudáveis têm entre 21 e 35 dias, sendo 28 dias a média. Mulheres dos 25-35 anos aproximam-se mais do intervalo 28-35 dias. Em adolescentes pode ter entre 21 e 45 dias.
Os ciclos regulares têm uma variação inferior a 7-9 dias de ciclo para ciclo. Ou seja, a diferença entre os ciclos mais curtos e mais compridos é menor que cerca de 7 dias.
Várias teorias foram sendo apontadas para a duração média do ciclo, mas não existe evidência clara que esta esteja relacionada, nomeadamente, com o ciclo lunar, que tem 29,5 dias. As marés foram relacionadas, por serem resultado da proximidade lunar. A luz proporcionada pela lua também foi apontada como influenciadora. Ainda relacionado com a lua, uma explicação evolucionária, de eco genético dos nossos antepassados caçadores coletores: estes usariam o ciclo lunar para medir o tempo e caçariam mais durante a lua cheia e menos durante a lua nova, pelo que existiria vantagem evolutiva para as mulheres que ovulassem numa altura específica de menor atividade, por exemplo a lua nova. Isso levaria a uma seleção dos humanos com esse tipo de ciclos, mais próximos do “calendário” usado.
Apesar de evidência pontual e argumentos terem aparecido ao longo dos anos para as teorias referidas, nenhuma delas foi confirmada em estudos maiores, pelo que não são, geralmente, aceites. A lua não tem, hoje, nenhum efeito provado na fisiologia humana. Dizemos hoje porque numa altura sem iluminação elétrica teria certamente um efeito na atividade (ou ausência desta) dos humanos à noite, o que por sua vez poderia ter efeitos na fisiologia.
A variação da duração do ciclo relaciona-se sobretudo com a variação da fase folicular. A fase lútea é relativamente constante.
Quantos dias dura a menstruação?
Numa mulher saudável, com ciclos espontâneos (sem medicação ou pílula), o cataménio (período) tem habitualmente uma duração menor que 8 dias. Dentro deste intervalo, existe grande variação entre mulheres, mas menos variação de ciclo para ciclo, numa mulher com ciclo regulares.
Sinais e sintomas no ciclo menstrual
Um ciclo menstrual normal dá origem a variações identificáveis objetivamente e percetíveis pela mulher. Começando pela menstruação, que é um sinal objetivo do início do ciclo novo. Esta é muitas vezes acompanhada por dores menstruais, que por vezes começam ainda antes da menstruação. Não raras vezes, pode ser necessária medicação para aliviar a dor. Dismenorreia é o termo clínico para menstruação dolorosa, que pode ser debilitante em alguns casos.
As mudanças identificáveis continuam com as alterações do corrimento, que se torna progressivamente mais claro e transparente. Chegando a altura da ovulação, estas características são máximas e o corrimento poderá ser “esticado” entre dois dedos. Também podem ser sentidas dores durante a ovulação.
A ovulação determina mudanças hormonais que, por sua vez, levam a novos sintomas. Tensão mamária, corrimento mais espesso, entre outras alterações variáveis entre mulheres podem ser sentidas, de forma cíclica, nesta fase (fase lútea).
O sangramento antes da menstruação, especialmente se recorrente, merece uma avaliação. É, no entanto, uma queixa habitual e raramente associada a patologia, se aparecer apenas numa ocasião ou raramente.
Síndrome pré-menstrual
A síndrome pré-menstrual é um conjunto de alterações físicas, psíquicas e de humor que normalmente aparecem dias antes do cataménio (menstruação). Devem ser distinguidas de outras patologias, nomeadamente do foro psiquiátrico. Habitualmente envolvem mudanças de humor e irritabilidade.
Esta síndrome varia desde pequenas alterações, que são desvalorizadas pelas próprias mulheres, durante dois ou 3 dias, até sintomatologia severa e limitante que pode durar até duas semanas.
O tratamento, depois de bem caracterizada a situação e feito o diagnóstico, poderá passar pelo uso de fármacos, sendo a pílula um dos mais comuns. Exercício físico, diminuição da cafeína e álcool podem ajudar nos casos leves a moderados e são recomendáveis a todas as mulheres.
Qual o período fértil para engravidar?
A gravidez pode ocorrer sempre que existe fecundação do ovócito, que é gerado em cada ciclo menstrual, por um espermatozoide. Este ovócito poderá ser fecundado em cerca de 12 horas após a ovulação.
O período fértil é de cerca de 6 dias, incluindo o dia da ovulação e os 5 dias anteriores. A probabilidade aumenta, se existiu uma relação sexual nos cerca de dois dias precedentes à ovulação, e no dia da ovulação. Com ciclos regulares, será possível calcular a ovulação como cerca de 14 dias antes da próxima menstruação esperada.
De uma maneira geral, relações cada dois a três dias poucos dias após cessação do fluxo menstrual aumentam a probabilidade de gravidez, mesmo sem uma precisa identificação da ovulação.
Menstruação irregular
Já vimos, acima, em que consiste um ciclo regular. O ciclo menstrual pode ser irregular por diversos motivos. Interessa, por isso, caracterizar as queixas e um calendário menstrual, em que são registadas as perdas menstruais. A menstruação irregular, dita como tal, tem de ser objetivada. É frequente, depois de uma análise, explicar que as supostas irregularidades do ciclo se devem a desconhecimento da fisiologia normal. Algumas mulheres queixam-se de “menstruação desregulada" ou período irregular porque atrasam sempre (no dia do mês) quando isso pode significar que têm ciclos regulares e normais de, por exemplo, 34 dias. Assim, uma menstruação vem sempre mais tarde no dia do mês do que a anterior.
