Faringite

Faringe

O que é faringite?

A faringite consiste na inflamação da faringe, causada por infeções, alergias, entre outras. A faringite tanto pode ocorrer em bebés e crianças (faringite infantil), sendo as causas infeciosas as mais frequentes neste grupo etário, atendendo à imaturidade do seu sistema imunitário, como também podem ocorrer no adulto devido a uma multiplicidade de fatores (veja mais informação em causas da faringite).

Sintomas como a dor de garganta à deglutição (odinofagia), a irritação, o ardor, o pigarro, são frequentes na faringite, associando-se frequentemente com cefaleias, febre, expectoração e mal estar geral (ver detalhes de sinais e sintomas da faringite).

A amigdalite, a adenoidite e a laringite estão frequentemente associadas com a faringite, sendo a sintomatologia idêntica e possuem, em geral, as mesmas causas.

Anatomia, função da faringe

A faringe é um órgão do aparelho digestivo que conecta a cavidade bucal e nasal, em cima, com a laringe e o esófago, em baixo (veja imagens superiores).

É constituída por três porções, a saber:

  • a porção superior ou rinofaringe que comunica à frente com as fossas nasais;
  • a porção intermédia ou orofaringe que comunica à frente com a cavidade bucal e da qual está separada pelo istmo das fauces (onde se encontram as amígdalas palatinas);
  • a porção inferior ou hipofaringe (também designada faringolaringe) que comunica com a laringe e o esófago.

A faringe tem funções na deglutição, na respiração, na fonação e na defesa imunitária, na qual participam os mecanismos de imunidade humeral e celular existentes na mucosa da faringe, contribuindo para a proteção do trato respiratório inferior.

Causas da faringite

A localização da faringe descrita acima coloca-a em contacto permanente com muitos agentes agressores: bactérias, vírus, alérgenos, agentes tóxicos (ex: fumo do cigarro, poluição industrial e urbana...), químicos (como o decorrente do refluxo esofágico), etc.

As causas da faringite podem agrupar-se em:

  • Causas infeciosas - distinguindo-se neste caso a faringite vírica (provocadas por vírus), a faringite bacteriana (provocada por bactérias), a faringite fúngica (causada por fungos - caso da candidiase orifaríngea por Cândida Albicans) menos frequente.

Os fatores agressores como o tabaco, a inalação de tóxicos ambientais, o álcool, o refluxo esofágico, que ao provocarem uma irritação persistente na mucosa respiratória, facilitam os processos infeciosos, são muito importantes na etiopatogenia da faringite.

Saiba, aqui, o que é o refluxo esofágico.

Sinais e sintomas da faringite

Os sinais e sintomas variam muito consoante a causa da faringite, assim:

  • a odinofagia (dor na garganta ao engolir) de instalação progressiva para sólidos e líquidos é comum na causa vírica ou bacteriana;
  • a tosse, a expectoração e a rouquidão, que traduzem o envolvimento das vias respiratórias inferiores, são sintomas frequentes nas faringites víricas;
  • a secura faríngea, o ardor, o pigarro, as picadas são frequentes nas faringites crónicas;
  • a febre, as cefaleias, o mal estar geral são comuns nas faringites infeciosas, particularmente nas víricas;
  • Adenopatias cervicais.

Faringite aguda, faringite crónica

Atendendo ao tipo de evolução, as faringites podem classificar-se em agudas (1) e crónicas (2).

1. Faringite aguda

Saiba, aqui, tudo sobre amigdalite.

Surgem preferencialmente no inverno e são maioritariamente de etiologia vírica (70 a 80%). Os vírus mais envolvidos são os adenovirus, o vírus Influenza, rhinovirus, vírus sindical respiratório, entre outros.

A faringite bacteriana, mais frequente na criança do que no adulto, tem como bactérias mais envolvidas o streptococcus B hemolitico do grupo A, streptococcus pneumoniae, staphilococcus aureus, haemophilus influenzae.

As faringites infeciosas são potencialmente contagiosas, ou seja, a doença é transmissível ou “pega-se” de pessoa para pessoa, havendo vários fatores que podem contribuir para esta ocorrência. Devem pois ser tomadas as seguintes medidas de prevenção, evitando:

  • Aglomerados de pessoas em ambientes fechados;
  • Proximidade de pessoas infetadas com tosse, espirros, …;
  • Beijos, partilha de copos, etc.

Algumas doenças sexualmente transmissíveis, tais como a gonorreia, podem ser transmitidas quer através do sexo oral, quer pelas mãos que não foram lavadas após contacto com os genitais infetados.

A faringite bacteriana por streptococos, se não devidamente tratada, pode desencadear uma febre reumática, que consiste numa alteração imunitária crónica que pode provocar inflamação nas articulações, no coração, nos rins, no encéfalo, etc.

Diagnóstico da faringite aguda

O diagnóstico da faringite aguda é feito pelo médico otorrinolaringologista através da história clínica e da observação.

