A prótese unicompartimental femoro-tibial, também conhecida como prótese parcial de joelho, é uma possibilidade técnica de artroplastia de joelho indicada para tratar casos de gonartrose (artrose do joelho) localizada apenas num dos compartimentos do joelho.
Esta cirurgia é uma alternativa menos invasiva quando comparada com a prótese total, indicada quando o desgaste ou dano articular está limitado a uma região, preservando as partes saudáveis da articulação.
Durante a cirurgia de joelho, o médico substitui a cartilagem e o osso danificados do compartimento afetado por componentes metálicos e plásticos que restauram o movimento do joelho. Essa abordagem mantém os ligamentos cruzados e outras estruturas saudáveis, proporcionando uma sensação mais natural ao paciente.
Vantagens da prótese unicompartimental femoro-tíbial
Em comparação com as próteses totais, a prótese parcial oferece várias vantagens, a saber:
- Cirurgia menos invasiva: Preserva as estruturas saudáveis, como ligamentos cruzados, e requer menos remoção de osso;
- Recuperação mais rápida: Menor tempo de reabilitação no pós-operatório;
- Maior mobilidade: Sensação mais próxima da anatomia natural do joelho;
- Menor impacto geral: A técnica reduz o trauma na articulação.
Essa solução é ideal para pacientes que apresentam gonartrose localizada e estabilidade dos ligamentos cruzados, permitindo maior preservação da articulação natural.
Possíveis riscos, complicações na cirurgia
Embora a cirurgia seja segura, como qualquer procedimento, existem riscos e possíveis complicações:
Algumas complicações precoces são comuns a qualquer cirurgia do joelho, designadamente:
- Infeção: Rara, mas pode ocorrer no local da cirurgia;
- Trombose venosa profunda: Formação de coágulos sanguíneos, prevenidos com medicação e movimentação precoce.
Outras manifestam-se numa fase mais tardia tal como na prótese total do joelho, nomeadamente:
- Descolamento dos componentes: Uma das complicações tardias, minimizada com as melhorias nas técnicas de cimentação ou com a opção por modelos de integração óssea não cimentados;
- Fratura periprotésica: Pode ocorrer em alguns casos, sobretudo no lado tibial;
- Dor persistente ou rigidez articular: Pode ocorrer nalguns casos, mas é muito menos prevalente do que na prótese total.
A complicação mais prevalente a longo prazo, específica desta opção cirúrgica, é a necessidade de reoperação por progressão da artrose no restante joelho.
É fundamental discutir todas as possíveis complicações com o médico antes da cirurgia.
Prevenção de complicações e cuidados no pós-operatório
Para minimizar os riscos e garantir uma recuperação adequada, seguem algumas recomendações:
- Movimentação precoce: Iniciar caminhadas leves no dia seguinte à cirurgia, com orientação do fisioterapeuta;
- Prevenção de trombose: Uso de meias compressivas e, quando necessário, medicamentos anticoagulantes;
- Reforço muscular contínuo: Prática de exercícios supervisionados para fortalecer o quadríceps e isquiotibiais, fundamentais para a estabilidade do joelho;
- Evitar sobrecarga: Respeitar os limites do corpo durante o período de recuperação e evitar atividades que possam forçar a articulação.
O sucesso da prótese unicompartimental femoro-tibial depende de uma combinação de técnica cirúrgica adequada, adesão ao programa de fisioterapia e manutenção de um estilo de vida ativo, porém cuidadoso.
Reabilitação, recuperação após cirurgia
A recuperação da prótese unicompartimental femoro-tibial geralmente é mais rápida do que a de uma prótese total de joelho, graças à natureza menos invasiva do procedimento.
Etapas da recuperação e reabilitação:
- Pós-operatório imediato (primeiros dias): Controle da dor e inchaço com medicação, aplicação de gelo e repouso. Início de mobilização leve com o auxílio de um fisioterapeuta;
- Fisioterapia intensiva (2-6 semanas): Exercícios focados no fortalecimento muscular, restauração da amplitude de movimento e melhoria da estabilidade;
- Voltar à atividade normal (6-12 semanas): Progressiva retomada das atividades diárias, incluindo caminhadas e exercícios leves. Para pacientes ativos, o regresso a práticas desportivas de baixo impacto pode ser discutido após avaliação médica.
A adesão à reabilitação e a prática regular de exercício físico são fundamentais para o sucesso do tratamento, permitindo que o paciente alcance uma recuperação funcional completa em poucas semanas.
Desporto recomendado após a cirurgia
Após a recuperação, muitos pacientes podem retomar atividades físicas, desde que sejam respeitados os limites impostos pela prótese e pelas condições do joelho. A escolha do desporto ideal deve ter em consideração a preservação da prótese, evitando impactos excessivos que possam comprometer a sua durabilidade.
Atividades recomendadas
- Caminhada e caminhada rápida: Excelentes para manter o condicionamento físico sem sobrecarregar o joelho;
- Natação: Baixo impacto e fortalecimento muscular, ideal para melhorar a amplitude de movimento;
- Ciclismo: Beneficia o fortalecimento dos músculos da coxa e promove a mobilidade articular;
- Yoga e Pilates: Ajudam a melhorar o equilíbrio, a flexibilidade e a estabilidade articular;
- Golfe: Uma opção de lazer que não impõe grande carga ao joelho;
- Treino de força leve: Desde que focado em fortalecer os músculos ao redor do joelho, como quadríceps e isquiotibiais, sem exageros.
Atividades a evitar
- Corrida e saltos: Podem causar desgaste precoce da prótese;
- Desportos de impacto: Futebol, basquete, ténis e outros desportos que envolvam mudanças bruscas de direção ou contacto físico devem ser evitados;
- Esqui ou snowboard: Estes desportos apresentam alto risco de torções e quedas, que podem comprometer o joelho operado.
Considerações gerais
Antes de iniciar qualquer desporto, é fundamental consultar o médico ou fisioterapeuta para avaliar a condição do joelho e adaptar as atividades às necessidades e limitações do paciente. Uma abordagem gradual ao exercício é essencial, com especial incidência em atividades que promovam o fortalecimento, a estabilidade e a saúde geral da articulação.
Prognóstico e resultados após a cirurgia
A implantação da prótese parcial de joelho apresenta uma taxa de sucesso elevada, especialmente quando bem indicada e acompanhada por um programa de reabilitação estruturado.
A maioria dos pacientes relata melhora significativa na dor e na função articular, permitindo o retomar da atividade normal em poucas semanas.
A longevidade da prótese varia, mas vários estudos demonstram que os componentes podem durar de 10 a 15 anos ou mais, dependendo de fatores como:
- Nível de atividade física do paciente;
- Qualidade da técnica cirúrgica e alinhamento correto da prótese;
- Aderência ao programa de fortalecimento muscular e cuidados pós-operatórios.
Apesar dos excelentes resultados, atividades de alto impacto, como corrida e saltos, devem ser evitadas para prolongar a vida útil da prótese.