A cirurgia de catarata (ou operação de catarata) é um procedimento cirúrgico que visa o tratamento da catarata ocular. O único procedimento ou tratamento disponível para a catarata é a cirurgia.
Existem diferentes tipos de catarata sendo a senil a mais frequente e a que está relacionada com o envelhecimento afetando, habitualmente, o idoso. Outros tipos de cataratas, designadamente a congénita, a subcapsular (posterior e anterior), a cortical, a nuclear, a traumática, entre outras, embora menos frequentes também possuem uma importante incidência na população.
Nem todas as cataratas possuem indicação cirúrgica (necessidade de realizar cirurgia) como por exemplo, a catarata incipiente. O médico oftalmologista, baseado nos exames oftalmológicos, entre outros dados, deve decidir juntamente com o doente a necessidade de cirurgia ou quando operar a catarata.
A cirurgia da catarata é das técnicas cirúrgicas oculares que mais se tem desenvolvido no mundo e Portugal não foge à regra. Atualmente, estamos a viver a era da cirurgia de catarata por ultrassons. Veja, de seguida, as vantagens da utilização desta técnica cirúrgica.
Facoemulsificação
A cirurgia de catarata por facoemulsificação consiste num procedimento cirúrgico que permite a extração (“aspiração”) da catarata através de ultrassons (veja imagens).
A cirurgia é feita através de ultrassons de alta precisão, sem abertura corneana, transformando a operação de catarata num processo refrativo, oferecendo aos doentes excelentes resultados visuais e refrativos, tudo apenas num tratamento, tornando o doente menos dependente de óculos. Além disso, uma série de outros aspetos caracterizam a cirurgia por facoemulsificação, designadamente a alta precisão, previsibilidade e reprodutibilidade, tornando esta intervenção cirúrgica mais segura.
São inúmeras as vantagens da facoemulsificação na operação de catarata, nomeadamente a capacidade de utilizar instrumentos cirúrgicos dentro do olho, com um diâmetro inferior a um milímetro, incapazes teoricamente de induzirem astigmatismo corneano.
Lente intra-ocular na cirurgia de catarata
Na cirurgia de catarata por facoemulsificação, após retirado todo o cortex e o núcleo cristaliniano procede-se ao implante de uma lente intra-ocular (LIO) no lugar que, anteriormente, era ocupado pelo cristalino, mais propriamente dentro do saco capsular.
Essa lente intra-ocular possui uma determinada potência, calculada nos exames pré-operatórios (biometria) e que substitui os óculos para a distância de longe em alguns casos. Se forem usadas lentes intra-oculares especiais (premium), bifocais ou trifocais, o doente pode até ficar independente do uso de óculos em todas as distâncias, de perto, intermédio e longe com resultados ótimos e previsíveis.
Atualmente, existem vários tipos de lentes para cirurgia de catarata, tendo cada uma determinada indicação mediante as condições do olho, preferência do doente e indicação do médico oftalmologista.
As lentes podem corrigir, em simultâneo, a visão de perto e de longe, o astigmatismo ou simplesmente restituir a visão que o doente tinha antes de desenvolver cataratas.
Riscos,complicações na cirurgia de catarata
A cirurgia de catarata por facoemulsificação à semelhança de qualquer outra operação possui alguns riscos e complicações eventuais que devem ser acautelados. Como vimos anteriormente a facoemulsificação apresenta uma elevada precisão, previsibilidade e reprodutibilidade, tornando esta intervenção cirúrgica segura, evitando, assim, riscos e complicações várias. Contudo, as técnicas de facoemulsificação não estão isentas de riscos, sendo suscetíveis de algumas complicações que podem comprometer a visão, a saber: queimadura da córnea, traumatismo da íris, rutura da cápsula posterior, perda de vítreo, edema macular cistóide, infeções e astigmatismo induzido.
Uma das complicações frequentes é a opacificação da cápsula posterior passados alguns meses ou mesmo anos após cirurgia de catarata. A opacificação ocorre em cerca de 30% dos olhos submetidos à operação de catarata, provocando perda de visão. Em alguns doentes, a opacidade pode tornar-se bastante densa e provocar diminuição de visão considerável. Em alguns casos a perda de visão pode ser tão alta como a que existia com a catarata original.
