A xeroftalmia ou queratomalacia é uma doença que é caracterizada pela deficiente qualidade ou quantidade de produção de lágrimas. Como consequência, a córnea não é lubrificada corretamente, ficando seca (olho seco).
A xeroftalmia também é conhecida como olho seco, queratomalacia, queratite xerótica ou ceratoconjuntivite seca.
As lágrimas têm uma composição bioquímica constituída por uma mistura complexa de proteínas e outros componentes que são fundamentais para a saúde e conforto dos olhos. As lágrimas têm a função de fornecer nutrientes e de humedecer as células da córnea (a estrutura transparente na parte anterior do olho), lubrificando e protegendo das infeções a superfície exposta do olho.
A xeroftalmia é uma doença ocular na qual ocorre a degeneração da conjuntiva e da córnea, que fica com um aspeto seco, enrugado e atrofiado. A córnea fica opaca e as glândulas lacrimais obstruídas, o que impede a secreção lacrimal que tem como função a lubrificação do globo ocular.
A progressão da xeroftalmia pode conduzir a doenças mais graves como é o caso da falcotomia e da ceratomalacia (a córnea fica muito seca e é perfurada pelo aparecimento de úlceras).
Diagnóstico de xeroftalmia
O diagnóstico de xeroftalmia é efetuado através da utilização do teste de Schirmer. Este teste permite avaliar a quantidade e a qualidade de lágrimas produzidas.
O diagnóstico de xeroftalmia é realizado, maioritariamente, em crianças, idosos e pessoas subnutridas e em regiões de subdesenvolvimento.
Causas de xeroftalmia
As causas da xeroftalmia podem estar relacionadas com aspetos ambientais, nomeadamente, uma prolongada exposição ao ar condicionado, ao fumo de tabaco, clima seco, poluição e contaminação ambiental.
O mau uso ou uso continuado de lentes de contato, assim como o excesso de uso de cosméticos, maquilhagem nos olhos podem também ser apontadas como causas da xeroftalmia, pois alteram o funcionamento das glândulas lacrimais.
A idade também é apontada como causa de xeroftalmia, na medida em que com o avançar da idade o nosso organismo vai diminuindo a produção de lágrimas, o que provoca a secura da córnea.
Apesar de ser menos frequente, a administração diária de certos medicamentos, especificamente, descongestionantes, anti-histamínicos, tranquilizantes, antidepressivos, anticoncecionais, diuréticos, anestésicos e fármacos usados na hipertensão arterial, podem ser as causas de surgimento da xeroftalmia.
O uso prolongado do computador e outros dispositivos eletrónicos podem também estar relacionados com o olho seco e vista cansada.
Saiba, aqui, tudo sobre as causas do olho seco.
Sintomas de xeroftalmia
Na xeroftalmia verificam-se os seguintes sinais e sintomas: desconforto ocular, que pode ser descrito como secura, ardor, sensação de areia ou prurido; vista cansada, comichão ocular, sensibilidade à luz (fotofobia) ou visão turva. A superfície da córnea fica seca e podem surgir úlceras de córnea e infeções bacterianas, as glândulas lacrimais e a conjuntiva ficam afetadas provocando uma disfunção no sistema lacrimal, afetando assim a normal produção de lágrimas.
Um sintoma muito recorrente da xeroftalmia é a dificuldade de visão noturna (hemeralopia), a chamada cegueira noturna, ou seja, o doente não apresenta uma boa adaptação visual em ambientes pouco iluminados.
O aparecimento de manchas brancas acinzentadas - manchas de Bitot, manchas ovais, triangulares ou de formato irregular com concentração de queratina localizadas superficialmente na conjuntiva, é também um dos sinais mais recorrentes desta patologia.
Pode ainda verificar-se perda de brilho ocular e um aspeto granular. Raramente ou em casos de extrema gravidade pode ocorrer a ulceração da córnea que pode progredir e originar a necrose e destruição do globo ocular, provocando cegueira irreversível (ceratomalacia).
A xeroftalmia pode ser um sintoma de outro distúrbio ocular, nomeadamente, inflamação das pálpebras e a ceratite, de doenças como o hipotiroidismo e doenças autoimunes, como por exemplo, a artrite reumatóide, o lúpus eritematoso sistêmico, a sarcoidose e a síndrome de Sjögren.
Xeroftalmia tem cura?
A xeroftalmia é uma doença ocular que tem cura desde que seja diagnosticada e tratada de forma correta e atempada. A sua recuperação é mais eficaz quando o diagnóstico é realizado precocemente.
Tratamento de xeroftalmia
O tratamento da xeroftalmia deve passar primeiramente por corrigir a falta de vitamina A, promovendo uma dieta rica em vitamina A e através da administração de suplementos vitamínicos. No caso dos suplementos é crucial ter em consideração o peso do paciente, na medida em que as quantidades elevadas de vitamina A também podem ser tóxicas.
No tratamento da xeroftalmia, o médico oftalmologista pode prescrever gotas ou pomadas de antibióticos para tratar as infeções oculares, caso elas existam. A administração de lágrimas artificiais pode, igualmente, ser eficaz no tratamento da xeroftalmia.
Em casos mais graves pode ser necessário o uso de medicamentos anti-inflamatórios e imunossupressores tópicos.
No caso da síndrome do olho seco, em que existe uma incorreta drenagem das lágrimas, podemos recorrer à cirurgia (ou operação) de modo a ocluir a via lacrimal.
Saiba, aqui, tudo sobre o tratamento do olho seco.
Xeroftalmia como prevenir?
A prevenção da xeroftalmia passa necessariamente pela proteção dos olhos contra os agressores externos, como o vento, a poeira, o fumo, etc..
Deve, assim, evitar-se a exposição ao ar condicionado, aquecedores e ambientes com fumo.
Os utilizadores de lentes de contacto devem evitar o uso continuado e proceder a uma correta higienização das lentes. Podem também ser usadas lágrimas artificiais para se proceder à lubrificação dos olhos.
O doente nunca se deve automedicar, na medida em que alguns medicamentos podem interferir com bom funcionamento do sistema lacrimal.
A alimentação deve também ser um aspeto valorizado na prevenção da xeroftalmia. Devemos fazer uma alimentação saudável e equilibrada, sendo importante incluir na dieta alimentos ricos em vitamina A, como por exemplo, cenoura, abóbora, pimento vermelho e amarelo, pêssegos, manga, brócolos, espinafre, escarola, salsa, leite, entre outros.