Há pessoas que são muito sensíveis à picada de insetos. Existem vários tipos de reações de hipersensibilidade possíveis após a picada de insetos, que se dividem em dois grandes grupos: as de causa imunológica (que são realmente as reações alérgicas), e reações não imunológicas. Uma reação imunológica é uma reação “exagerada” do nosso sistema imunitário (sistema de defesa do nosso organismo).
A alergia a insetos é, portanto, uma reação imunológica à picada. As reações não-imunológicas são respostas dos tecidos aos componentes farmacológicos e enzimáticos do veneno do inseto.
Que insetos provocam alergia?
Diversos insetos podem provocar reações alérgicas. Os principais insetos que causam alergia são os himenópteros: abelha, vespa e formiga. O veneno de himenópteros pode causar reações muito graves, mesmo fatais.
Outros insetos frequentes, como os mosquitos, melgas, moscas, pulgas, percevejos, etc., provocam reações alérgicas à própria picada, em pessoas sensíveis. Algumas destas reações de hipersensibilidade não são imunológicas, e por isso são mais ligeiras.
Sinais e sintomas na alergia a insetos
As reações alérgicas podem dividir-se em dois tipos: reações locais - alergia na pele na zona da picada, com edema (inchaço), prurido (comichão) e dor, que apesar de incomodarem não têm gravidade; e reações sistémicas, em que os sinais e sintomas não se limitam à zona da picada e se generalizam com manchas na pele em todo o corpo, podendo originar sintomas respiratórios (como tosse, dificuldade em respirar, sensação de aperto na garganta, etc.) ou gastrointestinais, ou mesmo choque. Em certos casos, pode se tratar de uma situação muito grave, podendo mesmo ser fatal (risco de morte).
As reações de hipersensibilidade não-imunológicas, geralmente, aparecem após mais tempo ou possuem uma duração maior. Entre 24-48 horas após a picada, com inflamação à volta da picada com diâmetro menor do que 10 cm, e alguma dor associada. Estas reações podem ou não generalizar, mas quando isso acontece o quadro é habitualmente ligeiro. Podem propagar-se localmente, sobretudo nas extremidades, por vezes, originando situações de celulite ou inflamação do tecido celular subcutâneo, que podem ser muito extensos e precisar mesmo de medicação injetável.
Em que idade se manifesta a alergia?
A alergia a picadas de insetos pode ocorrer em qualquer idade, desde a infância até à idade adulta. Algumas reações são mais frequentes na criança, como é o caso do prurigo estrófulo, e vão melhorando ao longo dos anos.
A alergia a abelhas ou vespas é mais frequente em adultos, mais ainda se vivem em meios rurais.
Diagnóstico da alergia a insetos
O diagnóstico baseia-se na história clínica e em exame para determinar a sensibilização ao veneno no sentido de saber qual o inseto responsável. Porém, de momento só existem testes e análises para identificar himenópteros (abelha, vespa e formiga), e não para os restantes insetos. Nesses casos, o médico alergologista (especialista em alergologia) pode ajudar a descodificar a situação.
Complicações da alergia a insetos
O quadro clínico de alergia a picada de abelhas ou vespas é o que tem mais complicações, a pior das quais é a anafilaxia. Nesta situação, os sintomas afetam vários órgãos e sistemas, e pode ser mesmo muito grave, incluindo a morte. Nos Estados Unidos ocorrem cerca de 40 mortes por ano devido à alergia às picadas, e em França entre 16 a 38 mortes por ano.
Saiba, aqui, o que é anafilaxia.
Algumas condições clínicas aumentam os riscos de reações mais graves: a quantidade de veneno inoculado, a gravidade da reação prévia, o tratamento com alguns medicamentos para as tensões arteriais e a presença de mastocitose.
A alergia a insetos tem cura?
A alergia a insetos na criança muitas vezes passa, ou pelo menos melhora. Exceto nos casos de alergia a himenópteros, nessas situações em qualquer idade é habitualmente crónica. Mas nestas situações existe vacina (imunoterapia específica) que é altamente eficaz, induzindo níveis de proteção de 92-98% contra novas picadas, e se pode iniciar a partir dos 5 anos de idade, com indicação para reações sistémicas moderadas-graves. Mais recentemente tem sido considerada também em situações de reação local.
Saiba, aqui, tudo sobre vacinas para alergia.
Saiba, de seguida, como tratar a alergia a insetos.
Tratamento da alergia a insetos
O tratamento das reações locais consiste em aliviar os sintomas através de aplicação de frio (fazer gelo por exemplo) no local da picada. Os medicamentos ou remédios anti-alérgicos usados nestes casos incluem anti-histamínicos orais, pomadas com cortisona ou mesmo cortisona oral.
O tratamento medicamentoso da anafilaxia consiste em administrar adrenalina. Este tratamento não deve ser atrasado porque a reação pode ir progredindo de gravidade.
Saiba, aqui, tudo sobre o tratamento da anafilaxia.
Como já referido anteriormente, existe a possibilidade de administrar vacinas (imunoterapia específica) em alguns doentes diagnosticados com alergia a abelhas ou vespas e que é altamente eficaz. Esta permite induzir níveis de proteção entre 92 a 98%, podendo iniciar-se após os 5 anos de idade. Estas vacinas não são um tratamento de alívio sintomático após uma picada, mas sim para prevenir reações se ocorrerem novas picadas.
Saiba, aqui, tudo sobre vacinas para alergia.
Não existe nenhum remédio caseiro ou natural com eficácia comprovada no tratamento destas alergias e o doente nunca deve em caso algum automedicar-se sob pena de poder agravar o seu estado de saúde.