A queda de cabelo é um problema que pode afetar ambos os sexos, tendo, no caso das mulheres com queda acentuada, um maior impacto visual afetando a autoestima.
Os cabelos possuem um ciclo de vida, ou seja, nascem e caem naturalmente. Cada cabelo passa por uma fase de crescimento, chamada fase anágena, que dura entre 2 a 7 anos, depois por uma fase de transição, a fase catágena, que dura cerca de 3 semanas e, por fim, uma fase de queda e substituição por um novo cabelo, a chamada fase telogena, que dura cerca de 3 meses. Assim, novos cabelos nascem todos os dias para restituir os cabelos que caem.
É perfeitamente normal perder entre 50 a 100 cabelos por dia, porém, existem casos onde a queda de cabelo é superior ao normal. Quando a queda de cabelo se revela maior que “o normal” deverá procurar um médico tricologista para poder identificar a causa, e assim entender se é uma queda autolimitada no tempo com posterior recuperação do cabelo que caiu, ou se pode ser mais grave com diminuição progressiva na densidade capilar.
Causas da queda de cabelo
Podem existir diversas causas associadas à queda de cabelo. É muito importante perceber se a sensação de queda de cabelo aumentada é “normal” ou se pelo contrário provoca diminuição da densidade do mesmo, por algum tipo de alopecia.
Um eflúvio é quando existe uma queda aumentada de cabelo. Normalmente temos cerca de 85% a 90% do nosso cabelo numa fase de crescimento, ou anágena, e cerca de 10 a 15% na fase de queda, ou telógena, o que justifica a queda de 50 a 100 cabelos por dia. No entanto, devido a inúmeros fatores, esta proporção pode ser alterada, aumentado o número de cabelos em fase telógena (de queda), o que provoca a perda de mais de 150 cabelos por dia. Esta queda, conhecida como Eflúvio Telógeno Agudo, pode ser causada por diversos fatores, como por exemplo, um aumento de queda de cabelo sazonal, nomeadamente nas mudanças da estação do ano, essencialmente no início do Outono. Outros fatores que podem também provocar esta queda são as alterações hormonais, nomeadamente tiroideas, défice de vitaminas e nutrientes, stress, depressão, doenças como o Covid 19, anemias, dietas exigentes, entre muito outros fatores.
Normalmente este aumento da queda é autolimitada. O mais importante é identificar e corrigir o fator causal desta queda, e quando corrigido, em geral há uma recuperação do cabelo perdido.
Quando esta queda dura mais de 6 meses, podemos então chamar Eflúvio Telógeno Crónico.
Quando existe uma “persistente diminuição ou miniaturização de cabelo que previamente existia” já estamos a falar de Alopécias.
Existem muitos tipos de alopecia que podem afetar as mulheres, sendo a mais comum a Alopecia Androgenética Feminina.
A Alopecia Androgenética Feminina é a forma mais frequente de queda de cabelo na mulher, estando relacionada com a sensibilidade genética e tendo também uma componente hormonal associada. Esta patologia é caracterizada pela miniaturização folicular e consequente diminuição progressiva da densidade capilar. Estima-se que afete cerca de 6% das mulheres entre os 20 e os 30 anos, aumentando muito a prevalência após a menopausa, afetando quase 40% das mulheres aos 70 anos.
A Alopecia Areata é outro tipo de queda de cabelo que pode afetar as mulheres. É uma patologia autoimune em que o sistema imunológico do corpo ataca os folículos capilares, interrompendo o ciclo de crescimento do cabelo. Pode afetar tanto o cabelo (mais frequente), mas também as sobrancelhas ou qualquer outra zona onde existam pelos. Provoca placas que geralmente assumem uma forma oval ou circular, caracterizada pela ausência total de cabelo. A progressão dessa alopecia pode variar de pessoa para pessoa. Em alguns casos, o cabelo pode crescer naturalmente passado alguns meses, enquanto noutros, a alopecia pode-se estender e afetar áreas mais extensas, incluindo a totalidade do couro cabeludo (alopecia areata total) ou até mesmo todo o corpo (alopecia areata universal).
As Alopecia Cicatriciais são um grupo de alopecias que partilham algumas características histológicas. São caracterizadas pela inflamação e posterior destruição do folículo piloso, levando à perda definitiva dos folículos capilares se não for tratada a tempo. Os tipos de alopecias cicatriciais mais frequentes nas mulheres são a Alopecia Frontal Fibrosante, o Líquen Plano Pilar e a Alopecia por Tração.
A Alopecia Frontal Fibrosante é caracterizada pelo recuo progressivo da linha de implantação frontal, afetando frequentemente também as sobrancelhas. É mais comum aparecer em mulheres pós-menopáusicas, mas pode surgir em qualquer idade. É a alopecia cicatricial mais comum nas mulheres e a sua incidência tem aumentado exponencialmente nos últimos anos.
