A obturação dentária ou restauração de dente é um tratamento dentário que permite restabelecer a função mastigatória e estética em dentes que foram lesados por cárie (“dente podre”) e/ou desgastados ou fraturados por traumatismos diversos.
Obturar ou restaurar um dente caracteriza-se pela reconstrução ou restauração da porção fraturada do dente ou da porção afetada pela cárie, após a sua prévia remoção por forma a que esta não progrida, evitando assim a destruição do dente e a sua subsequente perda ou exodontia (extração do dente).
A restauração do dente permite devolver ao dente a sua forma natural, anatómica, a sua função e, se possível, a sua estética.
Quando é necessário efetuar uma obturação?
É necessário efetuar uma obturação ou restauração odontológica quando o paciente apresenta uma perda dos tecidos duros do dente, quer seja provocada por cárie dentária, quer por desgaste ou fratura dos mesmos.
A cárie dentária destrói os tecidos duros do dente, como o esmalte e a dentina, o que provoca, muitas vezes, sensibilidade dolorosa ao frio e/ou outros estímulos ou em estados mais avançados, dor nos dentes que pode variar de moderada a muito forte, por reação a estímulos (frio, quente, mastigação) ou mesmo de aparecimento espontâneo.
Dada a elevada incidência da cárie dentária na população, esta causa é sem dúvida a que mais frequentemente leva à necessidade de realização de restaurações dentárias. Após a remoção da cárie procede-se à restauração do dente, de modo a obturar ou “tapar o buraco" que se formou em consequência da cárie.
Saiba, aqui, tudo sobre cárie dentária.
Um dente partido ou quebrado pode ter na sua origem uma cárie dentária já com alguma progressão, ou então ser consequência direta de traumatismos (pancada, queda, trincar alimentos mais duros, bater com os dentes, lutas, entre outros). Nestas situações proceder-se-á também, se as condições ainda assim o permitirem, à restauração dentária, no intuito de recuperar a sua forma anatómica e funcionalidade.
Nos casos de destruições muito extensas da coroa dos dentes, ou quando se pretende corrigir defeitos anatómicos de maior dimensão, já se pondera a confeção de coroas fixas ou mesmo “pivots”, recorrendo-se portanto à prótese fixa.
Saiba, aqui, o que é uma prótese dentária.
Obturação - passo a passo
Depois de realizado o exame clínico por parte do médico dentista, que em alguns casos necessita de ser complementado com exame radiográfico, (RX periapical ou ortopantomografia), caso se diagnostique a presença de cárie dentária, são tomadas as seguintes medidas:
- Administração de anestesia local, podendo contudo nalguns casos não ser necessária;
- Remoção da cárie com recurso a brocas, e eventualmente curetas dentinárias;
- Preparar uma cavidade retentiva, e efetuar procedimentos adesivos para aumentar a retenção da restauração;
- Colocação do material de obturação ou restauração;
- Remoção de excessos e verificação da oclusão, de forma a não interferir na articulação das arcadas dentárias.
A restauração de um dente da frente é efetuada sob os mesmos princípios básicos daquela que é efetuada a um dente lateral ou posterior (de trás). Contudo, perante restaurações estéticas, teremos que ter um cuidado mais minucioso na escolha da cor do material de restauração, pois deverá ser o mais semelhante possível à cor do dente do paciente, para que a presença das restaurações fique o mais impercetível possível.
Tipos de materiais na obturação
Existem vários tipos de materiais de restauração, porém, atualmente o mais utilizado são as resinas compostas (compósito). O outro material obturador mais comum é a amálgama de prata (chumbo), que antigamente se utilizava em muito maior escala. No entanto, por ser mais inestético e ter na sua composição mercúrio, o que tem gerado alguma controvérsia pela sua eventual toxicidade, não é tão utilizado atualmente. Existem ainda outros materiais que podem ser utilizados, como por exemplo as porcelanas, mas devido ao facto de serem dispendiosas, habitualmente, não são a primeira opção do paciente.
Podemos identificar os seguintes materiais de restauração:
- A restauração em resina ou restauração com resina fotopolimerizável (compósito ou às vezes popularmente chamado de “massa” ou “chumbo branco”) é a mais utilizada porque esta apresenta uma vasta gama de cores que permite uma melhor aproximação à tonalidade do dente, permitindo desta forma restabelecer a aparência natural do dente. É um material atualmente resistente, que sendo de boa qualidade, apresenta uma contração de polimerização mínima, permitindo assim selar bem as margens ou paredes de interface com o dente.
- As restaurações de porcelana ou cerâmica são ainda mais estéticas, porque além de permitir também a escolha da cor pelo Médico Dentista, este material apresenta propriedades superiores de translucidez ou translucência que lhes confere uma estética mais fiel à dos dentes naturais, para além da maior resistência. Este tipo de restaurações são confecionadas em laboratório de prótese, através de moldes efetuados pelo Médico Dentista, e no final são aplicadas ou cimentadas aos dentes naturais pelo mesmo, sendo por isso mais caras ou dispendiosas para o paciente. São essencialmente utilizadas para confeção de coroas, pivots e facetas dentárias.
