A gengivoplastia e a gengivectomia são intervenções cirúrgicas que se efetuam ao nível das gengivas, visando corrigir ou alterar o contorno ou proporção da gengiva, principalmente junto dos dentes. Todavia, ainda que tenham propósitos semelhantes, existe alguma diferença entre estes dois tipos de cirurgia.
O termo gengivoplastia é aplicado essencialmente quando se pretende alterar, normalmente por razões estéticas, o contorno gengival que circunda os dentes, enquanto que o termo gengivectomia refere-se sobretudo a situações relacionadas com a hipertrofia gengival (excesso ou gengiva aumentada).
Estas situações de hipertrofia ou hiperplasia gengival são, por norma, decorrentes de algum estímulo, nomeadamente as que se verificam no caso da gengivite, por reação medicamentosa, alterações hormonais ou em casos de pericoronarite, por exemplo, implicando portanto a redução de gengiva por via cirúrgica, caso não se verifique uma regressão da gengiva excedente, naturalmente ou induzida com medicação específica.
Não obstante se tratar de um procedimento habitualmente simples, o seu efeito na autoestima do paciente é evidente, quando se pretende obter um benefício estético, pois a mudança é óbvia e imediata logo após a cirurgia, resultando numa diferença por vezes bastante acentuada no sorriso e estética facial.
Qualquer paciente pode ser submetido a este tipo de intervenção cirúrgica sem complicações ou riscos relevantes, desde que não apresente qualquer contraindicação específica para o fazer, devendo contudo adotar os devidos cuidados relativamente à higiene oral, de modo a promover e manter uma boa saúde bucal.
A cirurgia plástica periodontal (área da Odontologia responsável pela estética gengival - Periodontia) tem ao dispor inúmeras técnicas cirúrgicas que corrigem o contorno de gengiva. Daí que a identificação da etiologia seja primordial no momento de se proceder à escolha do procedimento mais indicado. Para tal deverá marcar uma consulta de avaliação para se informar acerca das eventuais vantagens e desvantagens deste procedimento, e conhecer então qual a melhor solução para o seu caso.
Indicações da cirurgia
As gengivoplastias são cirurgias que pretendem, como referimos anteriormente, corrigir defeitos gengivais e de tecidos moles em regiões que apresentam algum tipo de comprometimento estético. A principal razão que leva o paciente a procurar ajuda é portanto a componente estética, principalmente nos casos de retração gengival e quando apresenta um “sorriso gengival”, situações essas que passamos seguidamente a descrever.
O chamado sorriso gengival é caracterizado por uma grande visibilidade da gengiva ântero/superior quando a pessoa sorri, o que se torna, por vezes, demasiado inestético, constituindo assim uma das indicações da gengivoplastia. Nestas situações, aquilo que se faz é “recortar” parte da gengiva que recobre o início da coroa dos dentes, de forma a aumentar a porção visível da coroa em altura (aumento da coroa clínica), o que atenua de certa forma a inestética associada ao sorriso alto ou gengival, desde que se tenha o cuidado em manter uma proporção harmoniosa entre dentes grandes vs pequenos.
Por vezes, e como complemento da gengivoplastia para correção do sorriso gengival, considera-se a aplicação de botox (toxina botulinica) na zona situada entre o nariz e o lábio superior, com o objetivo de diminuir a ação dos músculos responsáveis pela elevação do lábio, e assim não expor tanto a porção de gengiva anterior. Contudo, convém referir que a ação desta substância é temporária, implicando a repetição do procedimento, normalmente com intervalos de 6 a 8 meses. Este procedimento pode por esta razão tornar-se algo incómodo e dispendioso para o paciente.
Já nos casos de retração gengival, o que se pretende é basicamente o contrário, ou seja, recobrir as áreas de início de raiz e colo dos dentes que se tornou exposta, consequente da recessão ou retração gengiva.
Também chamada de cirurgia plástica periodontal ou plástica gengival de enxerto, este tipo de gengivoplastia pode ser também aconselhada por razões sintomáticas, ou seja, em pacientes cujas raízes expostas apresentem muita sensibilidade, provocando sensibilidade dentária ou dor nos dentes com frequência.
Nos casos em que existem algumas doenças associadas que possam de alguma forma contraindicar este procedimento, apenas deve ser considerada a cirurgia após tratamento das patologias em causa. Ou seja, antes de se submeter a qualquer cirurgia estética, o paciente deverá tratar, se for o caso, doenças periodontais, cáries, certas doenças sistémicas como a diabetes descontrolada, problemas na coagulação sanguínea, entre outras.
Por sua vez quando nos referimos à gengivectomia, normalmente estamos a considerar casos onde se pretende reduzir a hiperplasia ou aumento da gengiva decorrente de algum estímulo, e que não conseguem por si só regredir, na diminuição de bolsas periodontais e muitas vezes nos casos de pericoronarite, nomeadamente relacionadas com a erupção do dente de siso. Assim, muitas vezes torna-se mesmo necessário remover todo o capuz pericoronário que o cobre, por forma a diminuir a sintomatologia inerente e facilitar a sua erupção, isto caso o siso não fique impactado ou semi-incluso, senão a gengiva pode voltar a crescer e o problema tenderá a persistir até se proceder à extração ou exodontia do mesmo.