A Alopecia por Tração ocorre devido à tensão crónica nos folículos capilares, geralmente como resultado de penteados apertados, como tranças ou rabos de cavalo muito tensionados. O cabelo é repetidamente puxado, levando à queda e, eventualmente, à cicatrização dos folículos.
Consequências da queda do cabelo na mulher
O cabelo desempenha um papel muito importante na vida da mulher, muitas vezes influenciando a primeira impressão que as pessoas têm dela. Este papel vai muito além das suas funções básicas, designadamente de proteção e termorregulação, tendo um papel fundamental na imagem e entidade individual da própria mulher.
A perda de cabelo ou problemas capilares podem ter um impacto considerável na autoestima da mulher, conduzindo a sentimentos de desconforto e insegurança. Alguns estudos realizados revelam que 88% das mulheres com problemas capilares refere efeitos negativos na sua vida; 75% apresenta baixa autoestima e 50% problemas sociais.
Diagnóstico da queda de cabelo
Para obter um diagnostico é imprescindível agendar uma consulta com um médico especializado em tricologia. Durante a consulta, o médico efetuará uma avaliação completa que deverá incluir vários aspetos, a saber:
- História clínica completa para conhecer a evolução do problema capilar, quais os principais sinais e sintomas associados, os hábitos alimentares e de estilo de vida, outras patologias associadas, e ainda conhecer os antecedentes familiares dos problemas capilares.
- No caso das mulheres também é extremamente relevante conhecer o histórico ginecológico e hormonal, nomeadamente se tem antecedentes de acne e de hirsutismo, pois estes sinais podem estar associados a problemas capilares;
- Observação do couro cabeludo para observar a sua textura e densidade, assim como perceber se há sinais de miniaturização. Também permite analisar outros sinais, designadamente, inflamação, descamação, vermelhidão ou outras irregularidades;
- Tricoscopia. É uma técnica que utiliza um dispositivo de aumento (tricoscópio) para examinar o couro cabeludo e o cabelo com detalhe. Auxília o médico na identificação de padrões de perda de cabelo, miniaturização dos folículos capilares e outras características específicas do couro cabeludo. Essa análise é crucial para um diagnóstico preciso;
- Exames Laboratoriais. Em certos casos, o médico pode solicitar a realização de análises de sangue ou outros exames. Em determinadas situações, alterações hormonais ou défices vitamínicos ou de nutrientes podem estar associados à perda capilar;
- Biópsia do Couro Cabeludo. Em situações mais complexas, o médico pode realizar uma biópsia do couro cabeludo, onde se procede à remoção de uma pequena amostra de tecido do couro cabeludo para análise laboratorial.
A queda de cabelo tem cura?
Como já vimos, a queda de cabelo pode, em muitos casos, ser uma queda “normal”, consequente da natural renovação do mesmo, ou uma queda transitória, provocada por diversos fatores. Todavia, existem muitas outras causas, em que esta queda é progressiva podendo levar a perda irreversível do cabelo, pelo que, deve ser efetuado sempre um diagnóstico pelo médico especialista.
Feito o diagnóstico é possível, em muitos casos, tratar o agente causador da queda de cabelo e combater com sucesso a queda de cabelo. Porém, a eficácia dos tratamentos varia segundo o tipo de alopecia e as características de cada pessoa.
Tratamento para a queda de cabelo
Com base num diagnóstico rigoroso, o médico poderá indicar quais os melhores tratamentos para tratar a perda de cabelo, encontrando-se este sempre dependente das causas subjacentes. Dependendo da causa, o médico terá ao seu dispor uma grande variedade de tratamentos disponíveis para reverter a queda do cabelo. Indicamos em seguida alguns dos principais tratamentos utilizados na Alopecia Androgenética Feminina (colocar…pode saber mais em… link do artigo Alopecia androgenética feminina)
1) Medicação na alopecia androgenética feminina
A base do tratamento será sempre a medicação propriamente dita, seja oral ou tópica. Os medicamentos mais utilizados e com mais eficácia são:
- Minoxidil (tópico ou oral);
- Antiandrógenos (espironolactona, finasterida e dutasterida);
2) Suplementação
Os suplementos nutricionais podem ajudar no tratamento da alopecia androgenética, particularmente quando existem deficiências nutricionais implícitas. Porém, a sua evidência científica ainda é limitada, devendo sempre ser um complemento à medicação “tradicional”, anteriormente descrita.
