O varicocelo é uma doença que provoca uma dilatação das veias dentro do escroto. O escroto é um “saco” de pele e de outras túnicas que envolve e protege os testículos. Este órgão também contém as artérias e veias (espermáticas) que entregam sangue às glândulas reprodutivas. O varicocelo ocorre quando existe uma anomalia numa destas veias.
Estas veias dilatadas podem provocar dores e desconforto testicular, por isso, é extremamente importante procurar aconselhamento médico quando notar alguma saliência anormal em qualquer testículo, sobretudo para poder excluir outras doenças mais graves. Veja mais informação em “Sinais e sintomas do varicocelo”.
Estas dilatações nas veias começam, geralmente, a desenvolver-se durante a puberdade e são mais frequentemente encontrados no lado esquerdo. Esta anomalia pode também afetar o lado direito ou ambos os lados (bilateral), sendo este caso extremamente raro.
Geralmente, o varicocelo é inofensivo, mas por vezes pode ser associado a problemas de infertilidade, ao prejudicar a produção de espermatozóides. Veja mais informação em “complicações do varicocelo”.
Sinais e sintomas do varicocelo
O varicocelo é, muitas vezes, assintomático (não apresenta qualquer sinal ou sintoma), no entanto, com o passar do tempo e à medida que a anomalia progride, alguns sinais e sintomas podem começar a desenvolver-se, a saber:
- Dores agudas e fortes na região dos testículos;
- Aumento destas dores com alguma mudança de posição ou esforço físico;
- Sensação de peso acrescido no escroto;
- Veias visivelmente aumentadas e com a aparência de varizes ou “saco de minhocas”;
- Edema (inchaço) no testículo afetado;
Causas do varicocelo
A causa específica do varicocelo ainda não é totalmente conhecida. No entanto, acredita-se que a dilatação das veias espermáticas seja causada pela existência de válvulas defeituosas nas mesmas, logo acima dos testículos. Normalmente, estas válvulas regulam o fluxo de sangue que retorna dos testículos. Quando não existe um fluxo normal e o sangue não consegue circular de forma correta, as veias começam a dilatar.
Como dito anteriormente, os varicocelos ocorrem frequentemente em adolescentes, devido ao crescimento rápido durante a puberdade, com o consequente aumento das necessidades de fluxo sanguíneo a esse nível.
Diagnóstico do varicocelo
O diagnóstico do varicocelo é, habitualmente, realizado por um médico urologista (especialista em urologia). Numa primeira fase, o diagnóstico é feito através da história clínica do doente e do exame físico.
Um varicocelo, na maioria dos casos, pode ser sentido ou visto quando o doente está de pé e, por isso, o médico especialista pode tentar examinar o escroto enquanto o utente está nesta posição.
Se o exame físico for inconclusivo, o profissional pode também recomendar uma ecografia escrotal como meio complementar de diagnóstico e terapêutica (MCDT), associada a Doppler (técnica que permite avaliar o fluxo de sangue nos vasos). Este exame utiliza ultrassons para criar imagens precisas de estruturas dentro do organismo, neste caso, na zona do escroto e testículos.
Saiba, aqui, o que é uma ecografia escrotal.
Complicações do varicocelo
Um varicocelo pode ser em muitos casos perfeitamente benigno e evoluir favoravelmente, no entanto, em alguns casos pode provocar complicações graves, a saber:
Atrofia (encolhimento) do testículo afetado
A maior parte do testículo compreende túbulos produtores de esperma. Quando danificado, como em casos de presença de varicocelos severos, o testículo atrofia e “amolece”. A razão pela qual isto ocorre não é conhecida, mas as válvulas defeituosas permitem que o sangue se acumule nas veias, o que pode resultar num aumento da temperatura dos testículos, aumento da pressão nas veias e exposição a toxinas no sangue, fatores que podem contribuir para causar danos testiculares.
