A irritação nos olhos pode ser provocada por uma doença dos olhos, sendo que a conjuntivite constitui um dos principais causadores de irritação ocular, apesar de muitas outras poderem estar na sua origem, como veremos adiante. A alergia ocular, cujos sinais e sintomas são a irritação, a ardência nos olhos e dor de cabeça, o prurido ou comichão, os olhos vermelhos ou vermelhidão e a sensibilidade à luz é uma das principais causas para a irritação ocular. Várias substâncias são capazes de provocar alergia no olho e desencadear irritação ocular. O uso de determinados produtos cosméticos ou de maquilhagem, o cloro das piscinas, entre muitos outros, são exemplos de agentes que podem desencadear irritação nos olhos, como veremos posteriormente com detalhe.
Os olhos irritados são um problema muito frequente, normalmente, acompanhado de outros sinais e sintomas que podem variar conforme a causa subjacente, podendo afetar pessoas de ambos os sexos e de qualquer faixa etária. Entre os sinais e sintomas mais frequentes encontra-se a vermelhidão e o ardor nos olhos que pode ser sentido de uma forma mais ou menos intensa, dependendo se estamos perante uma ligeira irritação ocular ou perante graves irritações oculares.
Em relação à lateralidade a irritação pode afetar apenas um olho (esquerdo ou direito) ou, então, afetar os dois olhos (bilateral). Muitas vezes, o ardor pode sentir-se, de início, apenas num dos olhos e mais tarde afetar o outro olho pela possibilidade de contágio em alguns casos. Veja mais informação em cada uma das causas para olhos irritados.
Ardência nos olhos
A irritação ocular faz-se, na maioria das vezes, sentir com uma “ardência nos olhos” ou “comichão nos olhos”. O ardor nos olhos é um sintoma, muitas vezes, descrito como se existisse uma “sensação de areia nos olhos” ou “ardume nos olhos” ou como se literalmente estivéssemos perante uma sensação de “olhos a arder” ou “olhos ardendo”.
A irritação ocular provoca uma sensação de “coceira nos olhos” levando, muitas vezes, a que as pessoas de forma errada “esfreguem ou cocem os olhos” com os dedos numa tentativa de aliviar a sintomatologia.
Quando estamos a “coçar o olho” estamos a agravar o problema. “Coçando o olho” estamos a estimular o surgimento de substâncias químicas, que elas próprias vão estimular e aumentar a comichão, ou seja, é um ciclo vicioso. Por outro lado, existe a possibilidade de eventual contágio em algumas situações (por exemplo, a infeção de um olho passar para o outro olho). Acresce, que o ato de “coçar os olhos” é muitas vezes associado às causas que conduzem a uma doença da córnea chamada ceratocone. Para aliviar a sintomatologia podemos e devemos tomar algumas medidas, contudo nunca devemos “coçar o olho”. Veja mais informação em como tratar e prevenir.
Causas de ardência nos olhos
As principais causas para a irritação ocular, são:
1. Conjuntivite
A conjuntivite é a inflamação da conjuntiva, membrana transparente e fina que reveste a parte da frente do globo ocular (o branco dos olhos) e o interior das pálpebras.
Na conjuntivite, os sinais e sintomas habituais são a irritação e vermelhidão dos olhos o prurido ou “comichão”, olhos lacrimejando e a sensibilidade à luz ou fotofobia. Normalmente, as pálpebras ficam vermelhas e tumefactas dando uma sensação de “olhos inchados”. Também é comum a produção de secreções ou pús, cujas características podem variar conforme a causa da conjuntivite.
Entre as causas para a conjuntivite encontram-se as infeções provocadas por agentes patogénicos que são sobretudo as bactérias, mas que podem também ser vírus e fungos.
A conjuntivite também pode ter como causas agentes químicos e físicos de ordem diversa, como por exemplo exposição ao sol ou calor intenso ou raios ultravioleta, gases irritantes, produtos cáusticos, corpos estranhos, fumos, entre outros. No caso em que a conjuntivite é causada por determinada substância capaz de produzir reações alérgicas designamo-la por conjuntivite alérgica.
A conjuntivite é das patologias que com maior frequência provocam irritação ocular, contudo existem muitas outras patologias que podem provocar olhos irritados.
Saiba, aqui, tudo sobre conjuntivite.
