O daltonismo é a incapacidade ou diminuição da capacidade de ver a cor ou perceber as diferenças de cor em condições normais de iluminação. O daltónico é o indivíduo que padece de daltonismo, ou seja, significa que é incapaz ou tem dificuldade em distinguir as diferenças de cor. Por este motivo, a visão de um daltónico é, muitas vezes, apelidada de “cegueira para cores” ou “deficiência de visão das cores”.
Alguém com visão normal pode identificar e distinguir 150 tons de cores diferentes, no entanto, no daltónico este número começa a cair à medida que tem menos possibilidades de criar misturas de cores.
O daltonismo afeta uma percentagem significativa da população. Existe a possibilidade de as pessoas daltónicas pertencerem a ambos os sexos. Contudo, o daltonismo em homens (masculino) é mais frequente que o daltonismo em mulheres (feminino), devido à hereditariedade e aos cromossomas envolvidos. Veja mais informação em hereditariedade do daltonismo.
Teste de daltonismo
Faça, aqui, o teste de daltonismo online para saber se é daltónico. Para tal tem apenas que observar a imagem superior e tentar identificar a sequência dos números apresentados. Na linha superior, da esquerda para a direita, deverá identificar os números: 2, 29, 5, 42, enquanto que na linha inferior deverá identificar os números 6, 10, 57, 7. Note que este teste para daltónicos pretende apenas exemplificar o processo, podendo existir alterações na perceção das cores de acordo com o monitor do computador, a resolução utilizadas, etc pelo que o teste de daltonismo completo deverá ser realizado de modo a avaliar a real perceção das cores sempre pelo médico oftalmologista. Acresce que, como veremos mais tarde, para além do foro hereditário, o daltonismo pode ter origem em condições mais sérias, designadamente algumas doenças dos olhos, pelo que é importante que o diagnóstico através de um exame oftalmológico completo e orientação no tratamento sejam efetuados pelo médico oftalmologista.
O teste de daltonismo é um exame que permite perceber se o doente tem alguma deficiência na perceção das cores, ou seja, se estamos perante um indivíduo daltónico. O teste de ishihara foi introduzido no início do século passado e, desde então, é de longe o teste de deficiência de visão de cores mais conhecido em todo o mundo. O Dr. Shinobu Ishihara, do Japão, produziu três conjuntos de testes diferentes que são amplamente utilizados e tudo com base nas mesmas placas pseudoisocromáticas.
Nunca é de mais referir que para além do foro hereditário, o daltonismo pode ser provocado por condições mais sérias, como veremos mais tarde, pelo que é importante que o diagnóstico seja efetuado pelo médico oftalmologista.
Saiba, de seguida, como ocorre o daltonismo.
Discromatopsia
O daltonismo é denominado em termos científicos por discromatopsia ou discromopsia, podendo ocorrer de diferentes formas conforme as células da retina afetadas. No entanto, o termo daltonismo é mais vulgarmente conhecido e utilizado que o termo discromatopsia.
A retina é a parte do olho onde as imagens são formadas (recebidas) e posteriormente transmitidas ao cérebro através do nervo ótico. Numa retina normal, existem células chamadas de cones que são sensíveis à cor, sendo cada uma delas sensível a um determinado espetro luminoso (espetro das cores). A perceção da cor é efetuada por três diferentes tipos de cones. Cada tipo é sensível a um determinado comprimento de onda de luz (vermelho, verde e azul) e cada cor percebida é, portanto, uma mistura de estímulos destes três tipos de cones. Estes três tipos, a saber: "vermelho", "verde" e "azul" são cores primárias que permitem formar qualquer tonalidade de cor a partir destas três cores.
Qualquer alteração na constituição destas células pode originar alterações na receção das imagens através da retina e consequente “distorção” da imagem transmitida através do nervo ótico até ao cérebro.
Podemos identificar diferentes níveis de daltonismo conforme as células da retina afetadas e a intensidade com que são afetadas. A perceção das cores pode variar em função dessas alterações.
