O síndrome do túnel cubital ou ulnar é uma doença que se caracteriza pela compressão do nervo cubital ou nervo ulnar a nível do cotovelo, originando uma neuropatia cubital. Nas fases iniciais, a neuropatia cubital é essencialmente sensitiva, manifestando-se por sintomas sensitivos, como adormecimento ou parestesias a nível da região cubital (interna) da mão. Com a evolução da compressão e consequente lesão do nervo cubital, ocorre atingimento das fibras motoras do nervo, originando atrofia dos músculos inervados pelo nervo cubital abaixo do cotovelo.
O nervo cubital ou ulnar, no seu trajeto ao longo do membro superior, pode ser comprimido a vários níveis, sendo o cotovelo a localização mais frequente. A neuropatia resultante, conhecida como síndrome do túnel cubital, é a segunda neuropatia mais frequente do membro superior, a seguir ao síndrome do canal cárpico
Mais frequentemente, a doença ocorre apenas num dos lados mas pode ser bilateral.
Anatomia do túnel cubital
O nervo cubital ou ulnar atravessa a região do cotovelo, percorrendo um trajeto através da fossa cubital constituída por um túnel osteoligamentar denominado túnel cubital ou canal cubital. Este canal é constituído pelos seguintes limites: um teto ligamentar formado pelo ligamento de Osbourne, também chamado de ligamento arqueado, uma vez que forma uma ponte ou arcada sobre o nervo cubital, e um chão constituído por osso, cápsula articular e o ligamento colateral medial.
Depois de emergir deste túnel, o nervo cubital inerva vários músculos, nomeadamente o músculo flexor profundo do 4º e 5º dedos e muitos dos pequenos músculos intrínsecos da mão, conhecidos como musculatura intrínseca da mão. É ainda responsável pela inervação sensitiva da região cubital do antebraço e da mão.
A possibilidade de compressão do nervo no interior do túnel, associado à sua posição superficial e o aumento da tensão e tração com a flexão do cotovelo fazem do nervo cubital susceptível a neuropatia por compressão.
Causas do síndrome do túnel cubital
Embora em cerca de 10-30% dos casos não seja possível identificar uma causa (casos idiopáticos), as causas mais frequentemente identificadas são:
- Compressão direta do nervo a nível do cotovelo pelo posicionamento do braço ou pelo espessamento das estruturas à volta do nervo ou pela presença de um músculo “extra” sobre o nervo que o impede de funcionar normalmente;
- Estiramento do nervo pelo posicionamento prolongado do cotovelo em flexão , que origina diminuição da área do túnel e aumento da pressão no seu interior;
- Subluxação do nervo com a mobilização do cotovelo, que causa irritação do nervo;
- Sequelas de trauma do cotovelo;
- Artrose do cotovelo;
- Alterações metabólicas (ex: diabetes).
O síndrome do túnel cubital está frequentemente associado à atividade profissional (doença ocupacional), sobretudo em profissões em que o trabalhador passa muito tempo com os cotovelos fletidos, sendo o risco agravado se os cotovelos estão apoiados numa superfície dura. Caso se verifiquem estas condições, o síndrome do túnel cubital pode ser reconhecido como doença profissional.
Sintomas e diagnóstico
O diagnóstico do síndrome do túnel cubital é essencialmente clínico. A sintomatologia permite ao ortopedista fazer o diagnóstico na maior parte das situações.
À medida que a situação agrava, os doentes começam a referir fraqueza da mão, uma vez que o nervo cubital é o principal responsável pela inervação da musculatura intrínseca da mão. Em casos graves ou de evolução arrastada, pode existir atrofia marcada dos pequenos músculos da mão e músculos da região cubital do antebraço.
O exame clínico é muito importante, na pesquisa de sinais de compressão do nervo cubital a nível do cotovelo, como a garra do 4º e 5º dedos (por hiperextensão das articulações metacarpofalângicas e flexão das interfalângicas) e a atrofia da musculatura intrínseca da mão. Existem ainda diversos testes clínicos, direcionados para a avaliação da função sensitiva ou motora, que ajudam o ortopedista a confirmar o diagnóstico.