A odinofagia (dor de garganta ao engolir) progressivamente mais intensa, a expetoração mucopurulenta, as cefaleias, a febre e o mal estar geral são os sintomas dominantes.

Nas faringites víricas, que frequentemente se acompanham com envolvimento laríngeo e traqueobrônquico, há também rouquidão, tosse e expetoração.

Em termos laboratoriais o estudo analítico e a cultura do exsudado da faringe, com estudo bacteriológico e antibiograma, podem ser auxiliares importantes para identificar o agente bacteriano envolvido ou a existência de outras doenças sistémicas, como a leucemia aguda, a mononucleose infecciosa, ..., que se podem manifestar no contexto do quadro clínico de uma faringite aguda.

Tratamento da faringite aguda

A faringite aguda tem cura, diferindo o seu tratamento em função da causa subjacente, assim:

O tratamento das faringites víricas é feito fundamentalmente através de repouso, de fazer uma boa hidratação (bérber água, chã, sumos naturais, etc.) e da prescrição de medicamentos (remédios) anti- inflamatórios / anti-piréticos. Contudo, a vigilância clínica destes quadros é importante, atendendo a uma possível sobreinfeção bacteriana, que obrigue à alteração do esquema terapêutico.

No tratamento das faringites bacterianas, para além das medidas referidas acima, impõe-se uma antibioterapia. Os antibióticos B- lactâmicos, como a amoxicilina e as cefalosporinas, e os macrólidos como a eritromicina, são os antibióticos de utilização mais frequente.

O tratamento cirúrgico (cirurgia ou operação) para amigdalectomia e adenoidectomia, particularmente em crianças, pode ser ponderado após exame objetivo criterioso, efetuado por um médico otorrinolaringologista.

Saiba, aqui, tudo sobre amigdalectomia.

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2. Faringite crónica

Ao contrário das faringites agudas que são mais frequentes nas crianças, atendendo à sua imaturidade imunitária, as faringites crónicas ocorrem preferencialmente no adulto.

Apesar de, geralmente, não ser uma doença grave, e não dar febre, dão queixas persistentes de dor de garganta, ardor, picadas, pigarro faríngeo, etc., que se tornam muito incomodativas, levando o doente a múltiplas consultas médicas.

Referir, também, que a dificuldade do médico em estruturar uma abordagem terapêutica fácil e eficaz, no curto prazo, contribui para a afetação psíquica que muitos destes doentes apresentam.

A dificuldade na abordagem terapêutica referida, assenta em grande medida na multiplicidade dos fatores favorecedores da faringite crónica, tais como:

Fatores Gerais:

  • o meio ambiente (humidade, poluição, variações de temperatura, ...);
  • profissão;
  • hábitos de vida (tabaco, álcool);
  • estações do ano (outono / inverno);
  • profissão;
  • idade;
  • disfuncionamento hormonal (menstruação, menopausa, ...);
  • patologia alérgica;
  • doenças imunitárias;
  • doenças metabólicas, como a diabetes, a gota...;
  • doença renal crónica;
  • Abuso vocal;
  • ...

Fatores locoregionais:

  • rinosinusite crónica;
  • mau estado dentário;
  • obstrução nasal persistente;
  • adenoidite e amigdalite crónica;
  • patologia das glândulas salivares;
  • Refluxo gastro esofágico.

Diagnóstico da faringite crónica

Esta multiplicidade de etiologias, aliada à variabilidade da observação clínica, dificulta imenso a atuação do médico Otorrinolaringologista, Tanto no diagnóstico, como na classificação das faringites crónicas.

Uma observação cuidadosa e atempada de toda a área da faringe e estruturas adjacentes, incluindo a endoscopia nasal e faringolaringea, bem como uma boa anamnese, são fundamentais para que o médico da especialidade possa estruturar o diagnóstico e a consequente abordagem terapêutica.

Como meios complementares auxiliares no diagnóstico destacam-se os estudos imagiológicos (ex: TAC dos seios peri-nasais) e os estudos laboratoriais, a que frequentemente se recorre.

Saiba, aqui, o que é TAC dos seios peri-nasais.

Tratamento da faringite crónica

É, assim, compreensível que os esquemas terapêuticos, médicos e/ ou cirúrgicos utilizados no tratamento da faringite crónica possam ser muito variados, exigindo muito discernimento por parte do médico Otorrinolaringologista.

Como conselhos gerais de modo a prevenir as faringites de repetição, podemos anotar os seguintes:

  • Evitar o fumo do tabaco e outros tóxicos;
  • Controlar os hábitos alcoólicos;
  • Tomar em atenção o meio envolvente, particularmente o da habitação e do local de trabalho;
  • Praticar exercício físico;
  • Ter cuidados alimentares, particularmente com aqueles que possam agravar o refluxo esofágico;
  • Não “desinfetar” a mucosa da faringe com colutórios e pastilhas;
  • Tratamento termal.
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