Infertilidade
O calor corporal no escroto é ligeiramente mais baixo do que no resto do organismo. Isto ocorre, entre outros fatores, devido à localização dos testículos, fora da cavidade abdominal onde eles se originaram. Este processo ajuda a manter uma temperatura do corpo adequada e necessária para produzir espermatozoides de boa qualidade.
Quando estas veias se tornam dilatadas pode haver um aquecimento dos testículos, reduzindo assim a produção de esperma e piorando a sua função e qualidade, podendo também provocar consequências como a infertilidade. Esta sequela pode ser classificada em dois tipos:
- Infertilidade primária - a infertilidade primária é geralmente usada para se referir a um casal que não concebeu uma criança após, pelo menos, um ano de tentativas.
- Infertilidade secundária - a infertilidade secundária refere-se a casais que conceberam pelo menos uma vez, mas não são capazes de o fazer outra vez.
O varicocelo tem cura?
Casos leves de varicocelo não requerem tratamento e o prognóstico da doença é considerado bastante favorável.
No entanto, se o varicocelo causar dor ou talvez complicações mais graves como a infertilidade, o tratamento é mais complexo. Estes casos requerem um diagnóstico atempado, de modo a que o tratamento seja instituído rapidamente, para que seja possível parar a progressão da doença.
Tratamento do varicocelo
Como referido previamente, a maioria dos casos de varicocelo não necessita de qualquer tratamento. Contudo, casos mais graves podem precisar de intervenção médica, são exemplos os casos de:
- Dor intensa, aumento do escroto ou desconforto físico;
- Atrofia testicular;
- Infertilidade;
- Presença de varicocelo bilateral (em ambos os testículos).
Métodos de reparação do plexo pampiniforme
Não existe nenhum tratamento medicamentoso capaz de tratar eficazmente o varicocelo. Podem ser prescritos alguns medicamentos (remédios) como analgésicos, para melhorar sintomatologia do doente, mas tal só permite habitualmente um alívio ligeiro e temporário.
Em casos como os que foram referidos acima, o profissional pode recomendar algum procedimento capaz de reparar as veias espermáticas, a saber:
Cirurgia (operação)
A operação é feita sob a anestesia geral ou regional. Geralmente, o cirurgião aproxima-se da veia através da virilha (técnica inguinal ou subinguinal) ou de uma incisão no abdómen (técnica abdominal), de seguida laqueando-a.
Em alguns casos, podem ser utilizadas variantes técnicas para bloquear o fluxo sanguíneo na parte afetada do escroto:
- Varicocelectomia microscópica: Usando o microscópio, o cirurgião liga todas as veias pequenas e poupa o ducto deferente, artérias testiculares e drenagem linfática;
- Varicocelectomia laparoscópica: Com esta técnica, o cirurgião insere tubos finos no abdómen e realiza uma laqueação da veia afetada.
Embolização percutânea
A embolização é feita por um radiologista de intervenção. O profissional insere um pequeno tubo numa veia da virilha através do qual, instrumentos cirúrgicos podem ser introduzidos.
Através de uma injeção com um líquido de contraste, o cirurgião consegue ver as veias aumentadas num monitor. De seguida, é inserido nestas veias uma mola de aço inoxidável ou platina, chamada coil, de modo a bloquear o fluxo sanguíneo para as mesmas.
Esta abordagem tem a vantagem de ser menos invasiva que a cirurgia e não requere anestesia geral, mas expõe o doente a radiação (Raios X).
Qualquer que seja a abordagem, o princípio é interromper parcialmente a circulação venosa proveniente do testículo, a jusante a da dilatação que está a causar o problema. Com o tempo o organismo vai encontrando vias alternativas de drenagem do sangue testicular, mas agora já sem a dilatação associada ao varicocelo. Isto também significa que o alívio dos sintomas pode não ser imediato, já que é necessário que o sistema venoso se adapte a esta nova situação, um processo que requer algumas semanas.