Entre as causas mais frequentes de irregularidades menstruais podemos referir a imaturidade hormonal, (comum na adolescência), alterações estruturais do útero, como miomas ou pólipos, alterações dos ovários, como quistos ou alterações da ovulação.
Saiba, aqui, tudo sobre irregularidades do ciclo menstrual.
Alterações no cataménio (período ou menstruação)
O fluxo menstrual normal dura até 8 dias, com perda de sangue entre 5-80ml, e aparece com regularidade (ver Quantos dias tem um ciclo menstrual?). A cor varia desde que começa até acabar, e entre mulheres. A menstruação prolongada tem mais de 8 dias e deve ser estudada, se habitual.
Algumas mulheres têm um corrimento antes da menstruação diferente, que pode ter características como cor acastanhada. A menstruação, para além do vermelho em várias tonalidades, pode ser castanha (marrom), por vezes mais escura, raras vezes quase preta, com aspeto “borra de café”. Estas cores escuras aparecem mais vezes quando o fluxo é em menor quantidade, sendo resultado da decomposição do ferro presente no sangue.
Uma menstruação “adiantada” ou atrasada depende, como vimos, de uma correta interpretação do ciclo menstrual da mulher, e uma análise dos vários ciclos (meses) precedentes.
Tendo em conta que o fluxo menstrual total pode ser de apenas de 5ml, esta pode ser erradamente interpretada como pouca. Nestes casos, é também, como vimos, mais castanha ou escura. Da mesma forma, a menstruação abundante é difícil de objetivar. Uma menstruação que vaze pensos grandes em pouco tempo (menos de 3 horas), que use mais de cerca de 20 pensos, que vaze habitualmente durante a noite, com coágulos grandes, que cause anemia, ou que de outra forma interfira física, psíquica ou socialmente na qualidade de vida da mulher merece avaliação.
As alterações do fluxo menstrual são interpretadas no contexto do ciclo menstrual da mulher. Daí que a sua normalidade dependerá de uma série de fatores, como a duração, timing previsto da ovulação (e se esta ocorre), idade, etc.
Nunca esquecer que a pílula e outras medicações hormonais alteraram todas estas características, na medida em que, na maioria das vezes, o ciclo menstrual é interrompido e a “menstruação” (mais corretamente chamada de hemorragia de privação), se existente, terá características em relação com o(s) fármaco(s) usado(s).
Menstruação atrasada
Uma menstruação atrasada é causa de grande ansiedade na mulher, quer deseje ou não uma gravidez. Já vimos que a variabilidade normal do ciclo pode ir até 7 dias entre os ciclos mais curtos ou longos. Se a menstruação não for regular, esta diferença pode ser muito superior.
Um atraso menstrual significativo (mais de uma semana num ciclo regular) pode ser um sinal de gravidez, mas nem sempre. Um simples teste de gravidez da farmácia poderá confirmar ou excluir gravidez com enorme certeza em poucos minutos. Atualmente, qualquer teste de urina é extremamente fiável, quando existe um atraso menstrual.
A minha menstruação será normal?
Já vimos que existe grande variabilidade naquilo que se pode considerar normal. Na dúvida, deve consultar o seu médico para esclarecer as suas dúvidas em relação a este aspeto da sua fisiologia.
Alguns sinais que deverão suscitar esclarecimento e/ou acompanhamento, serão:
- Ausência de menstruação aos 14 anos sem desenvolvimento das características sexuais secundárias (por exemplo, crescimento mamário);
- Ausência de menstruação aos 16 anos, independentemente do restante desenvolvimento;
- Ausência de menstruação regular e espontânea;
- Dores muito fortes durante a menstruação (dismenorreia), especialmente se aparecerem sem nunca as ter tido (ou com essa intensidade) e/ou não cederem facilmente a medicação;
- Menstruações muito abundantes ou muito prolongadas (mais de uma semana);
- Perdas sistemáticas ou abundantes de sangue fora do cataménio (período) sem uso de medicação que o justifique.
Primeira menstruação
A primeira menstruação (menarca) acontece em média entre os 12-13 anos, e normalmente até aos 15 anos. Amenorreia primária é o nome para a ausência de menstruação numa jovem que ainda não menstruou aos 16 anos, ou dois anos após o desenvolvimento das suas características sexuais secundárias, como o desenvolvimento mamário.
Puberdade, ou aparecimento de sinais sexuais secundários (desenvolvimento das mamas e pelo púbico) antes dos 8 anos numa menina poderá não ser normal. Ausência da puberdade aos 14 anos merece também estudo.
Qual a idade normal da menopausa?
A menopausa é definida por cessação permanente da menstruação, sem outra causa patológica ou fisiológica. Diagnostica-se 12 meses após a última menstruação. A idade média da menopausa é de cerca de 51 anos, sendo habitual entre os 43 e os 57 anos.
Antes dos 40 anos merece avaliação e estudo, pois nesta faixa define-se como insuficiência ovárica primária (antes chamada falência ovárica prematura).
O diagnóstico da menopausa é clínico, pelo que as análises e exames servirão apenas para avaliar dúvidas clínicas em relação à causa da amenorreia (ausência de menstruação), ou estudo de uma menopausa precoce.
A menopausa ou, mais precisamente, a peri-menopausa ou climatério pode causar várias irregularidades menstruais. Este período de transição pode durar até 5 anos ou mais, sendo altamente variável. As alterações incluem irregularidades da duração do ciclo, intervalos crescentes de amenorreia (ausência de menstruação) e cessação da ovulação.