2. Alergia nos olhos
A alergia nos olhos ou alergia ocular são respostas do sistema imunológico a uma determinada substância, que se designa por alergénio (substâncias capazes de produzir reações alérgicas).
Poderemos dizer de uma forma simplista que o sistema imunológico é o nosso sistema de defesa contra as agressões. Estas substâncias podem ser, por exemplo, o pelo dos animais (gato, cão, etc), pólen, poluição, fumos, cosméticos ou produtos de maquilhagem, entre muitos outros. O fumo do tabaco, o cloro da piscina e até mesmo o ar, fundamentalmente, nas piscinas interiores, para além dos alergénios anteriormente apresentados, são frequentemente, causadores de alergias nos olhos.
Determinadas substâncias podem mais facilmente circular em dias de muito vento e consequentemente provocarem mais danos nos olhos.
A manifestação clínica das reações alérgicas oculares é a conjuntivite alérgica e as reações alérgicas palpebrais ou alergia em volta dos olhos (alergia na pálpebra). Os sintomas e sinais das alergias oculares são o olho irritado, prurido (“comichão”), olhos lacrimejantes, ardor, hiperemia da conjuntiva (olho vermelho), quemose, pálpebras com edema ou “pálpebras inchadas” e descamação da pele das pálpebras. Por vezes, a sintomatologia da alergia nasal ocorre em simultâneo com a das alergias oculares.
Qualquer pessoa pode desenvolver reações alérgicas nos olhos. Contudo, os doentes que padecem de asma, rinite alérgica ou alergias de pele têm um risco acrescido de desencadear alergias oculares.
As lentes de contacto podem também irritar a córnea e provocar irritações nos olhos. E, a longo prazo, a utilização frequente de lentes de contacto pode causar olhos secos. Por sua vez, o olho seco desencadeia um conjunto de sintomatologia que vai desde ligeira a grave em algumas situações. Para além do uso de lentes de contacto o olho seco pode ser provocado por muitas outras condições.
Saiba, de seguida, em que consiste o olho seco e conheça as suas causas para além do uso intensivo de lentes de contacto.
Para saber como tratar as alergias oculares, veja mais informação em tratamento e prevenção.
3. Olho Seco
No olho seco não existe produção de lágrimas em quantidade suficiente ou as lágrimas apesar de existirem em quantidade suficiente, não possuem a qualidade necessária para manter os olhos lubrificados.
Na síndrome do olho seco, como o doente tem má lubrificação ocular, o olho sofre uma espécie de agressão quando o paciente pestaneja.
Os sinais e sintomas de olho seco são, habitualmente, o prurido ou “comichão ou coceira nos olhos”, ardor, produção excessiva de lágrimas (olhos lacrimejantes), irritação excessiva do olho ao fumo ou vento, desconforto e complicações na utilização de lentes de contacto, entre outros.
O olho seco pode ocorrer em qualquer idade e em pessoas de ambos os sexos, embora o sexo feminino seja o mais afetado. Como fatores de risco para o olho seco, podemos destacar a idade, menopausa, uso de computador ou telemóvel, ou outros dispositivos digitais de uma forma continuada ou excessiva, exposição ao ar condicionado, uso de lentes de contacto e alguns medicamentos como antidepressivos, anti-histamínicos, diuréticos, benzodiazepinas, analgésicos e anticoncetivos.
Saiba, aqui, tudo sobre olho seco.
4. Blefarite
A blefarite é a inflamação crónica do bordo das pálpebras. Na blefarite, para além da inflamação da pálpebra ocorre com frequência caspa na base das pestanas, dor ocular, olhos vermelhos, comichão e ardor nos olhos, olhos lacrimejantes, entre outros.
A doença pode afetar apenas uma pálpebra (superior ou inferior) ou, então, afetar as duas pálpebras. Os pacientes com pele oleosa, caspa e olho seco são mais suscetíveis de virem a sofrer de blefarite.
A blefarite, usualmente, está relacionada com a colonização das pálpebras por bactérias da flora normal da pele. Pode apresentar-se de diversas formas, a saber: conjuntivite, olho seco, hordéolo ou “terçolho”, chalázios e em casos mais avançados, triquíase e até úlceras corneanas.
Na presença de baixa humidade ambiental, as queixas relacionadas com o olho seco são muito frequentes e nos casos associados à blefarite, os sintomas costumam ser muito mais exuberantes.
