A ressonância magnética (RM) abdominal (do abdómen) é um exame de diagnóstico que permite estudar o abdómen superior. Órgãos como o fígado, rins, vesícula biliar, pâncreas, glândulas supra-renais, baço, retroperitoneu, intestino delgado, intestino grosso (cólon), entre outros. Trata-se de um exame muito importante em diversas patologias (ou doenças), nomeadamente na avaliação de lesões hepáticas (do fígado), lesões renais (dos rins), lesões na glândula supra-renal, algumas doenças do intestino, como a doença de Crohn, entre outras, conforme veremos adiante com maior detalhe.
A ressonância magnética nuclear (RMN) produz imagens do corpo humano (neste caso do abdómen) que permitem observação por parte de um Médico Radiologista. Através da observação das imagens, o Médico Radiologista consegue distinguir entre aquilo que é normal e aquilo que é patológico. Desta forma, é possível realizar diagnóstico Médico.
As imagens são produzidas pelo equipamento de RM, através da criação de um campo magnético intenso e ondas de rádio que depois de atravessarem os tecidos em estudo, permitem gerar imagens pormenorizadas dos distintos órgãos e sistemas do corpo humano. Os equipamentos de RM que concebem campos magnéticos mais intensos (1,5T e 3T de uso clínico comum) são idênticos a túneis e mencionados vulgarmente por RM fechada ou de campo fechado. Em alternativa, sobretudo para indivíduos com claustrofobia, existem aparelhos de RM aberta, que geram campos magnéticos menos intensos, pelo que as imagens médicas conseguidas exibem menor detalhe e resolução, mesmo assim com boa acuidade diagnóstica.
Indicações da RM abdominal
A ressonância magnética abdominal está indicada em vastos contextos clínicos, nomeadamente na avaliação adicional de lesões hepáticas inespecíficas na ecografia abdominal (ultrassonografia) ou na tomografia computorizada abdominal, adenomiose, avaliação de fístulas, abcessos ou estenoses em indivíduos com doença de Crohn, avaliação pré-operatória de fístulas ou abcessos perianais, e avaliação complementar a TC de lesões renais ou na glândula supra-renal.
A ressonância magnética abdominal total pode estar indicada, por exemplo, no estadiamento de tumores abdominais, tais como: o carcinoma do recto e do colo do útero. O exame é realizado tanto para o estadiamento local (pélvico) como para o estadiamento regional (abdómen superior), em alternativa da TC do abdómen superior complementar e RM pélvica.
RM abdominal com contraste
Através da ressonância magnética (RM) abdominal com contraste é avaliado o comportamento vascular das estruturas em observação.
O gadolínio é uma substância aplicada por via endovenosa (EV) que amplia a intensidade de sinal das estruturas com fluxo sanguíneo aumentado, por exemplo no contexto de tumores ou inflamações. A avaliação por RM nem sempre precisa usar contraste. A necessidade da administração de contraste depende do quadro clínico, sendo por vezes, realizada avaliação com contraste como complemento à avaliação inicial sem contraste.
O uso de gadolínio está contra-indicado em doentes que possuem insuficiência renal grave (a função dos rins está comprometida) e história de reações ao gadolínio. No caso de mulheres grávidas, o risco é analisado entre o Médico Radiologista e o Médico Assistente. A amamentação e a menstruação nas mulheres não são consideradas contra-indicações para a administração de contraste.
Apesar de poderem surgir reações adversas com o gadolínio, elas são muito menos frequentes relativamente ao uso de contrastes iodados (à base de iodo) em Tomografia computorizada (TC ou TAC). Neste sentido, a RM com contraste é uma alternativa aos doentes de risco e com história de reações adversas aos produtos de contraste usados em TC.
É necessária preparação?
Não é necessário realizar qualquer espécie de preparação prévia para realizar a ressonância magnética abdominal, exceto os cuidados com o jejum que descreveremos adiante.
O doente pode tomar a medicação habitual, exceto nos casos em que o Médico forneça orientações contrárias.
Como é feita a RM abdominal?
O doente deve comparecer no local e hora marcados com alguma antecedência. Ao doente é solicitado substituir a sua roupa por uma bata e a retirar todos os objetos metálicos que possui, designadamente, relógio, pulseiras, anéis, sutiã, etc..
O doente deve informar o técnico de radiologia se possuir algum implante (stents, pacemakers, próteses dentárias, etc.), de modo a verificar a compatibilidade dos materiais com o campo magnético usado em RM.
