A ejaculação precoce ou prematura é a ocorrência persistente ou recorrente de ejaculação com estimulação sexual mínima, ocorrendo antes ou pouco tempo após a penetração e antes que a pessoa o deseje (geralmente inferior a 1 a 3 minutos). Ou seja, trata-se de uma ejaculação que ocorre de uma forma “antecipada ou mais rápida” que o desejável pelo homem.
O significado de ejaculação prematura, que pressupõe um fenómeno ejaculatório adiantado ou que ocorre antes do tempo deve ser distinguido de Impotência sexual masculina ou mesmo de incapacidade em ejacular, também conhecido por anejaculação ou ejaculação retrógrada.
A ejaculação precoce masculina é um problema que afeta até 20 a 30% dos homens, podendo surgir em todas as idades. Pode ser subdividida em:
Ejaculação precoce primária ou vitalícia - surge desde o início da atividade sexual e manifesta-se em todas ou quase todas as relações sexuais; presente em cerca de 25% dos casos de ejaculação prematura.
Ejaculação precoce secundária – surge em determinado período específico da vida sexual da pessoa, pressupondo uma experiência ejaculatória prévia normal. Presente em cerca de 75% dos casos de ejaculação prematura.
Outras formas de ejaculação prematura, não reconhecidas como patologias (doenças) mas sim como variações do normal, são:
Ejaculação precoce natural variável – quando presente ocasionalmente e em determinadas relações sexuais ou com determinadas parceiras sexuais; não é considerado patológico mas apenas uma variação normal do tempo de ejaculação do homem.
Ejaculação precoce subjectiva – homens que referem ter ejaculação prematura atendendo ao que desejavam ser o seu desempenho sexual, embora apresentem tempos até à ejaculação considerados normais.
Causas da ejaculação precoce
As causas mais frequentes para a ejaculação prematura são:
- Causas psicológicas - neste âmbito podemos incluir algumas doenças como a depressão e os distúrbios de ansiedade, ou outras condições mais frequentes como o nervosismo e a ansiedade de desempenho sexual;
- O stress e cansaço;
- Problemas de relação / interpessoais e disfunções sexuais femininas (tendência do homem em abreviar a relação sexual se a parceira tiver dor ou desconforto durante o ato sexual);
- Disfunção erétcil (ereções de curta duração ou com pouca rigidez propiciam a que o homem deseje atingir rapidamente o orgasmo e a ejaculação);
- Suspensão de determinados fármacos ou toma de drogas recreacionais;
- Prostatite ou hipertiroidismo.
A idade pode ser um factor indiciador da causa subjacente: em jovens a ejaculação precoce é mais frequentemente associada a problemas de ansiedade de desempenho, que provoca uma estimulação do sistema nervoso e reduz o limiar excitatório. Nos idosos surge com maior frequência em contexto de certas doenças como a inflamação da próstata (prostatite), a disfunção eréctil, o hipertiroidismo e a depressão. A ejaculação adquirida de causa orgânica é mais comum no doente mais velho e com várias patologias simultâneas como obesidade, hipertensão (pressão arterial alta) e diabetes mellitus.
Saiba, aqui, o que é prostatite.
Sinais e sintomas da ejaculação precoce
Os sinais e os sintomas mais comuns dependem da causa subjacente à ejaculação prematura. Deste modo, podemos estar perante múltiplos sinais como:
- Ereções de curta duração ou pouca rigidez;
- Insónias, mau humor, stress e cansaço;
- Perda de peso e tremor;
- Disfunções sexuais da parceira, como dor durante o ato sexual (dispareunia);
- Dor pélvica crónica (ver prostatite crónica);
- Infecções urinárias recorrentes;
- Perda de vontade sexual, entre outros ...
Na avaliação de um homem com ejaculação prematura é importante avaliar o estado de espírito, o cansaço / stress do dia-a-dia e a sua vida familiar.
Diagnóstico da ejaculação precoce
Como a definição refere, o diagnóstico de ejaculação prematura pressupõe a existência persistente de um período de tempo curto desde o início da estimulação peniana até ao momento da ejaculação (geralmente inferior a 1 a 3 minutos), com incapacidade do próprio em conseguir “segurar” ou adiar a ejaculação e que causa consequências pessoais negativas como frustração, stress ou evicção da atividade sexual. O diagnóstico e estudo da ejaculação precoce é feito, habitualmente, pelo médico urologista (especialista em urologia).
Existem alguns testes laboratoriais destinados a estudar a causa subjacente a esta patologia como as análises da testosterona, das hormonas tiroideias, glicemias, ficha lipídica, etc.
Pode também ser necessário alguns exames imagiológicos, como a ecografia prostática (da próstata) em determinados casos, entre outros que o médico julgue necessários.
Saiba, aqui, o que é ecografia da próstata.
Os homens que padecem de ejaculação prematura não devem ter qualquer tipo de vergonha em procurar o médico urologista, de modo a instituir um plano de tratamento. Na atualidade, os tratamentos disponíveis permitem tratar eficazmente uma larga maioria dos casos, conforme veremos adiante com maior detalhe.
Ejaculação precoce e orgasmo
O orgasmo masculino corresponde ao processamento do nosso cérebro dos estímulos sensitivos detetados pelos nervos pélvicos face ao aumento da pressão na uretra que ocorre durante a ejaculação. Assim, o facto de a ejaculação ocorrer de forma prematura pode não interferir muito na sensação orgasmática do homem. No entanto, a insatisfação ou frustração do homem com o seu rápido desempenho sexual pode condicionar traumas psicológicos e elevados níveis de ansiedade, diminuindo a probabilidade de cura e dando origem à evicção da atividade sexual ou à disfunção erétil.