Saiba, de seguida, como é feita a cirurgia passo a passo.
Como é realizada a cirurgia?
A cirurgia gengival para redução da gengiva, consiste num tratamento de correção que passa pela remoção de tecido gengival cujo procedimento cirúrgico é muito simples e normalmente rápido.
Para efetuar esta cirurgia, o médico pode fazê-lo de forma convencional, utilizando um bisturi normal ou convencional ou utilizar o bisturi elétrico ou a laser (cirurgia a laser), e em alguns casos ainda uma broca específica cortante. No que diz respeito ao tempo da cirurgia, este pode variar mediante o tipo e extensão da área a intervencionar e da técnica a utilizar.
Para o efeito, o médico dentista procede em primeiro lugar à antissepsia (desinfeção) extra e intraoral, administra anestesia local infiltrativa de modo a que o doente não sinta qualquer dor durante todo o procedimento cirúrgico. Posteriormente, após incisão com bisturi e descolamento dos tecidos moles, remove a gengiva excedente, podendo corrigir inclusivamente outras imperfeições, como a regularização do contorno gengival (plastia gengival).
No caso do paciente apresentar sorriso gengival, ou seja, quando a gengiva se vê muito quando este se ri, a cirurgia a realizar tende a ser mais pormenorizada devido às condicionantes estéticas inerentes, a incisão com bisturi é normalmente feita com bisel externo e implica uma duração média de 30 a 60 minutos, podendo chegar às 2 horas nos casos mais complicados.
De qualquer forma, cada caso deve ser analisado isoladamente, na medida em que, por vezes, retirar apenas 1 a 2 mm da gengiva resolve o problema, mas em casos mais complexos, quando a parte da gengiva que aparece em altura for muito acentuada, pode ser necessário efetuar uma cirurgia mais elaborada.
Por sua vez, a situação contrária também é passível de correção, ou pelo menos de ser minimizada, ou seja, quando o problema corresponde a uma gengiva retraída, ficando os dentes “descarnados” devido à falta de gengiva. Neste caso, a cirurgia é um pouco mais complexa, uma vez que já é necessário recorrer-se a um enxerto de tecidos moles, normalmente extraído do palato (céu da boca). Estes enxertos são designados de enxertos subepiteliais, na medida em que se utiliza uma fina camada de tecido conjuntivo adjacente ao epitélio.
Pós operatório, recuperação
As técnicas mais recentes, além de possibilitarem excelentes resultados estéticos, proporcionam um pós-operatório onde se verifica praticamente ausência de desconforto para o paciente. Normalmente, não é necessário qualquer repouso, ou seja, o paciente poderá voltar de imediato às suas atividades normais no próprio dia ou no máximo no dia seguinte à cirurgia, desde que tenha alguns cuidados no pós-operatório. Assim o paciente deverá evitar esforços físicos mais intensos, evitar alimentos muito quentes e muito duros de início, redobrar os cuidados de higiene e tomar corretamente a medicação que o médico dentista tenha eventualmente prescrito (normalmente analgésicos e/ou anti-inflamatórios).
A recuperação no pós-operatório é, nas gengivoplastias para correção de sorriso gengival e retração das gengivas, de sensivelmente uma semana até a gengiva estar completamente cicatrizada, sendo que a cicatrização pode, nos casos mais extensos, prolongar-se até 10 dias ou ligeiramente mais. Durante este período de recuperação é, na maior parte das vezes, colocada ou aderida uma massa protetora no local (cimento cirúrgico periodontal) para proteção da “ferida cirúrgica”, e permitir que o paciente possa alimentar-se sem riscos de lesar a área intervencionada. Devido à aplicação deste cimento protetor, o paciente não sente dor, mas pode originar algum desconforto.
No que concerne à gengivectomia bisel externo ou bisel interno para resolução dos problemas mais comuns (bolsas periodontais por exemplo), a recuperação tende a ser bem mais rápida, não carecendo de proteção com cimento cirúrgico, nem de cuidados tão específicos.
Veja fotos superiores com o antes e depois da cirurgia.
Quanto custa uma cirurgia?
Na gengivoplastia, o valor ou preço médio é muito variável, pois depende em grande parte do tipo de “defeito” gengival a corrigir, do método a considerar e da extensão da área a intervencionar.
Na gengivectomia, o preço tende a ser inferior ao custo da gengivoplastia, aproximando-se na maior parte das vezes do preço de consulta relativo à de qualquer outra intervenção dentária comum, como extrações e restaurações não complicadas. Veja mais informação sobre onde fazer a cirurgia e preços de tratamentos em Portugal, selecionando o seu concelho.