Alopecia Androgenética Feminina

Alopecia feminina (nas mulheres)

Alopecia Androgenética Feminina

A palavra alopecia tem a sua origem no grego antigo e deriva da palavra "alopex," que significa raposa. Este termo surgiu porque algumas espécies de raposas renovam frequentemente todo o seu pelo, sendo que, até duas vezes por ano, perdem a totalidade do mesmo.

Atualmente, alopecia significa “queda ou miniaturização de cabelo que previamente existia”. É comum associar-se erroneamente a alopecia à “Alopecia Areata”, que é uma das causas possíveis de alopecia, mas na verdade o termo “alopecia” é muito mais amplo e engloba todos os problemas capilares, independentemente da sua causa ou gravidade.

A Alopecia Androgenética Feminina é a forma mais comum de queda de cabelo nas mulheres. Está relacionada com a sensibilidade genética, tendo também um componente hormonal associada. É caracterizada pela miniaturização folicular e consequente diminuição gradual da densidade capilar na parte superior e frontal do couro cabeludo, podendo, no entanto, afetar todo o cabelo.

Importância do cabelo na mulher

O cabelo desempenha um papel significativo na vida das mulheres, indo além das suas funções básicas como as de proteção e termorregulação. Para muitas mulheres, o cabelo é uma expressão da sua identidade, estilo e autoconfiança. Desempenha um papel importante na sociedade, muitas vezes influenciando a primeira impressão que as pessoas têm de uma mulher. A perda de cabelo ou problemas capilares podem impactar a autoimagem e a autoestima, levando a sentimentos de desconforto e insegurança. Alguns estudos realizados a mulheres que sofrem de falta de cabelo, mostraram que:

  • 88% refere efeitos negativos na sua vida;
  • 75% apresenta baixo autoestima;
  • 50% problemas sociais.

Diagnóstico diferencial na alopécia

Existem muitos outros tipos de alopecia que podem afetar as mulheres para além da alopecia androgenética feminina. De seguida, descreveremos algumas dessas causas, a saber.

  • Eflúvio Telógeno: Queda de cabelo, normalmente temporária, resultante da interrupção do ciclo de crescimento capilar. Pode ser desencadeado por diversas causas que provocam um stress ao organismo, como por exemplo, depressões, alterações hormonais, défices nutricionais, Covid-19, dietas exigentes, anemias, entre muitos outros. Como resultado, o cabelo cai em maior quantidade do que o normal. Normalmente, esta queda inicia 1 a 3 meses após o evento desencadeante e tende a parar 6 meses após a resolução do problema que causou a queda. Quando esta queda se mantém por mais de 6 meses chamamos Eflúvio Telógeno Crónico.
  • Alopecia Areata: é uma doença autoimune em que o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente os folículos capilares, interrompendo o ciclo de crescimento do cabelo. Pode afetar o couro cabeludo bem com qualquer outra zona onde existam pelos. Provoca placas de alopecia que geralmente assumem uma forma oval ou circular, caracterizada pela ausência total de cabelo. A progressão dessa condição pode variar de pessoa para pessoa. Em alguns casos, o cabelo pode crescer naturalmente, enquanto em outros, a alopecia pode se estender e afetar áreas mais extensas, incluindo a totalidade do couro cabeludo (alopecia areata total) ou até mesmo todo o corpo (alopecia areata universal).
  • Alopecias Cicatriciais: grupo de diferentes alopecias que resultam na inflamação e posterior destruição do folículo piloso, levando à perda definitiva dos folículos capilares se não for tratada a tempo. Os tipos de alopecias cicatriciais mais frequentes nas mulheres são a Alopecia Frontal Fibrosante, o Líquen Plano Pilar e a Alopecia por Tração. A Alopecia Frontal Fibrosante é caracterizada pelo recuo progressivo da linha de implantação frontal. Afeta frequentemente também as sobrancelhas. É mais frequente aparecer em mulheres pós-menopáusicas, mas pode aparecer em qualquer idade. É a alopecia cicatricial mais comum nas mulheres e a sua incidência tem aumentado exponencialmente nos últimos anos. A Alopecia por tração ocorre devido à tensão crónica nos folículos capilares, geralmente como resultado de penteados apertados, como tranças ou rabos de cavalo muito tensionados. O cabelo é repetidamente puxado, levando à queda e, eventualmente, à cicatrização dos folículos.