- A restauração de amálgama de prata é muito menos estética do que a resina composta porque a amálgama apresenta uma cor cinzenta mais ou menos escura, consoante a sua composição (cor de metal prateado). Apesar da cor, continua a ser um material utilizado com alguma frequência, pois é muito resistente e com um índice de selamento marginal muito bom, para além de uma eventual maior durabilidade ou resistência à fratura do que os compósitos em zonas de maior desgaste por força da mastigação.
- As restaurações com ionômero de vidro são brancas e também uma escolha a ter em conta, principalmente em crianças com muita propensão à cárie, pois apresenta uma boa resistência, que aliado à propriedade que tem de libertar fluor, previne de algum modo a recidiva de cárie. Apesar de ser também branco, torna-se consideravelmente inferior à restauração com resina composta no que diz respeito à estética, pois não consegue aproximar-se tanto da cor natural dos dentes, a sua translucidez é muito menor e tende a alterar a sua cor (amarelecer) passado pouco tempo (1 a 2 anos). Como limitação adicional, de referir que a sua contração de polimerização é superior à dos compósitos, o que não promove um selamento marginal tão eficiente.
- A restauração metálica fundida é pouco utilizada, pois para além de apresentar uma cor metálica prateada, é bem mais dispendiosa que a amálgama. É enviada para confeção em laboratório e é também muito resistente.
Veja fotos superiores de dentes restaurados, com o antes e depois da obturação.
A obturação dói?
A restauração ou obturação é realizada sob anestesia local, o que permite que o paciente não sinta dor durante os procedimentos de restauração do dente.
Existem situações em que este procedimento pode ser efetuado sem qualquer anestesia não implicando também qualquer tipo de dor, ou então apenas uma sensibilidade ligeira enquanto se procede à remoção da cárie com o auxílio de brocas, dependendo do estadio de evolução da cárie, da sua localização e do nível de tolerância à dor específico de cada pessoa.
Riscos e complicações na obturação
Aquando da realização da obturação, não é suposto o paciente estar sujeito a qualquer tipo de riscos e complicações pelo simples facto de se ter submetido a essa intervenção. De salientar que os dentes restaurados não ficam “imunes” à cárie, por isso, estes necessitam de ser continuamente escovados/lavados porque a restauração não ganha cárie, mas o dente em si pode contrair (ganhar) de novo cárie (recidiva de cárie).
O dente pode, em algumas situações, ficar sensível após a obturação durante os primeiros dias, principalmente nos casos em que foi necessário broquear mais junto da polpa dentária, sujeitando-a a uma “agressão” inevitável, podendo portanto reagir. Esta sensibilidade tende a regredir naturalmente, ou seja, sem qualquer intervenção na maior parte dos casos.
Por este facto, nos casos em que a cárie está muito próxima da polpa, ou quando o paciente apresente já uma sintomatologia algo acentuada, opta-se por efetuar previamente uma restauração provisória ou temporária, ficando-se a aguardar a regressão dos sintomas e só depois se efetua a restauração definitiva, caso não haja qualquer dor ou sensibilidade associada.
Se um dente obturado continuar a doer, ou seja, caso a sintomatologia, seja ela qual for, se agravar ou mantiver por vários dias após a restauração (provisória ou definitiva), então dever-se-á ponderar um tratamento mais invasivo, nomeadamente a endodontia ou tratamento de canal (desvitalização). De referir ainda que existem casos em que após tratamento endodôntico, é necessário aceder ao ápice do dente, aquando da realização de uma apicectomia, por exemplo, para remoção de lesões endósseas que se formam junto ao término da raiz, obrigando ao seu corte e consequente obturação retrógrada ou retrobturação.
Contudo, não se deve confundir obturação retrógada com obturação endodôntica, pois esta última tem como objetivo a obturação completa do canal radicular, após tratamento de canal (endodontia ou desvitalização), ou seja, o preenchimento do interior dos canais de onde foi removida a polpa dentária.
Saiba, aqui, o que é endodontia ou desvitalizar um dente.
Para além de eventual dor de dente após obturação, poderão ocorrer outras situações incómodas para o paciente, principalmente se a restauração for mal feita, como uma eventual lesão da polpa, provocando pulpite; inflamação gengival (gengivite), nos casos onde a restauração fica debordante (em excesso), o que facilita o acúmulo de bactérias em zonas difíceis de higienizar; problemas ou interferência na mastigação, nas situações em que a oclusão não ficou correta; e casos existem em que a obturação do dente cai, sendo que esta ocorrência não tem que ser exclusivamente consequência de má execução por parte do profissional.
Quanto custa uma obturação dentária?
Numa obturação ou restauração de dente, o preço varia de clínica para clínica e dependendo obviamente da extensão da restauração. Apenas o médico dentista poderá calcular com exatidão o valor de uma obturação, embora se possa referir que, em média, o preço da consulta, considerando o tipo de restaurações mais frequentes, tende a situar-se entre os 35 e os 70 euros (valores meramente indicativos, em Portugal).
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