Uma radiografia, vulgarmente designada de raio-X (RX), consiste num exame de diagnóstico por imagem que utiliza radiação X. Trata-se de um exame de execução rápida e indolor (não provoca dor).
O raio x é o exame de 1ª linha na avaliação da anatomia humana que serve para auxiliar o médico no diagnóstico de várias patologias (doenças), assim como para controlar a evolução de tratamentos.
Como funciona o raio-X?
A imagem produzida pelo equipamento de raio X assenta num princípio básico da relação entre os raios que são emitidos e os raios recebidos, após atravessarem determinado material.
É produzido um feixe de energia de radiação X, através de um gerador, que vai incidir na região do corpo que se pretende visualizar. Parte dessa energia é absorvida pelo corpo, consoante a densidade das estruturas e a restante incide numa película ou detetor, formando a radiografia.
Evolução da radiologia convencional
A radiologia convencional utiliza como suporte físico da imagem as tradicionais películas de RX constituídas por cristais de prata estimuláveis pela radiação. No processo de revelação a película passa por diferentes banhos de químicos específicos e vão surgindo diferentes tons de cinzento na mesma, formando a imagem. Este processo foi descontinuado devido ao tempo elevado na relevação, aos químicos poluentes e à maior dose de radiação para o paciente.
Atualmente a radiologia convencional foi substituída pela radiologia digital. Neste caso, a imagem radiográfica é obtida num computador através da leitura de um ecrã de fósforo reutilizável e estimulável pela radiação, denominado image plate (IP). Existe ainda a radiologia digital direta que consiste na obtenção imediata da imagem no computador. Neste caso, o IP é substituído por um detetor conectado a um computador que recebe os dados e os processa. Estes avanços na tecnologia permitem o pós - processamento da imagem, como por exemplo ajustar o contraste, o que é claramente uma mais valia para quem interpreta o RX.
A radiologia digital facilita também a mobilidade dos exames, ou seja, os médicos conseguem ter acesso aos mesmos de uma forma muito mais rápida através de redes locais ou da Internet, sendo ainda possível comparar com exames anteriores já arquivados. O armazenamento e transmissão das imagens em formato digital é feita através de sistemas PACS (Picture Archiving and Communication System ou em Português - Sistema de arquivo e comunicação de imagens) que por sua vez está integrado no RIS (sistema de informação em radiologia), permitindo a gestão dos centros de radiologia, como o agendamento de exames, envio de listas de trabalho, etc. Os exames são tipicamente arquivados e distribuídos num formato standard –o DICOM (digital imaging and communications in medicine, ou em Português: comunicação de imagens digitais em medicina).
Os médicos podem visualizar os exames arquivados através de visualizadores Web standard (DICOM) através de redes de computadores e Internet, ou através de dispositivos de armazenamento como o CD, DVD, etc.
Exames Radiográficos
De seguida, mostramos-lhe os tipos de exames de raio-X realizados com maior frequência, descrevendo o que permitem avaliar, as suas indicações e exemplos de patologias.
Raio x do Tórax
Estruturas anatómicas - Pulmões, Coração
Algumas Indicações - Febre, tosse, dor torácica, trauma e dificuldade respiratória, Controle de drenos torácicos, cateteres venosos centrais ou celsites, estudo pré operatório, …
Principais patologias - Infeções respiratórias, cardiomegalia, neoplasias pulmonares, alargamento do mediastino, pneumotórax, derrame pleural, …
Saiba, aqui, tudo sobre o Raio X do tórax.
Raio x do Abdómen
Estruturas anatómicas – Rins, Fígado, Intestinos, Estômago, Bexiga
Algumas Indicações – Náuseas, vómitos, diarreia, Massas abdominais, Hematúria (sangue na urina), Localizar objetos que possam ter sido engolidos, Controle posicional de drenos, …
Principais patologias - Litíase (pedras) do sistema urinário, Oclusão intestinal, Litíase vesicular, Pneumoperitoneu, Fecalomas, Elevação da cúpula diafragmática, …
Saiba, aqui, tudo sobre Raio X abdominal.
