Amigdalite

Fotos de tipos de amigdalite

O que é amigdalite?

A amigdalite é a inflamação das amígdalas. Sintomas como dor de garganta e de cabeça, febre, alterações da voz, halitose (mau hálito), dificuldade na deglutição (dificuldades em engolir), entre outros, são frequentes na amigdalite, como veremos adiante.

A amigdalite é tipicamente atribuída à inflamação das amígdalas palatinas (veja imagens), contudo estas não são as únicas presentes na via aérea superior. Na parte posterior da língua, existem amígdalas linguais que podem também ser afetadas por processos inflamatórios (amigdalites linguais). É uma situação rara, mas com um quadro clínico mais severo e muitas vezes resistente às principais terapêuticas. Em casos extremos, as amigdalites linguais podem colocar em risco a própria via aérea.

As amigdalites são mais frequentes em idade pediátrica, mas também podem ocorrer em idade adulta. Entre as doenças da garganta, a amigdalite é das patologias mais prevalentes.

Durante um processo de amigdalite, a garganta encontra-se inflamada podendo interferir com a alimentação e, em casos extremos, causar algum grau de dispneia (falta de ar). Uma faringite aguda pode preceder o aparecimento da amigdalite, tratando-se neste cenário de uma faringoamigdalite.

A amigdalite é geralmente um processo bilateral, contudo pode afetar apenas umas das estruturas, sendo neste caso uma amigdalite unilateral. Contudo, um processo infeccioso unilateral muito exuberante deve alertar para possíveis complicações como abcesso, fleimão ou doença linfoproliferativa.

Do ponto de vista da sua apresentação clínica, as amigdalites podem ser divididas em:

  • Amigdalite aguda – a amigdalite aguda é um processo inflamatório pontual associada a dor de garganta com evolução rápida, e cuja sintomatologia apresenta geralmente uma duração entre 5 a 7 dias, com o tratamento adequado. Muitas vezes acompanhada por mal-estar, prostração, dificuldade na deglutição e dores de cabeça. Em casos de colonização bacteriana, a febre pode ser alta e as amígdalas apresentam um exsudado purulento difuso à sua superfície.
  • Amigdalite crónica – a amigdalite crónica caracteriza-se por um processo de amigdalite de repetição ou amigdalite recorrente. Nesses casos, os agentes patológicos podem afetar de forma permanente as amígdalas e provocar processos inflamatórios recorrentes.

Causas de amigdalite

As amigdalites podem subdividir-se segundo as suas causas ou segundo a sua apresentação clínica.

De um ponto de vista causal, a amigdalite pode ser viral ou vírica (causada por vírus), sendo esta a etiologia mais frequentemente encontrada. Os vírus mais implicados são o adenovirus, rhinovirus, vírus influenza, coronavirus, e vírus sincicial respiratório. A amigdalite bacteriana (causada por bactérias) costuma ser provocada pela bactéria Streptococcus ß-hemolitico grupo A, dando origem a amigdalite pultácea ou estreptocócica.

Os fungos também podem estar implicados (amigdalite fúngica), contudo esta etiologia é muito pouco frequente em doentes imuno-competentes.

Alguns casos podem ser descritos como necrosantes (a mais frequente inclui a Angina de Vincent). No entanto, nesses casos deve excluir-se causa oncológica subjacente.

A amigdalite caseosa, ou presença de caseum amigdalino é uma situação benigna e não inflamatória. Frequentemente confundida com amigdalite pultácea devido a presença de pontos brancos a superfície das amígdalas, geralmente não está associada a nenhum sintoma específico, mas pode provocar casos de halitose ou mal hálito, bem como em raras situações desconforto inespecífico na garganta.

Amigdalite infantil

A amigdalite infantil (amigdalite em crianças) é um processo inflamatório semelhante ao descrito anteriormente, mas que se associa muito frequentemente a inflamação concomitante das adenóides. Ou seja, nas crianças, o processo inflamatório também pode afetar as adenóides (estrutura linfóide situada na porção posterior da cavidade nasal, a rinofaringe), tratando-se neste cenário de uma adenoamigdalite.

Um dado característico em crianças muito jovens é a presença de saliva excessiva e redução franca do apetite. As amigdalites costumam ocorrer depois dos 12-18 meses de idade, e podem ocorrer de forma recorrente em certos bébés ou crianças. Nesses casos, o processo de repetição é travado com recurso a vacinas preventivas, ou cirurgia em casos de não se conseguir travar este ciclo infeccioso. Veja mais informação em tratamento da amigdalite.

Sintomas de amigdalite

Os sinais e sintomas de amigdalite são os seguintes:

  • Garganta inflamada e dor de garganta;
  • Dificuldade na deglutição;
  • Cefaleias ou dores de cabeça;
  • Mal-estar geral;
  • Febre;
  • Dor de ouvidos (mas observação por otoscopia costuma ser normal);
  • Voz alterada;
  • Amígdalas “inchadas”, com rubor e podendo apresentar placas esbranquiçadas na sua superfície (pus);
  • Halitose (mau hálito).

A duração da sintomatologia costuma variar entre 5 a 7 dias.