Saiba, aqui, tudo sobre blefarite.
5. Corpos estranhos / irritantes para os olhos
Um objeto estranho no olho pode ser uma porção de poeira ou areia, um fragmento de serradura limalha, ou algo maior e mais grave. Estes objetos estranhos provocam, habitualmente, irritação ocular e vermelhidão nos olhos, sensibilidade à luz, excesso de lágrimas ou olhos lacrimejando, uma sensação de que tem algo “dentro do olho” e em alguns casos dor nos olhos que pode piorar quando “pisca o olho”. Em alguns casos, um corpo estranho pode provocar úlcera de córnea.
Um corpo estranho no olho requer atenção urgente de um médico oftalmologista. O material incorporado na córnea pode, de uma forma mais ou menos célere, causar infeção ocular grave. O médico oftalmologista pode remover com relativa facilidade a larga maioria dos corpos estranhos no consultório. Veja mais informação em tratamento e prevenção.
6. Hordéol ("terçolho")
Um hordéolo, comummente, conhecido como “terçolho” ou “terçol no olho” é um abcesso palpável, um nódulo vermelho e doloroso que se forma na pálpebra e que é consequência de um bloqueio de uma ou mais glândulas sebáceas.
No hordéolo é frequente o prurido ou “comichão nos olhos”, o olho pode ser sensível à luz (fotofobia) e lacrimejar. Existe, por vezes, uma sensação de corpo estranho no olho.
Como causas para o surgimento do hordéolo encontram-se as infeções bacterianas.
Saiba, aqui, tudo sobre o hordéolo.
Pterígio
O pterígio é uma degenerescência da conjuntiva peri-límbica que cresce sobre a superfície da córnea. O pterígio, habitualmente, cresce de forma lenta, podendo até parar de crescer em determinada altura. Em alguns casos, o pterígio pode crescer de tal maneira que pode cobrir a pupila e interferir com a visão.
No pterígio estão, geralmente, patentes vários sinais e sintomas, nomeadamente, sensação de corpo estranho no olho, irritação ocular e comichão, sensação de ardência ou queimadura nos olhos e visão turva. Nas fases mais avançadas pode provocar vermelhidão e inflamação no olho.
Os sinais e sintomas patentes no pterígio variam com a evolução da doença.
Saiba, aqui, tudo sobre o pterígio.
Cansaço ocular
O cansaço ocular pode ser causado por inúmeros problemas oculares ou doenças dos olhos, ou então, resultar apenas de um esforço acrescido do aparelho ocular, por exemplo, ao ler ou quando exposto a longos períodos de leitura, quando conduz durante muito tempo principalmente de noite, quando trabalha muitas horas seguidas no computador, etc.
Outros sinais e sintomas associados à vista cansada, surgem habitualmente, como sejam: a dor de cabeça, a ardência e vermelhidão nos olhos entre outros. Tonturas e outros distúrbios são também possíveis, apesar de muito menos frequentes.
Em relação às doenças dos olhos, os erros refrativos como a miopia, o astigmatismo, a presbiopia e a hipermetropia podem desencadear esforço adicional do sistema ocular, originando olhos cansados. Outras patologias podem também provocar cansaço ocular, como por exemplo a catarata, o glaucoma, a retinopatia diabética, entre muitas outras.
Saiba, aqui, tudo sobre vista cansada.
Outras causas
Para além das causas anteriormente apresentadas, muitas outras podem estar relacionadas com a irritação nos olhos.
Saiba, aqui, tudo sobre as principais doenças dos olhos.
Saiba, de seguida, como tratar a irritação nos olhos.
Tratamento
O tratamento da irritação nos olhos depende naturalmente da causa subjacente. A utilização de colírio de uso tópico (gotas) é muito frequente no tratamento da irritação ocular, contudo deve o tratamento ser sempre prescrito por um médico oftalmologista, sob pena de em algumas situações poder agravar-se o problema. Outros tratamentos ou até em alguns casos a cirurgia podem ser necessários de modo a resolver o problema subjacente.
Por exemplo, o tratamento da conjuntivite difere conforme a sua causa. Os tratamentos devem ser prescritos por um médico oftalmologista após diagnóstico do tipo de conjuntivite.
Saiba, aqui, tudo sobre o tratamento da conjuntivite.