Apresentação clínica da alopecia androgenética feminina

Tal como referido, este problema capilar caracteriza-se por uma miniaturização dos folículos que consiste numa diminuição progressiva do diâmetro, longitude e coloração dos cabelo até à perda total dos mesmos.

Existem essencialmente 3 formas de apresentação:

Forma Difusa ou Padrão de Ludwig

Padrão de Ludwing

Caracteriza-se por uma redução difusa da densidade capilar afetando mais intensamente toda a zona central (linha média do cabelo), mas conservando a linha de implantação frontal.

Forma de Árvore de Natal ou Padrão de Olsen

Padrão de Olsen

Caracteriza-se por uma redução da densidade em forma triangular ou de árvore de Natal, em que a zona mais afetada é a zona frontal do cabelo. 

Forma Masculina ou Padrão de Hamilton

Padrão de Hamilton

Apesar de menos frequente a alopecia androgenética feminina também pode manifestar-se com um perfil semelhante à alopecia masculina, onde as zonas mais afetadas são as “entradas” e a “coroa”.

Diagnóstico da alopecia androgenética feminina

O primeiro passo para diagnosticar a alopecia feminina e identificar a causa é agendar uma consulta com um médico especializado em tricologia. Durante a consulta, o médico deverá realizar uma avaliação completa que deve incluir:

  • História clínica completa para conhecer a evolução do problema capilar, quais os principais sinais e sintomas associados, os hábitos alimentares e de estilo de vida, se tem outras patologias associadas, e ainda conhecer os antecedentes familiares dos problemas capilares. No caso das mulheres também é muito importante conhecer o histórico ginecológico e hormonal, nomeadamente se tem antecedentes de acne e de hirsutismo, pois estes sinais podem estar associados a problemas capilar;
  • Observação do couro cabeludo onde se observará a textura e densidade bem como se há sinais de miniaturização. Também permite observar outros sinais como inflamação, descamação, vermelhidão ou outras irregularidades;
  • Tricoscopia- é uma técnica que utiliza um dispositivo de aumento (tricoscópio) para examinar o couro cabeludo e o cabelo em detalhes. Ajuda o médico a identificar padrões de perda de cabelo, miniaturização dos folículos capilares e outras características específicas da alopecia feminina. Essa análise é crucial para um diagnóstico preciso;
  • Exames Laboratoriais - em alguns casos, o médico pode solicitar exames de sangue. Em determinadas situações, alterações hormonais ou défices vitamínicos ou de nutrientes podem estar associadas à perda capilar.
  • Biópsia do Couro Cabeludo - em situações mais complexas, o médico pode optar por realizar uma biópsia do couro cabeludo. Esse procedimento envolve a remoção de uma pequena amostra de tecido do couro cabeludo para análise laboratorial.

Tratamento da alopecia androgenética feminina

Ao contrário da alopecia androgenética masculina, em que a hormona dihidrotestosterona desempenha um papel central e pode ser significativamente bloqueada com inibidores da enzima 5-a-redutase, como a finasterida e dutasterida, a alopecia androgenética feminina é consideravelmente mais complexa. Isso ocorre porque, além dos fatores genéticos, muitos fatores hormonais e possivelmente ambientais estão envolvidos, tornando o tratamento um desafio tanto para médicos quanto para pacientes.

No entanto, é importante destacar que, embora essa seja uma condição crónica que persistirá ao longo da vida, existem abordagens terapêuticas eficazes que podem significativamente melhorar a qualidade de vida das pacientes.

O principal pilar do tratamento da alopecia androgenética feminina ainda é a medicação, com destaque para o uso de minoxidil e dos medicamentos antiandrógenos. Esses agentes demonstraram eficácia em desacelerar a progressão da perda de cabelo e, em alguns casos, numa melhoria do volume e densidade capilar. É importante observar que o tratamento geralmente é de longa duração, visto que a alopecia androgenética feminina é uma condição crónica que requer uma abordagem contínua para manter os resultados positivos.

