Fimose é a incapacidade de redução do prepúcio com completa exposição da glande (veja imagens do pénis). Pode ser dividida em dois tipos: fimose primária ou fisiológica e fimose secundária ou patológica. O fenómeno de fimose não deve ser confundido com a presença de um “excesso de pele”. Ou seja, um prepúcio que se consiga retrair expondo toda a glande do pénis, independente da quantidade de pele, não representa um fenómeno de fimose.
A fimose fisiológica decorre de aderências balano-prepuciais congénitas (remanescentes embriológicos resultantes da fusão de membranas entre a glande e o prepúcio). Estima-se que menos de 5% dos bebés recém-nascidos apresentam prepúcio totalmente retrátil ao nascimento. Na maioria dos casos, a fimose fisiológica (ou primária) resolve espontaneamente com o crescimento, devido sobretudo ao aparecimento das ereções intermitentes e à acumulação gradual de esmegma a nível do sulco coronal, responsável pela dissecção progressiva das aderências. Apenas 1% das crianças adolescentes mantêm fimose aos 17 anos de idade.
Por outro lado, o significado de fimose patológica é diferente: esta ocorre por lesões inflamatórias ou traumáticas do prepúcio, que dão origem à formação de tecido cicatricial (anel fibrótico constritor). Entidades como a balanopostite, traumatismos prepuciais ou a balanite xerótica obliterans (BXO) constituem algumas das causas mais frequentes para a fimose patológica. A fimose secundária a BXO é mais comum no adulto, enquanto que no homem jovem é mais frequente a fimose decorrente de inflamação ou traumatismo.
Por vezes, não é possível proceder à retração da pele que recobre a glande do pénis (retração prepucial) por limitações do freio peniano / freio do prepúcio dado este ser muito curto. Veja fotos superiores.
Graus de fimose
A fimose masculina pode ser dividida em diferentes graus consoante a quantidade de glande exposta, a saber:
- Grau 1: retração completa sem estreitamento atrás da glande. Podem existir aderências balanoprepuciais;
- Grau 2: retração completa com estreitamento atrás da glande;
- Grau 3: exposição apenas parcial da glande;
- Grau 4: retração do prepúcio muito reduzida, não sendo possível expor a glande;
- Grau 5: forma mais grave de fimose; não é possível qualquer retração prepucial.
Causas da fimose
A fimose infantil ou que surge logo em bebé (fimose primária ou fisiológica) é uma patologia congénita e que tendencialmente resolve de forma espontânea com o passar dos anos, com o progressivo desenvolvimento da criança. Cerca de 99% dos bebés do sexo masculino nascem com fimose fisiológica e apenas 1% dos adolescentes com 17 anos apresentam ainda fimose.
No caso da fimose desenvolvida posteriormente, a fimose patológica, as principais causas estão relacionadas com episódios de traumatismos ou de infeções. Por exemplo, na tentativa de retrair manualmente uma fimose fisiológica pode surgir lacerações no prepúcio se esta for efetuada de forma violenta. Estas cicatrizes podem originar no futuro uma fimose patológica.
As infeções crónicas da glande e do prepúcio, ou infeções específicas como a Balanite xerotica obliterans ou líquen escleroso podem originar a longo prazo fimoses patológicas.
Sintomas da fimose
Entre os sinais mais frequentes encontra-se a incapacidade de expor a glande completamente, com subsequente limitação da qualidade da higiene pessoal. Algumas crianças podem apresentar dificuldades na micção ou o chamado balão miccional (balão de urina formado na ponta do pénis quando a criança começa a urinar).
Os sintomas mais típicos são a presença de dor quando retraem o pénis ou dor com a ereção. No futuro, as relações sexuais podem ser afetadas pela presença de dor ou problemas relacionados com a completa exposição da glande. No entanto, não existe qualquer relação direta entre a fimose, a disfunção erétil (incapacidade de ter uma ereção) e a fertilidade masculina (gerar filhos).
Saiba, aqui, o que é disfunção erétil.
O risco para desenvolvimento de infeções urinárias e infeções da glande também aumenta e estas situações devem ser vigiadas. A criança deve ser incentivada a comentar com os pais se dói quando urina ou com a ereção.
Saiba, aqui, o que é uma infeção urinária.
Diagnóstico da fimose
O diagnóstico da fimose é feito pelo médico urologista (especialista em urologia) através do exame objetivo e história clínica. Raramente, são necessários outros exames, exceto se existir a suspeita de alguma infeção ou lesão do pénis associada.
Na criança a primeira especialidade a realizar o diagnóstico costuma ser a Pediatria que, consoante a gravidade clínica, orientará para a Urologia / Urologia Pediátrica para tratamento cirúrgico.