Saiba, aqui, tudo sobre disfunção erétil.
Ejaculação precoce e gravidez
A ejaculação prematura, não sendo impeditiva, pode diminuir a capacidade para engravidar. A ejaculação que ocorre fora da vagina ou no introito vaginal (a entrada da vagina) compreensivelmente tem menores probabilidades de vir a gerar uma gravidez. Por outro lado, a probabilidade de se engravidar parece ser maior nas relações sexuais que cursam com estados de excitação e lubrificação natural favoráveis à migração e união do espermatozóide ao óvulo.
Complicações da ejaculação precoce
As complicações mais graves da ejaculação prematura estão relacionadas com o estado de stress, frustração e de ansiedade pre-coital que surgem no homem. Em casos graves pode inclusive cursar com disfunção eréctil, evicção da atividade sexual e estados de depressão.
Ejaculação precoce tem cura?
A probabilidade de cura definitiva varia com a causa subjacente. Quando existe uma patologia (doença) orgânica responsável pela ejaculação prematura como a prostatite, o hipertiroidismo, a disfunção erétil, etc. o tratamento desta causa geralmente cursa com resolução da ejaculação precoce. Nos casos de origem em problemas inter-relacionais do casal ou problemas psicológicos como ansiedade, stress, frustração ou depressão, o tratamento pode ser mais lento e necessitar de várias sessões de psicoterapia sexual.
Existem variadas técnicas terapêuticas, nomeadamente no campo da psicoterapia, com diferentes níveis de eficácia. Saiba, de seguida, como tratar a ejaculação precoce.
Tratamento da ejaculação precoce
O tratamento da ejaculação precoce visa controlar ou retardar a ejaculação, ou seja, através de soluções terapêuticas que permitam prolongar e tornar o ato sexual mais satisfatório (demorar mais tempo até que seja atingida a ejaculação).
Antes do recurso aos medicamentos ou à psicoterapia devem ser tentadas algumas técnicas que permitem evitar a ejaculação precoce:
- Exercícios de “start and stop” – fazer pausas ou suspender temporariamente (segundos a minutos) a atividade sexual nos momentos de maior excitação;
- Masturbação prévia – pode ter um bom resultado, fundamentalmente, em doentes jovens, com boa função erétil e período refratário curto (espaço de tempo pequeno em obter uma ereção após a ejaculação);
- Exercer pressão sobre a glande nos momentos prévios à ejaculação – despoleta reflexo fisiológico que inibe a sensação de prazer e diminui a probabilidade de ejaculação;
- Exercícios de distração mental – incentivar a pensamentos não eróticos nos momentos prévios à sensação de ejaculação iminente – exemplos: elaborar lista de compras, planear o dia seguinte, etc.
- A sensibilidade ao pénis pode também ser reduzida com o uso de um preservativo ou creme de anestesia tópica (lidocaína-prilocaína). Na utilização da pomada ou gel aplicado no pénis é necessário deixar absorver antes da relação sexual ou utilizar um preservativo para impedir a passagem de anestésico para a parceira. Embora o tempo para a ejaculação seja prolongado, uma percentagem significativa de homens experimentou menor prazer (dormência peniana) ou perda de ereção.
No tratamento da ejaculação prematura podem ser usados alguns medicamentos (ou remédios) orais (em comprimidos), a saber:
- A Dapoxetina é o fármaco mais comummente utilizado na ejaculação prematura, com indicação de ser utilizado “on demand” (quando necessário) antes da relação sexual.
- Outros fármacos como a Paroxetina também podem ser utilizados com este objetivo, diariamente ou SOS, embora necessitem de maior vigilância médica.
- Inibidores da 5 fosfodiesterase, como o citrato de sildenafila ou simplesmente sildenafil, são úteis nos doentes que apresentem associadamente disfunção erétil.
O recurso à psicoterapia ou terapia comportamental pode também ser muito importante no tratamento da ejaculação prematura. Todos os doentes devem receber educação psicossexual: explicar a patologia, a sua frequência, dissipar mitos, tranquilizar e derrubar barreiras da intimidade. Em casos específicos, é necessário terapêutica psicossexual específica dirigida a fobias, transtornos sexuais, alterações da relação interpessoal, a transtornos de ansiedade, depressão, etc..
O recurso a ervas, chã ou outros produtos naturais pode ser perigoso caso não seja recomendado pelo seu médico. Muitos dos produtos vendidos no “mercado negro” ou em sites da Internet como “comprimidos milagrosos” ou spray sublingual são de origem muito duvidosa e podem comprometer gravemente a sua saúde, podendo inclusive originar graves doenças e no limite causar a morte. O melhor tratamento ou remédio caseiro é mesmo prevenir e modificar o estilo de vida para melhorar a função vascular de cada um (por exemplo, não fumar, ter cuidados com a alimentação, manter o peso corporal ideal, fazer exercício físico de uma forma regular, combater o stress, etc.).
O doente não deve em caso algum automedicar-se sob pena de poder agravar o problema e inclusive colocar a sua própria vida em risco. Deve tomar a medicação atrás descrita ou outra eventualmente prescrita pelo médico, sempre de acordo com a prescrição médica e acabar a terapêutica apenas quando for indicado.
Nunca é de mais referir que as diferentes técnicas terapêuticas podem ajudar a resolver mais de 80 a 90% dos casos de ejaculação precoce. Neste sentido, é muito importante que o doente não tenha qualquer tipo de vergonha em procurar o médico, de modo a diagnosticar o problema e instituir um plano de tratamento para o seu caso.