1) Medicação da alopecia androgenética feminina

Minoxidil

O minoxidil é um medicamento com mais de quatro décadas de história. Originalmente desenvolvido como um vasodilatador, foi aprovado para uso médico em 1979 como tratamento para a hipertensão arterial. Durante os ensaios clínicos verificou-se que este medicamento provocava como efeito secundário o crescimento de pelos e cabelo. Essa descoberta levou ao desenvolvimento de uma formulação tópica específica para o tratamento da alopecia androgenética, tendo sido aprovado o seu uso pela FDA em 1988 e desde essa altura tem sido amplamente utilizada.

Embora seja conhecida a função de vasodilatação do minoxidil, o seu mecanismo exato de ação na estimulação capilar ainda não está completamente compreendido, sabendo-se, no entanto, que ativa certas vias de crescimento capilar.

Atualmente, utiliza-se tanto o minoxidil tópico como o minoxidil oral (formulação magistral). Por ser um medicamento deverá sempre ser prescrito por um médico que deverá explicar de forma detalhada quais os benefícios, bem como os possíveis efeitos secundários.

Antiandrógenos

São um grupo de medicamentos que atuam bloqueando ou diminuindo hormonas andrógenas (conhecidas vulgarmente como as hormonas masculinas) que têm um papel fundamental na alopecia androgenética.

Os mais utilizados e que demonstram mais eficácia são os inibidores da 5-a-redutasa (finasterida e dutasterida), bem como a espironolactona. Outros antiandrógenos como o acetato de ciproterona ou a flutamida, apesar de eficazes, o seu uso clínico tem diminuído no tratamento da alopecia androgenética feminina devido aos possíveis efeitos secundários a largo termo.

Muito importante referir que todos estes medicamentos têm indicações e contraindicações próprias pelo que deverão ser sempre prescritos por um médico especialista que deverá fazer o acompanhamento constante enquanto o paciente tomar a medicação.

2) Suplementos

Os suplementos nutricionais podem desempenhar um papel complementar no tratamento da alopecia androgenética, especialmente quando há deficiências nutricionais subjacentes. No entanto, a sua evidência científica ainda é muito limitada pelo que é importante realçar que nenhum suplemento é uma solução milagrosa e que nunca deverão substituir a medicação convencional.

Alguns dos suplementos mais utilizados, sejam por via oral como tópica são: biotina, ferro, zinco, serenoa repens (saw palmetto), L-cistina, selénio, ácidos gordos ricos em ômega-3, bem como diversas vitaminas.

3) Tratamentos complementares:

  • Mesoterapia Capilar - A mesoterapia capilar é um procedimento minimamente invasivo que consiste na aplicação de substâncias específicas diretamente no couro cabeludo, por meio de microinjeções. Essas substâncias são variadas podendo ser fármacos, combinações de nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais e aminoácidos, visando melhorar a saúde dos folículos capilares, estimular o crescimento de novos cabelos e retardar a queda dos fios existentes. Saiba, aqui, tudo sobre mesoterapia Capilar.
  • PRP (Plasma Rico em Plaquetas) Capilar ou Bioestimulação capiar - É um procedimento regenerativo através do qual se obtém sangue do próprio paciente, que é posteriormente processado para obter um concentrado de plaquetas. Uma vez concentrado, o PRP é injetado diretamente no couro cabeludo, onde os fatores de crescimento presentes nas plaquetas irão estimular a regeneração dos folículos capilares. É um procedimento muito seguro, visto estarmos a usar apenas o sangue do próprio paciente.
  • Microneedling Capilar - O microneedling, também conhecido como microagulhamento capilar, envolve o uso de pequenas agulhas, seja através de um dermaroller ou de um dispositivo automatizado. Essas agulhas criam microperfurações no couro cabeludo, desencadeando microlesões que estimulam uma resposta natural de cicatrização do corpo aumentando a produção de colágeno e a liberação de fatores de crescimento. Além disso, o microneedling facilita a absorção de produtos de estimulação capilar, uma vez que eles podem penetrar mais eficazmente através das microperfurações já existentes.
  • Laser de Baixa Potência (LLLT) - É um tratamento que envolve a exposição do couro cabeludo à luz de laser com baixa potência. Essa luz, que geralmente é vermelha ou próxima do infravermelho, é emitida por dispositivos específicos, como bonés, capacetes ou pentes a laser. Quando aplicada no couro cabeludo, essa luz é absorvida pelo tecido cutâneo estimulando a circulação sanguínea local, bem como ativando algumas vias de crescimento capilar.