Complicações da fimose
A incompleta retração do prepúcio pode predispor o homem a algumas doenças como:
- Parafimose - a presença de um anel prepucial apertado pode dar origem à formação de uma parafimose. Esta situação ocorre quando a zona de aperto fica retraída atrás da glande e, por fenómenos inflamatórios, começa a ficar muito Inflamada e edemacida, não permitindo depois a re-colocação do prepúcio na sua posição anatómica, acima da glande.
- Infeções urinárias (ITU): A presença da fimose modifica e intensifica a colonização bacteriana balanoprepucial. Esse facto contribui para o aumento da incidência de inflamação da glande (balanopostite)e ITU, principalmente nos primeiros cinco anos de vida. Saiba, aqui, o que é uma infeção urinária.
- Doenças sexualmente transmissível (DST): a probabilidade de contrair uma doença sexualmente transmissível, incluindo o HIV, é superior nos homens não circuncidados dado algumas especificidades próprias da pele do prepúcio.
- HPV e cancro do colo uterino: Segundo alguns autores, a circuncisão reduz o risco de infeção pelo HPV nas mulheres (parceiras sexuais) e, consequentemente, reduz a probabilidade de aparecimento de cancro de colo uterino nas parceiras sexuais de circuncidados.
- Carcinoma de pénis: A fimose é um fator de risco significativo para o cancro de pênis, provavelmente em relação com a deficiente higiene do pénis nesses casos.
Fimose tem cura?
A fimose fisiológica pode ter cura sem se recorrer à cirurgia. A maioria dos casos de fimose fisiológica vai resolver espontaneamente com o desenvolvimento sexual masculino. Em algumas crianças, nomeadamente quando na presença de balão prepucial miccional, pode ser sugerido à Mãe / Pai que realize diariamente a aplicação de um corticoide em pomada no pénis da criança, enquanto realiza suavemente a ginástica prepucial, ou seja, retração suave e cuidadosa do prepúcio da criança, mais fácil durante o banho ou executado pelo próprio, sem que cause dor significativa. O tratamento cirúrgico tem indicação quando existem determinados critérios como presença de infeções urinárias ou balanopostites, deficiência na micção e esta não resolve com a ginástica prepucial. Veja mais informação em tratamento.
A fimose patológica raramente resolve com a terapia médica e requer na grande maioria dos casos a realização de cirurgia corretiva.
Em alguns países é comum a realização da circuncisão em contexto de crenças sociais, familiares ou religiosas.
Saiba, de seguida, como tratar a fimose.
Tratamento da fimose
O principal tratamento nas fimoses primárias (congénitas) é a vigilância e aguardar pela evolução natural da situação clínica com a resolução espontânea. Em alguns casos, se indicado pelo seu médico, pode ser tentada a realização de ginástica prepucial (fazer um exercício que a permita a retração cuidadosa do prepúcio (“puxar a pele para trás”), durante o banho com água tépida e aplicação de uma pomada tópica de corticoide (ex. betametasona), durante várias semanas.
Esta massagem de retração, apesar de poder ser realizado pela criança sozinha, confortavelmente em casa, deve obrigar a que exista sempre ajuda / supervisão dos Pais, de modo a permitir uma retração cuidadosa do prepúcio sem causar complicações, como por exemplo, lacerações no pénis.
Não existem neste momento quaisquer medicamentos (ou remédios) orais que possam resolver a fimose. Existe no entanto, medicação específica para os casos associados a balnopostite (infeção da glande) que permite aliviar a dor e tratar a infeção. Uma ingestão abundante de líquidos, como a água ou de qualquer tipo de chã caseiro, permitem ajudar a evitar o surgimento de infeções urinárias.
Nos casos em que não seja possível resolver o problema com as medidas atrás descritas, deve ser equacionado o tratamento cirúrgico (cirurgia ou operação). O tratamento cirúrgico consiste na realização de uma intervenção cirúrgica designada por circuncisão. Trata-se de uma técnica que remove o prepúcio em excesso, incluindo a zona de aperto, e corrige os casos de freio curto. No final da cirurgia a maioria das crianças apresentará em condições normais uma glande não recoberta pelo prepúcio (parcialmente ou totalmente).
Fimose quando operar?
O tratamento cirúrgico tem indicação nas fimoses fisiológicas que não resolvem com a ginástica prepucial associadas a infeções urinárias, balanopostites ou alterações na micção como a formação de balão miccional e esforço miccional ou esvaziamento incompleto.
A fimose patológica raramente resolve com a terapia médica e requer na grande maioria dos casos a realização de cirurgia corretiva. Nalguns países é comum a realização da circuncisão em contexto de crenças sociais, familiares ou religiosas.
Tratamento cirúrgico na fimose
A cirurgia na fimose (Circuncisão) deve ser realizada logo que possível, apenas quando existem critérios clínicos para tal.
Nos casos de crenças religiosas, culturais ou preferências pessoais, a operação deve ser realizada vários anos após o nascimento, de preferência no início da adolescência e antes do início da atividade sexual.
Saiba, aqui, tudo sobre circuncisão.