A cárie dentária ou num dente com cárie ocorre uma destruição dos tecidos duros, ficando o dente cariado resultante da ação de determinadas bactérias presentes na boca que podem levar à perda do dente afetado, caso não seja efetuada uma intervenção adequada e atempada no sentido da sua preservação.
Por definição, a cárie no dente é uma doença ou processo patológico infecioso e contagioso que se manifesta nos dentes após a sua erupção na cavidade oral, sendo um dos problemas que atualmente mais afeta a população mundial e, por isso, considerado um problema de saúde pública.
A cárie não é uma doença específica de alguma idade em particular, podendo ocorrer desde uma idade muito precoce até à idade geriátrica.
Dente cariado - tipos, local
Podemos identificar diferentes fases da cárie. A cárie inicial (começo ou início da cárie, ainda superficial), e cárie avançada (mais profunda, podendo mesmo causar fraturas dentárias e até atingir o nervo do dente, causando infeção).
A cárie entre os dentes é, como o próprio nome indica, a cárie que ocorre entre os dentes, podendo afetar apenas um dente ou, então, poder afetar mais do que um dente, (várias ou múltiplas), tendo em conta a localização e a duração das lesões.
A cárie coronária é o tipo mais comum de cárie e aquela que ocorre na coroa do dente, quer seja nas superfícies oclusais (cárie oclusal), faces dos dentes ou entre os dentes.
A cárie radicular ou cárie na raiz do dente, caso se trate já de uma cárie profunda, é geralmente grave devido à sua proximidade com o nervo do dente e que ocorre quando a raiz já está exposta por retração da gengiva.
Já a cárie cervical situa-se no limiar das duas localizações acima descritas, ou seja, na zona de transição da coroa para a raiz do dente.
A cárie dentária ocorre com maior facilidade entre os dentes e nos sulcos e fissuras dos dentes devido à maior facilidade de retenção de resíduos alimentares e maior dificuldade de higienização. Contudo, como vimos, as cáries podem desenvolver-se em qualquer parte dos dentes.
A cárie molar ou cárie nos dentes molares, devido à sua localização (parte de trás da dentição) é das mais frequentes, pois é mais difícil conseguir a limpeza ou higiene destes dentes e existe uma maior facilidade de acumulação de resíduos de alimentos.
A cárie no dente da frente, apesar de menos frequente do que nos dentes de trás, possui a desvantagem de afetar a estética ou visual do indivíduo, podendo com isso inibir a pessoa de sorrir ou mesmo baixar a sua autoestima.
Uma cárie pequena, mais especificamente incipiente ou no seu início, é ainda muito superficial, envolvendo apenas a superfície do esmalte (cárie de esmalte), e por vezes efetuam-se apenas procedimentos de remineralização, ficando a carie inativa. Numa cárie grande isso já não é possível, pois há já uma destruição em profundidade, envolvendo não só o esmalte como também a dentina e muitas vezes a polpa dentária.
A cárie aguda, geralmente afeta mais que um dente simultaneamente e normalmente apresenta uma cor clara. Tem tendência a progredir rapidamente, podendo em pouco tempo atingir a polpa e provocar dor aguda e forte. A cárie crónica, por sua vez, caracteriza-se por uma evolução lenta e intermitente, de cor mais escura e cavidades mais extensas, e com uma sintomatologia muito menos dolorosa.
A cárie recorrente, também chamada de cárie secundária, ocorre normalmente por acumulação de placa bacteriana em volta das restaurações, por falta de adaptação destas ou pela sua deterioração temporal, constituindo indicação para a substituição das mesmas.
Saiba, de seguida, o que causa, como se forma e se desenvolve a cárie dentária.
Causas da cárie dentária
Como causas para a cárie dentária podemos identificar a ação de determinadas bactérias que ao decompor os alimentos cariogénicos, nomeadamente alimentos ricos em açúcares e hidratos de carbono, originam ácidos.
A ação desses ácidos, caso não seja contrariada por uma adequada higiene oral e adjuvada por outros fatores predisponentes, vai provocando um amolecimento do tecido duro do dente formando cavidades que se não forem tratadas evoluem em profundidade, levando à inevitável destruição e perda do dente.
Sinais e sintomas na cárie
Na cárie dentária os sinais e sintomas podem variar bastante, dependendo da localização, e dimensão da cárie (principalmente em profundidade), e da própria suscetibilidade à dor de cada indivíduo, pois a presença de uma cárie no dente não implica obrigatoriamente sintomatologia.
De qualquer modo os sintomas mais recorrentes incluem a sensibilidade dentária e a dor nos dentes, contudo, em alguns casos o dente cariado não dói, principalmente se a cárie está num estadío inicial ou não afeta uma zona do dente próxima ao nervo. Já um dente com cárie profunda poderá atingir limiares de dor difíceis de suportar, incapacitar o indivíduo de mastigar ou até mesmo originar infeções com repercussões ao nível da saúde geral. Em caso de infeção avançada ou prolongada, pode inclusive ocorrer febre, ainda que normalmente baixa, debilitando a pessoa e mesmo afetar o estado de saúde geral.