4) Transplante Capilar Feminino

O transplante capilar feminino é um procedimento em que unidades foliculares (conjunto de 1 a 4 ou mais cabelos) provenientes de uma zona forte do cabelo são implantadas na zona em falta. Visto que utilizamos os cabelos do próprio paciente, e respeitando a direção original do cabelo, têm resultados muito naturais. É um tratamento minimamente invasivo e praticamente indolor.

No caso do transplante feminino as técnicas utilizadas (F.U.E. e F.U.S.S.) são as mesmas que as utilizadas no transplante masculino, no entanto existem várias particularidades que o diferenciam dos restantes transplantes.

Saiba, aqui, tudo sobre transplante capilar feminino.

5) Camuflagem

Em casos mais avançados de alopecia androgenética feminina ou quando a medicação não é uma opção viável, a camuflagem capilar pode ser uma excelente alternativa permitindo às pacientes disfarçar a falta de cabelo.

Existem diferentes métodos de camuflagem capilar disponíveis. Em seguida, iremos descrever os mais utilizados.

  • Fibras Capilares - São pequenas partículas de queratina que aderem ao cabelo existente e se depositam no couro cabeludo, aumentando a sensação de densidade capilar. São seguras e fáceis de utilizar e podem ser muito úteis no melhoramento da imagem da paciente.
  • Micropigmentação do couro cabeludo - Geralmente chamada SMP (Scalp Micropigmentation) é uma forma específica de tatuagem do couro cabeludo, envolvendo a aplicação de pigmento na camada superficial do couro cabeludo, de forma a simular a existência de folículos capilares recém-crescidos, dando uma aparência de maior densidade capilar. Quando aplicada no meio de cabelos existentes e realizada por profissionais experientes, o resultado tende a ser natural e muito satisfatório. Pode-se utilizar de forma complementária à medicação ou mesmo após um transplante capilar, de forma a aumentar a sensação de densidade e volume capilar.
  • Próteses Capilares: Geralmente conhecidas como perucas, oferecem uma solução eficaz para disfarçar a falta de cabelo. Existem de diferentes tipos atendendo às necessidades individuais, podendo serem parciais ou totais, feitas de cabelo humano ou sintético. A naturalidade das próteses capilares melhorou significativamente nos últimos anos, com avanços tecnológicos que permitem uma aparência quase indistinguível do cabelo real.

Evolução da Alopecia Androgenética Feminina

Tal como referido a alopecia androgenética feminina é uma condição crónica sendo que a sua evolução pode variar significativamente de pessoa para pessoa. Em geral, a progressão da alopecia androgenética feminina tende a ser gradual e continua, com a continuação do afinamento e a miniaturização dos cabelos, especialmente na parte frontal e superior do couro cabeludo.

Atualmente, existem várias opções de tratamento que visão a estabilização da progressão e mesmo a melhoria da alopecia. Em geral, a medicação tende a ser eficaz na estabilização deste quadro, sendo que alguns procedimentos como o transplante capilar ou então as soluções de camuflagem podem ajudar na melhoria da imagem da paciente.

A consulta e acompanhamento médico é fundamental para determinar o tratamento mais adequado, levando em consideração o estágio da alopecia e as necessidades individuais. A educação sobre a condição e a procura de tratamento precoce são essenciais.

Resumindo, apesar da alopecia androgenética feminina ser uma condição crónica e persistente, com o tratamento adequado e a consciencialização da paciente, é possível controlar e manejar os seus efeitos, melhorando a qualidade de vida das pacientes afetadas.

Clínica de Estética