A eletromiografia e os estudos de condução nervosa são exames que podem ajudar não só a confirmar o diagnóstico, mas também a localizar o nível de compressão e excluir outros locais de compressão ou outras patologias.
Síndrome do túnel cubital tem cura?
O síndrome do túnel cubital tem cura através do tratamento direcionado e individualizado. Na maioria dos casos, o tratamento permite a recuperação completa dos sintomas, sem sequelas.
Saiba, de seguida, como tratar o síndrome do túnel cubital.
Tratamento da síndrome do túnel cubital
O tratamento conservador é geralmente o procedimento de primeira escolha, sobretudo nos casos de compressões ligeiras do nervo cubital.
Este tratamento deve começar com o uso de anti-inflamatórios não esteroides e a modificação da atividade, em que os doentes devem evitar posições e atividades que combinam flexão do cotovelo e pressão no nervo, tais como, falar ao telefone, apoiar o cotovelo fletido, dormir sobre o braço e com o cotovelo fletido.
O uso de uma tala noturna que mantém o cotovelo em extensão pode ser uma opção em alguns casos. Existem ainda ortóteses que protegem o nervo da compressão direta e que podem ser usados durante todo o dia.
A fisioterapia também pode ser útil e deve incluir exercícios de alongamento muscular e deslizamento nervoso.
Cirurgia no síndrome do túnel cubital
O tratamento atualmente aceite para os casos em que o tratamento conservador não se revelou eficaz e nos doentes com sintomas significativos de dor e parestesias ou fraqueza com atrofia da musculatura intrínseca da mão devido a compressão nervosa no cotovelo, é a descompressão cirúrgica do nervo cubital.
A cirurgia consiste numa incisão na pele da região posterior e interna do cotovelo para a libertação do nervo cubital no seu túnel e, quando necessário, é feita a sua transposição para uma posição anterior no cotovelo. A operação é feita sob anestesia geral e tem a duração aproximada de 30 minutos.
Rriscos, complicações na cirurgia
Para a maioria dos doentes, a cirurgia do síndrome do túnel cubital comporta poucos riscos, especialmente se realizada por uma equipa experiente. No entanto, como em qualquer cirurgia, é necessária uma avaliação pré-operatória individualizada.
As complicações da cirurgia são raras, sendo a mais frequente a dor no local da cicatriz.
Pós operatório da cirurgia
No pós-operatório, o doente deve começar a mobilizar o cotovelo de imediato e os pontos são removidos entre o 12º e 15º dia de pós-operatório.
Deve haver uma restrição do peso sobre o membro operado durante cerca 1 mês, após o que o doente inicia exercícios de fortalecimento muscular e pode retomar a atividade sem restrições ao fim de 2 meses de pós-operatório.
A fisioterapia apenas é necessária nos casos em que a recuperação da mobilidade completa do cotovelo não ocorre até às 2-3 semanas de pós-operatório.
Recuperação após cirurgia
O tempo de recuperação é curto. O doente começa a mobilizar o cotovelo de imediato após a cirurgia, ao fim de 1 mês pode aumentar progressivamente a resistência e ao fim de 2 meses pode retomar a atividade normal, sem limitações.
Diversos estudos têm demonstrado que a idade avançada e a duração e gravidade pré-operatória dos sintomas são os principais fatores de prognóstico, afetando negativamente a recuperação sensitiva e motora pós-operatória.
Doentes com sintomas mais prolongados possuem risco acrescido de não obterem uma recuperação clínica completa. Por esse motivo, o doente deve procurar tratamento numa fase inicial, quando os sintomas são ainda predominantemente sensitivos, por forma a obter uma recuperação completa.
Globalmente, a taxa de satisfação dos doentes com a cirurgia é muito elevada.
Quanto custa uma cirurgia?
O preço da cirurgia pode variar em função de um conjunto variado de fatores. Apenas o médico ortopedista poderá estimar os custos da cirurgia após avaliação em consulta.
O valor pode também diferir de acordo com o subsistema de saúde do doente.