Lombalgia, ou dor lombar, refere-se à dor e desconforto na parte inferior das costas, na região lombar. Esta é uma das condições mais comuns na prática médica, afetando uma grande parte da população adulta. Estima-se que até 80% das pessoas possam vir a sofrer de lombalgia em algum momento da vida. Nos países desenvolvidos, cerca de 15 a 30% da população experiencia dor lombar crónica, tornando-se uma das principais razões para procurar assistência médica e uma das causas mais frequentes de baixas médicas e absentismo laboral.
Embora a dor lombar esteja frequentemente associada a problemas estruturais da coluna, como discopatias, hérnias discais ou artroses, existem várias outras causas possíveis, como fatores musculares, posturais ou até psicológicos ou psicossomáticos, o que pode complicar um diagnóstico preciso. Felizmente, na maioria dos casos, a lombalgia aguda é autolimitada, ou seja, melhora com o tempo e geralmente não necessita de exames complementares nem de tratamentos complexos. Contudo, em casos de lombalgia crónica ou recorrente, é importante procurar um diagnóstico correto e tratamento adequado para prevenir complicações.
Região lombar: a localização e importância na lombalgia?
A coluna vertebral é constituída por um conjunto de ossos chamados vértebras, que se articulam entre si através dos discos intervertebrais. Estes discos são estruturas essenciais para permitir o movimento e absorver o impacto durante as atividades diárias.
A coluna vertebral está dividida em várias regiões: cervical, torácica (ou dorsal), lombar, sagrada (sacral) e coccígea. A lombalgia refere-se à dor localizada na parte inferior das costas, mais precisamente na região lombar.
Lombalgia aguda e crónica: diferenças e características
Na maioria dos casos, a dor lombar surge de forma súbita, caracterizando a lombalgia aguda, que, embora possa ser intensa e incapacitante, é geralmente autolimitada e melhora ao longo de alguns dias ou semanas. No entanto, em alguns casos, a dor persiste por períodos mais longos, evoluindo para lombalgia crónica, quando a sua duração excede 12 semanas. A lombalgia crónica obriga a uma avaliação médica para identificar fatores os fatores que a predispõem.
Principais causas da lombalgia: fatores e riscos
A lombalgia pode ter múltiplas causas. Muitas vezes, surge ao realizar um movimento ou ao levantar um objeto, sendo conhecida como lombalgia de esforço. No entanto, na maioria dos casos crónicos, está relacionada com as alterações degenerativas que ocorrem na coluna à medida que envelhecemos. Este processo de degeneração começa cedo, por volta dos 30 anos, tornando a coluna mais suscetível à dor, especialmente quando sujeita a atividades laborais ou recreativas exigentes, levando ao aparecimento da lombalgia mecânica.
Outras causas incluem lesões ou degeneração dos discos intervertebrais, artrose da coluna (espondilose), deslizamento das vértebras (espondilolistese) ou compressão dos nervos da coluna (estenose vertebral). Embora a escoliose infantil ou adolescente não provoque dor, no adulto pode estar associada à artrose e à instabilidade da coluna, resultando em queixas lombares. Durante a gravidez, mais de metade das mulheres refere dor na região lombar, que normalmente desaparece espontaneamente após o parto. Além disso, muitas doenças, de maior ou menor gravidade e não diretamente relacionadas com a coluna, podem manifestar-se com lombalgia, complicando o diagnóstico e dificultando a identificação precisa da causa.
Como diagnosticar a lombalgia: sintomas e exames
Os principais sintomas da lombalgia incluem dor, desconforto ou tensão na região lombar. A intensidade da dor pode variar ao longo do dia, alterando-se com o movimento, a postura ou a atividade física. Sentar ou deitar tende a aliviar os sintomas em muitas pessoas. A dor pode ser localizada ao centro das costas ou mais lateral, ou então apresentar-se de forma mais difusa. Outros sintomas possíveis incluem rigidez, dor irradiada para as nádegas, virilha ou pernas, ciática, dormência ou perda de força.
Dores lombares que persistem, acompanhadas de febre, arrepios ou perda de peso, são sinais de alerta, e o doente deve procurar assistência médica imediata.
O diagnóstico é geralmente evidente na maioria dos casos e, para lombalgia aguda, não são habitualmente necessários exames complementares. No entanto, em situações de sintomas persistentes, após um traumatismo, ou na presença de febre ou emagrecimento inexplicado, devem ser realizados exames auxiliares de diagnóstico. Radiografias (Raio-X) podem evidenciar sinais de artrose da coluna, mas a sua utilidade é limitada, dado que estas alterações podem estar presentes em pessoas sem sintomas. Dependendo do exame clínico, podem ser solicitados exames como análises sanguíneas, Tomografia Computorizada (TAC), Ressonância Magnética (RMN), Cintigrafia óssea ou Densitometria óssea (DEXA).
A lombalgia tem cura?
A lombalgia é um dos problemas médicos mais frequentes. Felizmente, as situações agudas são habitualmente autolimitadas, não necessitando de tratamento específico.
Saiba, de seguida, como tratar a lombalgia.
Tratamento da lombalgia
O tratamento conservador, ou seja, não cirúrgico, é recomendado na maioria dos casos e mostra-se eficaz:
- Medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos podem aliviar a dor e permitir uma reabilitação mais adequada;
- Fisioterapia, que pode incluir aplicação de calor, gelo, massagem, ultrassons ou eletroestimulação. O reforço muscular ativo e o treino cardiovascular também são recomendados.
Coletes ou ortóteses lombares podem ser úteis para alguns pacientes, mas o seu uso prolongado pode causar descondicionamento muscular, sendo, por isso, desaconselhado o uso contínuo.
O repouso pode ser necessário temporariamente, mas deve ser evitado o descanso prolongado. A recuperação ativa é preferível para a reabilitação.
Determinados pacientes podem beneficiar de intervenções minimamente invasivas, como infiltrações articulares, bloqueios nervosos ou radiofrequência, mas também estes apresentam resultado clínico variável. A cirurgia, que pode envolver a fusão de segmentos vertebrais ou a substituição de discos intervertebrais (prótese ou artroplastia de disco), é raramente indicada na lombalgia e só deve ser considerada após a falência dos tratamentos não cirúrgicos.
Prevenção da lombalgia: dicas para evitar a dor lombar
Embora não seja possível evitar completamente a lombalgia, existem várias medidas que podem ser adotadas para reduzir o seu impacto no dia a dia:
- Exercício físico regular, combinando treino cardiovascular (como caminhada, corrida ou bicicleta) com reforço da musculatura postural e alongamentos (ex: Pilates, Yoga, reforço do core);
- Dieta equilibrada e variada, que ajude a manter um peso saudável;
- Evitar o tabagismo;
- Manter uma postura correta, seja em pé, sentado ou ao levantar objetos;
- No ambiente de trabalho, evitar ficar demasiado tempo sentado ou em pé na mesma posição.A cada hora fazer pequenos exercícios de mobilização e relaxamento.