Sintomas do daltonismo
No daltonismo, os sintomas são, habitualmente, os seguintes:
- Dificuldade em distinguir as cores;
- Incapacidade de ver tons ou tons da mesma cor;
- Movimentos oculares rápidos (em casos raros).
Os sintomas de daltonismo são frequentemente observados pelos pais quando os filhos são jovens. Noutros casos de discromatopsia, os sintomas são tão reduzidos, que nem são percetíveis. Em muitas situações de daltonismo infantil, os sinais e sintomas não são sequer percetíveis pelas crianças ou pelos pais. A criança acredita que vê bem e sem qualquer dificuldade de distinção de cores, pois sempre foi a visão que teve.
Tipos de daltonismo
Podemos identificar diferentes tipos de daltonismo conforme a localização do defeito, ou seja, se ocorre nos cones vermelhos, nos verdes ou nos azuis. Como existem três tipos diferentes de recetores de cor, há também três diferentes formas principais: vermelho (protan), verde (deutan) e azul (tritan).
Em relação à dificuldade de distinguir as cores, podemos identificar dois principais tipos de daltonismo. Aqueles que têm dificuldade em distinguir entre o vermelho e o verde e aqueles que têm dificuldade em distinguir entre o azul e o amarelo.
Para além disso, a discromatopsia pode ser descrita como total ou parcial, com diferentes graus de daltonismo. No daltonismo total existe incapacidade de distinguir a cor, enquanto no parcial existe essa dificuldade, mas o daltónico tem alguma perceção da cor. O daltonismo total é muito menos frequente do que o daltonismo parcial.
Deficiências totais na discromatopsia
Em relação às deficiências nos cones (vermelho, verde, azul) e quando há deficiências totais podemos, então, classificar o daltonismo em 3 tipos distintos conforme descrevemos a seguir.
Protanopia
A protanopia é a deficiência total nos cones vermelhos. O daltónico que padece de protanopia tem dificuldade em distinguir as cores vermelhas.
Deuteranopia
A deuteranopia é a deficiência total nos cones verdes. O daltónico que padece de deuteranopia tem dificuldade em distinguir as cores verdes.
Tritanopia
A tritanopia é a deficiência total nos cones azuis. O daltónico que padece de tritanopia tem dificuldade em distinguir as cores azuis.
Deficiências parciais na discromatopsia
No caso de existirem apenas deficiências parciais nos cones (vermelho, verde, azul) podemos, então, classificar o daltonismo em:
Protanomalia
A protanomalia caracteriza-se pela deficiência parcial nos cones vermelhos. Contudo, enquanto na protanopia existe deficiência total, na protanomalia existe apenas deficiência parcial.
Deuteranomalia
A deuteranomalia é a deficiência parcial nos cones verdes. Porém, enquanto na deuteranopia existe deficiência total, na deuteranomalia existe apenas deficiência parcial.
Tritanomalia
A tritanomalia é a deficiência parcial nos cones azuis. Todavia, enquanto na tritanopia existe deficiência total, na tritanomalia existe apenas deficiência parcial.
Causas do daltonismo
No daltonismo, entre as causas mais comuns encontra-se uma falha no desenvolvimento de um ou mais conjuntos de cones da retina. Este tipo de daltonismo é, geralmente, uma condição hereditária e ligada ao sexo. Os genes que produzem fotopigmentos são produzidos no cromossomo X. Se, eventualmente, faltam ou se encontram danificados alguns desses genes, pode ocorrer o daltonismo.
O daltonismo é mais provável nos homens do que nas mulheres. Tudo isto se deve ao facto dos homens possuírem apenas um cromossoma X e as mulheres dois, sendo que um gene funcional apenas num dos cromossomas X é suficiente para produzir os fotopigmentos necessários.