Raio x da coluna
Estruturas anatómicas - Vértebras, Discos intervertebrais, Apófises transversas e espinhosas
Indicações - Trauma, Dores na coluna, Controle de escolioses, …
Patologias - Fraturas, Luxações, Metástases, Escoliose, Degeneração óssea-osteófitos (popularmente conhecidos como bicos de papagaio), Espondilolisteses, …
Saiba, aqui, tudo sobre RX da coluna.
Raio x do ombro
Estruturas anatómicas - Região proximal do úmero, Clavícula, Omoplata
Indicações - Trauma, Dor no ombro
Patologias – Fraturas, Luxações, Calcificações
Saiba, aqui, tudo sobre RX do ombro.
Raio x da bacia
Estruturas anatómicas - Ossos coxais, articulações sacroilíacas, Região proximal do fémur
Indicações - Trauma, Dores
Patologias – Artrose, Osteoporose, Tumores ósseos, Espondilite anquilosante, Metástases, Displasia congénita da anca, Doença de Paget, …
Saiba, aqui, tudo sobre RX da bacia.
Raio x do joelho
Estruturas anatómicas – Rótula, Fémur distal, Tíbia, Perónio
Indicações - Trauma, Dor no joelho
Patologias – Artrose, Fraturas, Luxações, Tumores ósseos, Doença de Osgood-Schlatter, …
Saiba, aqui, tudo sobre RX do joelho.
Ortopantomografia
Estruturas anatómicas - Arcadas dentárias, Seios maxilares, Articulações temporomandibulares
Indicações - dor de dentes, traumas, verificação da posição dos dentes e resposta a tratamentos ortodônticos (aparelhos dentários), avaliação pré operatória para colocação de implantes dentários,…
Patologias - cárie dentária, lesões da mandibula e maxila, …
Saiba, aqui, tudo sobre ortopantomografia.
Exames radiográficos - outros
Para além dos exames atrás mencionados que estão entre os mais frequentemente realizados, a radiologia médica pode ser utilizada em muitos outros órgãos do corpo humano e no estudo de inúmeras patologias.
Como é feito o raio-X?
O RX é realizado por um técnico de radiologia que tem o dever de escolher as incidências mais adequadas à região do corpo em estudo e de acordo com a informação clínica fornecida pelo médico requisitante.
Posicionamento
Alguns RX como o do tórax, coluna cervical e ombro são sempre que possível realizados em pé. Os exames à bacia e ao membro inferior como fémur, joelho, perna, tornozelo, pé são frequentemente realizados com o paciente deitado. Já o estudo do membro superior como o cotovelo, antebraço, punho e mão são habitualmente realizados com o paciente sentado. O RX do abdómen e da coluna dorsal e lombossagrada são realizados de pé ou deitado de acordo com a suspeita clínica.
Respiração
Uma grande parte dos exames exige que o doente não respire no momento do disparo. Outros como o RX do tórax requerem inspiração profunda ou até expiração. Independentemente do exame o técnico durante o posicionamento deverá explicar o que lhe vai ser solicitado no momento da realização do disparo. Para além disto é sempre necessário que o paciente fique imóvel no momento do disparo.
Resultados do exame
O técnico de radiologia faz uma análise crítica do RX e se a imagem cumprir os critérios de boa realização necessários para o diagnóstico, o exame é dado por terminado. Após a validação das imagens pelo técnico, o exame é arquivado. Posteriormente, o Médico Radiologista é o responsável por realizar a leitura diagnóstica da radiografia e elaborar um relatório. Os resultados do exame são disponibilizados em formato digital e/ou papel, constituindo-se pela imagem radiográfica e pelo relatório do exame.
O exame será considerado normal se o médico radiologista não observar alterações nos órgãos em estudo. Em caso de existência de alterações o Médico radiologista descreve-as, devendo estas ser relacionadas com a clínica, e em alguns casos poderão desencadear a solicitação de exames adicionais.
Quem pode realizar o exame?