Amigdalite é contagiosa?

A amigdalite é um processo contagioso, ou seja, que se transmite ou se “pega” de pessoa para pessoa. A doença é transmissível através da tosse, espirros ou através da transmissão de gotas de saliva.

No caso das crianças, este contágio pode ocorrer pelo uso de brinquedos contaminados e partilhados pelas crianças, etc..

Diagnóstico da amigdalite

O diagnóstico da amigdalite é feito geralmente por observação médica da cavidade oral e constatação do processo inflamatório na garganta. Na larga maioria dos casos, não são necessários exames complementares, a não ser no caso de suspeita de complicações. A pesquisa sistemática de níveis de TASO (anti-estreptolisina) não é atualmente recomendada.

Tratando-se de uma situação comum, praticamente todos os médicos têm capacidade para fazer o diagnóstico. Em casos duvidosos, sintomas exuberantes ou suspeita de complicação, o médico responsável pelo diagnóstico da amigdalite é o Otorrinolaringologista (especialista em otorrinolaringologia).

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Complicações da Amigdalite

A amigdalite é geralmente uma inflamação passageira e que se resolve vulgarmente ao fim de 5-7 dias. No entanto, pode causar complicações graves em casos pontuais.

A complicação mais frequente é o abcesso peri-amigdalino. Trata-se, geralmente, de um fenómeno unilateral em que há um “empurramento” para a linha média da amígdala em questão. O abcesso pode atingir grandes dimensões e colocar em causa a via aérea superior. Nestes casos, exige-se uma drenagem cirúrgica urgente, sob anestesia local ou anestesia geral (esta geralmente reservada aos abcessos em idade pediátrica).

Em alguns casos, mesmo não havendo abcesso, a hipertrofia das amígdalas é de tal ordem, que impossibilita qualquer alimentação oral (líquida e sólida), obrigando ao internamento em regime hospitalar para início de terapêutica endo-venosa. Raramente, a amigdalite pode também estar associada a complicações cardíacas (miocardite e patologia valvular), articulatórias (dores recorrentes) ou neurológicas.

A amigdalite na gravidez pode ocorrer nos mesmos moldes atrás referidos, mas nesses casos a terapêutica a instituir terá que ter em conta as restrições que a própria gravidez impõe na escolha do tratamento, nomeadamente na escolha da antibioterapia.

Amigdalite tem cura?

A amigdalite é um processo, geralmente, benigno, que evolui favoravelmente e que passa ao fim de 5-7 dias com o tratamento adequado.

Saiba, de seguida, como tratar a amigdalite.

Tratamento de amigdalite

Na amigdalite vírica, o tratamento passa primariamente por fazer medicação (analgésicos, anti-inflamatórios ou anti-piréticos) para aliviar a dor e baixar a febre. Habitualmente, o medicamento ou remédio utilizado é o paracetamol e/ou ibuprofeno. Uma boa hidratação (beber bastantes líquidos como água natural, chãs, etc.) e realizar repouso são importantes medidas para uma melhor e mais rápida recuperação.

Em casos de febre ou sintomatologia persistente ou confirmação de amigdalite bacteriana ou pultácea, deverá instituir-se antibiótico. O antibiótico mais indicado nessas situações costuma ser a penicilina ou amoxicilina com ou sem ácido clavulânico. Em caso de alergia, a segunda linha inclui antibiótico da família dos macrólidos, como é exemplo a azitromicina.

Em casos severos ou resistentes, o recurso a injeções intra-musculares ou endo-venosas podem ser necessárias, bem como recurso a cortisona ou corticoterapia em casos bem selecionados.

Nos casos recorrentes, e antes de avançar para cirurgia, podem utilizar-se vacinas especificamente desenhadas para estimular e melhorar o sistema imunitário inespecífico ou específico, de modo a tentar travar e prevenir este ciclo vicioso. Contudo, o resultado destas terapêuticas é ainda muito heterogéneo.

A cirurgia (ou operação) deve ser equacionada nos casos de amigdalite recorrente ou antecedentes de complicações prévias (nomeadamente abcesso ou internamentos por este motivo), conforme veremos de seguida.

O doente não deve em caso algum automedicar-se ou tentar qualquer tipo de tratamento caseiro sem ser sob orientação médica, sob pena de poder agravar o seu quadro clínico.

Cirurgia de amigdalite

Como vimos anteriormente, o tratamento cirúrgico deve ser equacionado quando existem casos de amigdalites de repetição (amigdalites recorrentes) ou antecedentes de complicações prévias.

A remoção cirúrgica das amígdalas palatinas (amigdalectomia) evoluiu bastante nos últimos anos sob o ponto de vista cirúrgico, fruto de algumas inovações tecnológicas que visam diminuir os riscos e co-morbilidades relacionados com este procedimento cirúrgico.

A adenoamigdalectomia consiste na remoção das adenóides e das amígdalas, num único procedimento cirúrgico. Esta cirurgia combinada é a mais frequentemente efetuada na criança, sendo muito pouco usual nos adultos.

Saiba, aqui, tudo sobre amigdalectomia e adenoamigdalectomia

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