Outros sinais que podem evidenciar dentes cariados passam pela presença de manchas na superfície dos dentes de coloração escura, amarelada ou branca opaca, assim como a presença de orifícios ou fraturas visíveis nos mesmos.
O mau hálito ou halitose pode surgir também na sequência das cáries nos dentes se não tratadas, devido aos processos de necrose e putrefação provocados pelas bactérias envolvidas na cárie, que aumentam significativamente na cavidade bucal na presença desta afeção.
Cárie infantil
O uso de chupeta “açucarada” para “acalmar” o bebé também contribui de forma significativa para o aparecimento deste tipo de cárie em dentes de leite.
De facto, a cárie infantil e juvenil é um dos problemas que mais tem preocupado as entidades de saúde pelos problemas que daí podem advir.
Esta situação pode-se evidenciar quer estejamos a falar das repercussões imediatas inerentes à própria dor e incómodo com eventual reflexo no rendimento escolar por faltas à escola e/ou diminuição da concentração, ou mesmo na diminuição da autoestima da criança, quer das repercussões futuras, que poderão ser bastante significativas considerando as várias consequências que uma eventual perda de dentes precoce pode originar numa criança com cárie.
Como saber se tenho uma cárie?
O diagnóstico das cáries é efetuado pelo médico dentista através da observação direta complementada pela sondagem das superfícies dentárias, através de um “kitt” de exploração composto por sonda e espelho, e com iluminação própria.
Se notar alterações na cor dos dentes, como manchas brancas, amarelas, castanhas ou pretas, na parte lateral ou superior dos dentes (sulcos e fissuras), deverá consultar de imediato o seu médico dentista, pois pode estar perante uma carie ativa. A lesão de cárie entre os dentes pode também ser detetada ao passar o fio dentário, quando este rasga ou fica preso.
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Saiba, de seguida, como tratar a cárie dentária.
Tratamento da cárie
A cárie dentária tem cura e o tratamento é cirúrgico, implicando a consulta ao Médico Dentista, visando remover a cárie e consequente restauro ou reconstrução da cavidade dentária, no caso da estrutura afetada comprometer apenas o esmalte e a dentina.
Nos dentes cariados em raras exceções é possível fazer uma remineralização natural do esmalte dentário no caso de cáries ou desmineralizações ainda muito superficiais, através de uma higiene rigorosa com o devido aporte de fluor.
Perante estados mais avançados de cárie, ou seja, um dente com cárie profunda que já atinja a polpa dentária por exemplo, o tratamento poderá implicar previamente à restauração, procedimentos bem mais invasivos, nomeadamente a endodontia (desvitalização), ou em último recurso implicar mesmo a perda do dente ou a sua extração (“tirar o dente”).
Este procedimento cirúrgico (cirurgia ou operação), habitualmente, não dói pois é realizado sob anestesia local, permitindo que se possa realizar o tratamento sem que exista dor, para que seja reduzida ou atenuada a habitual ansiedade ou fobia que as pessoas têm de ir ao médico Dentista.
A cárie na gravidez também pode ser tratada com os devidos cuidados, não só para bem da mãe mas também do feto, pois eventuais infeções dentárias podem prejudicar a saúde de ambos, e nalguns casos pode mesmo provocar o parto prematuro.
No tratamento da cárie dentária, o preço pode variar muito de acordo com tipo de tratamento a efetuar, tendo em conta a gravidade ou extensão da cárie, pois pode implicar desde uma simples restauração até à confeção e colocação de um pivot ou coroa fixa.
Como evitar cáries?
Como em todas as doenças, a prevenção das cáries dentárias deverá constituir sempre o melhor “tratamento caseiro ou natural”, de modo a combater o aparecimento das cáries. As medidas a tomar para prevenir a cárie dentária passam obrigatoriamente pela manutenção de uma boa higiene oral, adjuvadas por consultas regulares ao Médico Dentista. Infelizmente existem muitas situações em que as pessoas só recorrem ao profissional de saúde apenas quando detetam uma cárie no dente da frente ou quando já sentem dor ou dificuldade em comer.
Relativamente à higiene oral, deverá proceder-se à escovagem dos dentes e dorso da língua seguindo uma técnica correta, com pasta dentífrica fluoretada (com flúor) e pelo menos duas a três vezes por dia, que deverá ser após as refeições. Complementarmente deverá usar-se fita ou fio dentário, ou mesmo escovilhão em caso de espaços entre os dentes mais largos, pelo menos uma vez por dia, de preferência após a escovagem do final do dia.
A cárie dentária pode também ocorrer por contágio ou transmissão, pois é uma doença infetocontagiosa capaz de se propagar pela saliva, na troca de beijos ou mesmo quando a mãe prova a comida do bebé, por exemplo.
Ainda e também como cuidado complementar, deve-se reduzir ao máximo a ingestão continuada de alimentos cariogénicos (ricos em amidos e açucares), principalmente fora das principais refeições.