Qualquer pessoa pode fazer exames de raio-X, contudo, deve haver por parte do médico prescritor um zelo especial no caso das crianças e grávidas ou mulheres que suspeitem de gravidez. Portanto, como existe exposição a uma radiação ionizante o médico deve avaliar a relação risco/benefício do exame.
Riscos da radiação
Todos os dias estamos sujeitos à radiação natural do nosso planeta e por isso existe uma maior preocupação em relação à quantidade de radiação recebida através de meios de diagnóstico e terapêuticos. Sabe-se que uma acumulação de exposição à radiação, pode provocar alterações na divisão e crescimentos das células do corpo, dando origem a doenças, como o cancro.
De acordo com o Decreto-Lei n.º222/2008, de 17 de novembro, os limites de dose de radiação para os membros da população geral é fixado em 1mSv (unidade de medida de dose de radiação) por ano, podendo ser ultrapassado num ano, desde que a dose total em 5 anos consecutivos não ultrapasse os 5mSv.
Estes limites existem para garantir que ninguém seja sujeito a uma dose que cause qualquer tipo de efeito negativo para a saúde. A título comparativo pode dizer-se que a exposição média anual à radiação natural é de 2,4mSv.
A dose de radiação de uma radiografia depende da região do corpo em estudo, mas dando como exemplo a radiografia ou RX do tórax, é em média 0,01mSv que equivale a 10 dias de exposição à radiação natural.
Quanto tempo demora o exame?
A duração do exame varia de acordo com o número de incidências a realizar. Habitualmente os exames consistem em duas incidências e o tempo médio para a sua realização é de aproximadamente 5 a 10 minutos.
Preparação para o exame
Não existe preparação para a realização de uma radiografia. Apenas é necessário que antes do exame o paciente retire o vestuário e restantes objetos passiveis de causar artefacto na imagem.
Não é necessário cumprir qualquer tipo de jejum. O paciente pode tomar a medicação habitual.
Outros exames, limitações do Raio x
As radiografias são de grande utilidade na avaliação osteoarticular, principalmente quando existe trauma associado, ou seja, se existe suspeita de fratura ou luxação.
Contudo, quando a suspeita é ao nível dos músculos ou tendões a ecografia é o exame indicado para colmatar as limitações do RX.
Saiba, aqui, tudo sobre ecografia.
A tomografia computorizada (TC ou TAC) é outro exame de diagnóstico que permite estudar as estruturas com maior detalhe. Por exemplo, ao nível do RX do tórax, por vezes, é identificada uma alteração pulmonar, mas o exame não é suficiente para esclarecer o tipo de patologia. Neste caso a TAC é o exame mais indicado.
Saiba, aqui, tudo sobre tomografia computorizada (TC ou TAC).
A ressonância magnética (RM) é um outro exame de diagnóstico, que apesar de mais dispendioso pode ser bastante útil na avaliação e diagnóstico de inúmeras patologias. Por exemplo, no caso de existirem alterações ósseas num raio-X que sugiram a existência de um tumor ou metástases, pode ser necessário realizar TAC ou ressonância magnética (RM) ou até biopsia para esclarecer.
Saiba, aqui, tudo sobre ressonância magnética (RM).
Para além da ecografia, TAC e RM, outros exames podem ser importantes para complementar o estudo imagiológico. Veja mais informação em exames de imagiologia.
Quanto custa uma radiografia?
O preço do raio-X pode variar em função do órgão ou dos órgãos em estudo. Habitualmente, as radiografias são um exame mais barato quando comparadas com as demais técnicas imagiológicas. No caso do exame ser realizado a título particular, o valor é instituído pela clínica de radiologia que o realiza.
Para os utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) os exames de RX são comparticipados pelo estado, pertencendo ao utente apenas o pagamento de uma taxa moderadora, caso não exista isenção. O custo da taxa moderadora é fixado em portaria. As taxas moderadoras das radiografias variam entre os 65 cêntimos e os 2 Euros de acordo com o número de incidências e a região do corpo em estudo.