Embora algumas pessoas chamem à opacificação da cápsula posterior “segunda catarata” ou "catarata secundária", na realidade, não é uma catarata. Quando a catarata é removida cirurgicamente não volta a ocorrer a opacificação do cristalino. A capsulotomia yag laser permite tratar a opacificação da cápsula posterior do cristalino através de laser Nd: YAG.
Saiba, aqui, tudo sobre capsulotomia YAG laser.
Os resultados da cirurgia da catarata por facoemulsificação só serão excelentes, mediante a conjugação de vários fatores, a saber: o doente deverá ser selecionado através de boa história clínica e perfeita observação; o cálculo da lente intra-ocular deverá ser realizado por técnico capacitado para tal e através de um biómetro de última geração como o IOL Master (infravermelhos); deverão ser usadas lentes intra-oculares de última geração (lentes prémium); deverão ser usadas técnicas cirúrgicas de microincisão que não induzam astigmatismo e cirurgiões com experiência quer do ponto de vista técnico quer do ponto de vista do conhecimento das indicações cirúrgicas.
Pós operatório na cirurgia de catarata
Na cirurgia de catarata, o pós operatório é de uma forma geral isento de complicações desde que sejam seguidas algumas recomendações essenciais do médico oftalmologista.
A cirurgia de catarata dura em média 10 minutos e a anestesia é realizada com colírios tópicos (gotas), possibilitando ao doente regressar a casa 30 minutos após a cirurgia e no dia seguinte realizar todas as tarefas, praticamente, de forma normal (pós cirurgia de catarata).
Na cirurgia de catarata são necessários alguns cuidados no pós operatório de modo a evitar complicações. Após a cirurgia, o doente deverá utilizar colírios conforme indicação do médico oftalmologista, no intuito de evitar infeções ou inflamações e deverá fazer repouso relativo nas primeiras 12 horas, isto é, não deverá sujeitar-se a esforços físicos, evitando complicações no pós operatório.
Recuperação na cirurgia de catarata
A recuperação de cirurgia de catarata por facoemuslsificação é muito rápida, visto ser realizada com anestesia tópica em ambulatório (os doentes não necessitam de internamento).
Comparativamente com os mais antigos, o uso dos aparelhos de facoemulsificação mais recentes, reduzem o calor e a vibração na ferida corneana, diminuindo a hipótese de rutura capsular, requerendo assim incisões corneanas menores, permitindo uma melhor e mais rápida recuperação após a cirurgia.
A recuperação visual após operação de catarata por facoemulsificação é quase imediata, isto é, normalmente a visão do doente às 24/48 horas (um a dois dias) atinge os valores decimais máximos. Além da recuperação visual rápida, a convalescença nestes doentes é muito curta, tornando o tempo de recuperação muito reduzido, podendo inclusivamente o doente ao outro dia da operação levar praticamente uma vida normal.
Cirurgia de catarata a laser
A cirurgia de catarata a laser também é possível, contudo esta tecnologia ainda não se impôs em relação à facoemulsificação, uma vez que é mais demorada, pode queimar a córnea e em cataratas com certa dureza não atua.
Existe também alguma confusão relativamente à utilização da tecnologia laser nas cirurgias oculares, por vezes originada pelo uso do laser nas cirurgia refrativa. Por isto, a cirurgia de catarata por facoemulsificação é também, frequentemente, apelidada pelos doentes de “cirurgia de catarata a laser”. Contudo, esta designação não é correta, pois na facoemulsificação são utilizados ultrassons e não laser.
A facoemulsificação é atualmente a tecnologia mais avançada na cirurgia da catarata.
Quanto custa uma cirurgia?
O preço da cirurgia de catarata varia de acordo com o tipo de lente intra-ocular (LIO), o subsistema (ex. ADSE, etc) ou plano de seguro de saúde do doente, entre outros.
Apenas o Médico Oftalmologista poderá estimar o valor da operação, após avaliação em consulta.