A luxação do ombro ou “ombro deslocado” é uma lesão na qual ocorre perda do contato e congruência entre as duas superfícies da articulação do ombro ou articulação glenoumeral (cabeça do úmero e cavidade glenóidea). Veja imagens superiores.
A luxação do ombro pode ocorrer quer no ombro esquerdo quer no ombro direito e classifica-se em luxação anterior (para a frente), posterior (para trás), superior (para cima) ou inferior (para baixo), consoante a direção de deslocação da cabeça do úmero. Designamos por subluxação do ombro quando esta perda de contato não é total.
O ombro é constituído por três ossos, a saber: omoplata, o úmero (osso do braço) e a clavícula. Existem também três articulações no ombro. Habitualmente, quando nos referimos à luxação do ombro estámos a referir-nos aquela que atinge a articulação glenoumeral que vimos anteriormente. No entanto, o ombro também inclui mais duas articulações acessórias, pelo que também pode ocorrer a luxação da acromioclavicular ou luxação esternoclavicular. De acordo com a gravidade e o grau de instabilidade que condicionam, podem também ser classificadas em luxação do ombro grau 1, luxação do ombro grau 2 ou mesmo grau 3, consoante se trata de uma distensão, rotura parcial ou rotura ligamentar completa".
O ombro luxado é uma situação complexa, que exige atuação médica imediata no sentido de a reduzir (recolocar na posição anatómica original). Veja mais informação em tratamento.
Causas de luxação do ombro
As causas mais frequentes de luxações nos adultos, são as traumáticas e ocorrem especialmente no desportista, quer por traumatismo direto do ombro quer por mecanismo de tração e torção da mesma.
Os desportos de contacto, como por exemplo o andebol, são os que mais episódios de luxação provocam, embora outros, como por exemplo a prática de musculação ou levantamento de pesos, também possam contribuir para a sua ocorrência.
Já no bebé ou na criança os episódios de luxação são raros.
Sintomas de luxação do ombro
Os sinais e sintomas que habitualmente ocorrem com a luxação do ombro são a dor, habitualmente muito intensa e o aparecimento de deformidade com o desaparecimento do contorno deltóideo arredondado.
O braço apresenta impotência funcional marcada, estando com as mobilidades bloqueadas na posição em que luxou e que são:
- rotação externa e abdução ligeira – na luxação anterior;
- rotação interna e adução – na luxação posterior;
- abdução superior a 90ª – na luxação inferior (ou ereta).
É importante verificar se existem lesões vasculares ou nervosas associadas, através da pesquisa de pulsos periféricos e exame neurológico após a redução.
Diagnóstico de luxação do ombro
O diagnóstico de luxação do ombro é feito pelo médico ortopedista e exige, por vezes, elevado índice de suspeição, com recurso a um exame físico cuidadoso e de exames auxiliares como a radiografia (RX) , em incidência especiais, tomografia axial computorizada (TAC) para confirmar a posição da cabeça e a existência de leões ósseas associadas, e ressonância magnética(RM) para melhor estudar as lesões de partes moles, nomeadamente o labrum e a cápsula.
Luxação do ombro tem cura?
A luxação do ombro pode evoluir para a cura definitiva depois de reduzida, imobilizada e reabilitada adequadamente.
A recuperação deve ser sempre supervisionada por especialista em patologia do ombro. O tempo de recuperação é variável consoante se trata de um primeiro episódio ou de uma recidiva.
Saiba de seguida, como tratar a luxação do ombro.
Tratamento de luxação do ombro
Em caso de ocorrer uma luxação do ombro deve ser efetuada uma correta avaliação clínica e imagiológica para determinar a posição da cabeça do úmero e excluir lesões associadas, como por exemplo fraturas do úmero ou omoplata.
O tratamento consiste depois em colocar o “ombro deslocado no lugar”, isto é, fazer a redução do ombro.
Existem várias técnicas de redução, mas todas consistem em fazer tração sobre o membro afetado e manipular suavemente a cabeça do úmero para a sua posição anatómica habitual.
Depois deve-se imobilizar o ombro luxado através de uma suspensão braquial, normalmente com uma banda torácica para manter o membro superior junto ao corpo e ter um efeito protetor para o ombro.
A prescrição de anti-inflamatórios, isto é, medicamentos ou remédios para aliviar a dor e inflamação, assim como fazer a aplicação local de gelo, podem ajudar a obter o efeito analgésico que se pretende.
Após retirar a imobilização e iniciar a fisioterapia, por volta das 3 semanas, o calor poderá ser um agente com interesse na recuperação da amplitude articular. Em alguns casos o doente desenvolve um quadro de rigidez extrema, resistente ao tratamento, a chamada capsulite adesiva. Nesta situação uma infiltração poderá ajudar a resolver o problema.
Saiba, aqui, o que é capsulite adesiva.
O tratamento fisioterapêutico passa depois por efetuar exercícios para fortalecer a musculatura da forma mais natural e progressiva possível.
O tratamento cirúrgico reserva-se para situações em que a redução por manipulação não é possível ou quando esta se torna recidivante.
Recidiva de luxação do ombro
A luxação recidivante do ombro é uma situação que geralmente ocorre quando o 1º episódio de luxação surge em idade mais jovem. Abaixo dos 30 anos a taxa de recidiva é superior a 50%.
Habitualmente, quanto mais episódios de recidiva o doente sofrer, mais facilmente esta passa a acontecer e mais difícil se torna a sua resolução cirúrgica.
Cirurgia de luxação do ombro
A cirurgia para estabilização do ombro (a operação de Bankart ou a de Latarjet), está indicada na luxação recidivante, após cuidadosamente ponderar os riscos e complicações que podem ocorrer.
A operação de Bankart consiste em fazer a reparação das estruturas danificadas pela luxação, o labrum e o ligamento gleno-umeral inferior, considerados os principais estabilizadores do ombro.
A operação de Latarjet consiste em formar um batente ósseo, fixando com 2 parafusos um pequeno enxerto transferido da coracóide e impedindo assim a luxação da cabeça.
Atualmente, é possível efetuar ambas as cirurgias com recurso a técnicas minimamente invasivas, isto é, artroscopia. Esta permite, em geral, um pós operatório menos doloroso, com cicatrizes mais pequenas e uma reabilitação mais rápida e fácil.
O tempo de repouso é habitualmente não inferior a 1 mês e a recuperação com retoma da atividade desportiva ronda os 4 a 6 meses.
Prevenção de luxação do ombro
A prevenção das lesões passa por efetuar exercícios específicos de reforço dos rotadores, combinada com treino propriocetivo. É também importante, a consciencialização do doente sobre as posições do membro superior que favorecem a luxação e que, por isso, deverá evitar.
Em casos raros, poderá ser necessária uma alteração das suas atividades ou uma eventual adaptação da modalidade desportiva a praticar.