Seguidamente, o doente é colocado em decúbito dorsal (“barriga para cima”) numa mesa a fim de iniciar o exame. A RM é um exame não invasivo e o paciente não perceciona qualquer tipo de dor durante a concretização do mesmo.
Após o posicionamento do doente é possível iniciar a aquisição das imagens. Durante a realização do exame o doente deverá encontrar-se em descanso absoluto, dado que qualquer movimento deteriorará a imagem médica.
Duração da RM abdominal
O tempo que demora a realização do exame varia conforme a necessidade ou não de administração de contraste. Nos casos em que não é necessário administrar contraste, a duração é de aproximadamente 45 minutos, sendo obviamente superior nos casos em que é necessário contraste.
A ressonância magnética poderá ser executada com recurso à utilização da sedação (anestesia) em casos especiais, particularmente em crianças, sendo o tempo necessário para realizar o exame superior.
Alternativas à RM abdominal
A RM é um método diagnóstico com excelente acuidade diagnóstica, particularmente importante na avaliação de determinados tipos de lesões, mesmo quando comparada com a tomografia computorizada (TC) abdominal, apesar desta última ser uma técnica mais barata e de mais fácil acesso. Acresce que a TC usa radiação, daí que em determinados grupos, especialmente em crianças e grávidas, a RM abdominal constitui uma excelente opção. Por outro lado, em TC são usados produtos de contraste endovenoso iodados, que detêm uma maior possibilidade de reações anafiláticas e de disfunção renal. Por isto, deverá ser considerada a realização de RM em detrimento de TC abdominal em indivíduos com alergias ou com a alteração da função renal.
Saiba, aqui, o que é TC do abdómen.
A ecografia abdominal é um método imagiológico dinâmico, inofensivo, de fácil acesso, rápido e pouco dispendioso, sendo por isso um exame frequentemente utilizado na investigação inicial do abdómen. Caso o estudo ecográfico abdominal se revele inconclusivo, e em função do caso em estudo, deverá ser feita avaliação adicional utilizando outros métodos, designadamente TC ou RM.
Saiba, aqui, o que é ecografia abdominal.
A ecografia não viabiliza a avaliação dos órgãos com gás, como o estômago ou os intestinos. Nestes casos, a endoscopia digestiva alta (EDA) e a colonoscopia são os exames mais recomendados.
Saiba, aqui, o que é colonoscopia.
A interposição do gás intestinal pode também impedir a avaliação por ecografia dos órgãos abdominais mais profundos como o pâncreas. Para além disso, alguns nódulos, nomeadamente do fígado, podem necessitar da administração de contraste para melhor caracterização. Nestes casos, está indicado a realização de TC ou RM abdominal.
RM abdomino pélvico
Devido à proximidade anatómica, a RM pélvica (da pelve) é um exame executado, muitas vezes, em complemento à investigação da RM abdominal (do abdómen superior). Na RM pélvica é avaliado o abdómen inferir (“parte de baixo da barriga”), designadamente, a bexiga e os órgãos do aparelho ginecológico (útero e ovários) na mulher e a próstata e vesículas seminais no homem.
Denominamos por RM abdomino pélvico quando é feita a avaliação do abdómen e da pelve no mesmo momento do exame.
A RM do tórax ou torácica é utilizada como meio de diagnóstico em inumeráveis doenças do pulmão, do mediastino ou da pleura, doenças cardiovasculares dos grandes vasos (artéria aorta torácica ou artéria pulmonar), entre outras. Em alguns contextos, nomeadamente no estudo de doentes oncológicos, poderá estar aconselhada a realização de RM toraco-abdomino-pélvica, muitas vezes designado por RM total.
Quanto custa uma RM abdominal?
Os utentes do Sistema Nacional de Saúde (SNS) só têm acesso a este método de imagem médica nos hospitais, não sendo possível requisitar este exame através da rede convencionada com o SNS, exceto se os utentes suportarem o exame às suas expensas. Em meio hospitalar o doente terá de suportar o custo de uma taxa moderadora (exceto se estiver isento).
Para os beneficiários da ADSE, o preço da taxa moderadora da RM varia entre 27€ e 30€ (ver tabela ADSE). Para os restantes subsistemas e seguros de saúde, o valor do exame pode variar em função das condições associadas ao subsistema / seguro.
O preço médio é de aproximadamente 300€, para a execução da RM, quando o exame é feito a título particular. Porém, o valor do exame é firmado pela clínica de imagiologia respetiva, pelo que o valor apresentado é simplesmente uma “ordem de grandeza”.
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