No caso do olho seco, podem ser utilizadas lágrimas artificiais de modo a lubrificar o olho, contudo, uma vez mais é importante conhecer a causa para o olho seco e deve o tratamento ser orientado por um médico oftalmologista.
Saiba, aqui, tudo sobre o tratamento do olho seco.
No caso das alergias oculares o uso de anti-histamínicos, corticoides, lágrimas artificiais, entre outros medicamentos podem ser utilizados para aliviar a sintomatologia. Os remédios a utilizar podem ser colírios ou, então, medicamentos sistémicos. Uma medida óbvia é evitar o alergénio causador da alergia ocular e tomar medidas para prevenir o problema. Veja mais informação em prevenção das alergias oculares.
No caso do cansaço ocular, pode ser necessária a correção de algum eventual erro refrativo (com óculos, lentes de contato, operação), a adoção de medidas preventivas no trabalho como o uso do computador ou outros dispositivos digitais como o telemóvel, etc, a mudança de hábitos, entre muitos outros.
Saiba, aqui, tudo sobre como tratar e prevenir a vista cansada.
Se sente algo preso no seu olho (objeto estranho) que esteja a provocar a irritação não tente remover o objeto com a mão. Mantenha o olho fechado, tanto quanto possível e consulte um oftalmologista imediatamente.
Nunca é de mais referir que o tratamento para os olhos irritados depende da causa, pelo que um diagnóstico atempado e correto é fundamental para um eficaz tratamento.
Saiba, aqui, tudo sobre as principais doenças dos olhos.
Medidas que deve tomar
Apesar da consulta ao médico oftalmologista, existem alguns procedimentos que pode fazer em casa, uma espécie de “tratamento natural ou caseiro”, de modo a aliviar a irritação ou “comichão”. Efetue os seguintes passos no caso de sentir irritação ocular:
- Não “coce” ou “esfregue” os olhos em caso algum;
- Se necessário, lave os olhos com soro fisiológico;
- De modo a reduzir ou aliviar o ardor, aplique compressas de água fria esterilizada sobre os olhos fechados.
Lembre-se que estes procedimentos não são uma cura nem um tratamento para o problema, apenas lhe permitem aliviar a dor nos olhos ou desconforto.
Consulte o seu médico oftalmologista com urgência se a irritação é acompanhada de dor nos olhos, alterações na visão ou perda súbita da visão, perceção de “flashes de luz”, inchaço das pálpebras, náuseas ou vómitos, dor de cabeça, entre outros sinais e sintomas a valorizar.
Como prevenir?
Existem algumas atitudes que podem ajudar na prevenção das alergias e irritação nos olhos. Conheça, de seguida, algumas medidas simples, do dia a dia, que o podem ajudar a prevenir a irritação e as alergias oculares.
- Evite “esfregar” ou “coçar” os olhos;
- Certifique-se que desinfeta as suas lentes de contacto. Se os seus olhos estão secos, converse com seu oftalmologista sobre a possibilidade de utilização de um tipo diferente de lentes, como usá-las com menos frequência, as alternativas como a cirurgia refrativa, etc.
- Tenha cuidado com a maquilhagem dos olhos que escolhe e não troque produtos de maquiagem ou cosméticos com outra pessoa;
- Não utilize maquilhagem dos olhos depois de 3 a 4 meses após a primeira utilização;
- Evite a exposição aos fumos como o do tabaco;
- Verifique a humidade dentro de casa e certifique-se que o ar nem está demasiado seco nem demasiado húmido;
- Mantenha sempre um ambiente livre de pó;
- Evite exposição ao ar condicionado e verifique os filtros dos mesmos;
- Se trabalha com o computador por longos períodos, faça pausas frequentes de modo a “piscar os olhos mais vezes”;
- Para evitar infeções bacterianas e víricas lave as mãos com frequência, especialmente antes de inserir e remover as lentes de contacto, e evite tocar nos olhos;
- Não partilhe toalhas ou panos e lave os seus lençóis e fronhas com frequência;
- Use óculos de sol especialmente em dias de muito sol ou vento;
- Use óculos ou máscaras de proteção de segurança ao trabalhar com máquinas ou produtos que o exigem;
- Fale com o seu médico sobre a possibilidade de alguns dos seus medicamentos ser a causa para o olho seco.