O daltonismo também pode ser causado por danos físicos ou químicos nos olhos, nomeadamente na retina ou nervo ótico, ou de partes do cérebro. Doenças como o glaucoma, a diabetes e a esclerose múltipla, entre outras doenças são também possíveis causas do daltonismo.
Genética e daltonismo
O daltonismo é uma condição genética hereditária comum (herdado), isto é, significa que é normalmente transmitido pelos pais.
A cegueira da cor verde é passada de mãe para filho no cromossomo 23, que é conhecido como o cromossomo sexual porque também determina o sexo. Cromossomas são estruturas que contêm genes - estes contêm as instruções para o desenvolvimento de células, tecidos e órgãos. Se você for daltónico isso significa que as instruções para o desenvolvimento das suas células cone são defeituosas, que as células cone podem ser escassas, ou menos sensíveis à luz ou pode ser que o caminho a partir das células cone para o cérebro não se tenha desenvolvido corretamente.
O cromossomo 23 é composto por duas partes ou dois cromossomos X no sexo feminino ou um cromossomo X e um Y, no caso do sexo masculino. O "gene" defeituoso para o daltonismo encontra-se apenas no cromossomo X. Então, para um homem daltónico apresentar um gene defeituoso só tem de aparecer no seu cromossomo X. No caso da mulher daltónica devem estar presentes em ambos os seus cromossomas X. Se uma mulher tem apenas defeito num gene ela é conhecida como uma "transportadora", todavia não vai ser daltónica. Quando tiver um filho ela vai dar um dos seus cromossomas X à criança. Se transmitir o cromossoma X com o gene defeituoso ao filho, ele será daltónico, mas se ele receber o cromossomo “bom”, ele não será daltónico.
A filha daltónica, portanto, deve ter um pai que é daltónico e uma mãe que é portadora (que também passou o gene defeituoso à filha.
É, por isso, que a dificuldade em distinguir o verde / vermelho, é muito mais comum em homens. O daltonismo em mulheres é por esta razão que é menos frequente do que nos homens.
A dificuldade em distinguir a cor azul afeta homens e mulheres de igual forma porque é realizado num cromossomo não-sexual.
Daltonismo tem cura?
O daltonismo não tem cura. Contudo, existe na atualidade um grande esforço por parte da comunidade científica para conseguir encontrar uma cura para o daltonismo. Alguns avanços permitem-nos ter a esperança de que será possível curar o daltonismo no futuro, infelizmente no momento tal não é possível.
Na atualidade existem algumas formas que nos permitem de algum modo tratar o daltonismo, restituindo ao daltónico uma melhor qualidade de vida. Veja, de seguida, em que consistem essas medidas, mas note que não se tratam de medidas curativas do daltonismo, constituem apenas medidas para melhorar a qualidade de vida dos daltónicos.
Tratamento do daltonismo
No daltonismo têm surgido algumas formas de tratamento de modo a melhorar a qualidade de vida do daltónico. Estas formas pretendem apenas melhorar a vida do daltónico e não curá-lo. Entre essas formas de tratamento, poderemos destacar:
Óculos e lentes para daltónicos
Fabricantes de óculos e lentes para daltónicos afirmam que o seu produto pode melhorar a visão das cores dos pacientes daltónicos. Argumentam que é necessário algum tempo para se habituarem à sua utilização e aprender algumas novas cores, podendo ajudá-lo e melhorar a sua perceção das cores em determinadas situações.
Ferramentas
Existem algumas ferramentas feitas de filtros coloridos. Se olhar através dos filtros e por fora deles pode, definitivamente, distinguir mais cores. Isso pode ser uma vantagem para algumas tarefas específicas em determinadas profissões ou em algumas situações da vida quotidiana.
Em resumo, uma pessoa daltónica perante a incapacidade de distinguir as cores tem ao seu dispor algumas ferramentas e lentes que apenas pretendem, de alguma forma, melhorar a sua qualidade de vida, mas não são uma cura ou tratamento eficaz para o daltonismo.