Os suplementos mais utilizados, quer por via oral quer tópica são a biotina, ferro, zinco, serenoa repens (saw palmetto), L-cistina, selénio, ácidos gordos ricos em ômega-3, assim como um vasto leque de vitaminas;
3) Tratamentos complementares
- Mesoterapia Capilar
A mesoterapia capilar é um procedimento minimamente invasivo que compreende a aplicação de substâncias particulares diretamente no couro cabeludo, utilizando microinjeções. Essas substâncias são diversas podendo se tratar de fármacos, combinações de nutrientes essenciais, vitaminas, minerais ou aminoácidos, tendo como finalidade melhorar a saúde dos folículos capilares, estimular o crescimento de novos cabelos e retardar a queda dos fios existentes;
Saiba, aqui, tudo sobre mesoterapia Capilar.
- PRP (Plasma Rico em Plaquetas) Capilar ou Bioestimulação capilar
Trata-se de um procedimento regenerativo que visa colher sangue do próprio paciente, que é posteriormente processado para obter um concentrado de plaquetas. Uma vez concentrado, o PRP é injetado diretamente no couro cabeludo, onde os fatores de crescimento presentes nas plaquetas irão ativar a regeneração dos folículos capilares. É, efetivamente, um procedimento muito seguro, pois usa apenas o sangue do próprio paciente;
- Microneedling Capilar
O microneedling, também conhecido como microagulhamento capilar, compreende a utilização de pequenas agulhas, através de um dermaroller ou de um dispositivo automatizado. Essas agulhas criam microperfurações no couro cabeludo, desencadeando microlesões que estimulam uma resposta natural de cicatrização do corpo, aumentando a produção de colágeno e a libertação de fatores de crescimento.
Para além disso, o microneedling auxilia na absorção de produtos de estimulação capilar, visto que eles podem penetrar de forma mais eficaz através das microperfurações já existentes;
Saiba, aqui, o que é o microneeling capilar.
- Laser de Baixa Potência (LLLT)
Trata-se de um tratamento que expõe o couro cabeludo à luz de laser com baixa potência, cuja luz, geralmente vermelha ou próxima do infravermelho, é emitida por dispositivos específicos, como bonés, capacetes ou pentes a laser. Essa luz, quando aplicada no couro cabeludo, é absorvida pelo tecido cutâneo estimulando a circulação sanguínea local e ativando algumas vias de crescimento capilar;
4) Transplante Capilar Feminino
O transplante capilar é um procedimento que consiste na transplantação de unidades foliculares (conjunto de 1 a 4 ou mais cabelos) extraídos de uma zona mais forte do couro cabeludo (normalmente a zona occipital) e posteriormente implantados na zona em falta. Os resultados são totalmente naturais uma vez que usamos os cabelos da própria mulher, respeitando sempre a direção original do cabelo. Trata-se de um tratamento minimamente invasivo e praticamente indolor.
As técnicas utilizadas no transplante feminino as técnicas (F.U.E. e F.U.S.S.) e no transplante masculino são as mesmas, todavia possuem diversas particularidades que os distinguem dos restantes transplantes;
Saiba, aqui, tudo sobre transplante capilar feminino.
5) Camuflagem
A camuflagem capilar pode ser uma alternativa em casos mais graves de alopecia androgenética feminina ou quando a medicação não é eficaz, possibilitando às pacientes disfarçar a falta de cabelo. Existem diferentes métodos de camuflagem capilar disponíveis, sendo os mais utilizados os seguintes:
- Fibras Capilares- Consistem em pequenas partículas de queratina que aderem ao cabelo existente e se depositam no couro cabeludo, aumentando a sensação de densidade capilar. São seguras e fáceis de usar, podendo ser muito vantajosas para a melhoria da imagem da paciente.
- Micropigmentação do couro cabeludo - Usualmente designada SMP (Scalp Micropigmentation) consiste numa forma específica de tatuagem do couro cabeludo, compreendendo a aplicação de pigmento na camada superficial do couro cabeludo, simulando a existência de folículos capilares recém-crescidos, concedendo assim um aspeto de maior densidade capilar. O resultado tende a ser natural e muito satisfatório, quando aplicado no meio de cabelos existentes e efetuado por profissionais experientes. Pode ser utilizada como complemento à medicação ou até após um transplante capilar, de maneira a aumentar a sensação de densidade e volume capilar.
- Próteses Capilares - Vulgarmente conhecidas como perucas, constituem uma solução eficaz para disfarçar a falta de cabelo. Existem próteses capilares de diferentes tipos, respondendo assim às necessidades individuais de cada pessoa, podendo ser parciais ou totais, feitas de cabelo humano ou sintético. Nos últimos anos com os avanços tecnológicos, o aspeto natural das próteses capilares melhorou significativamente, permitindo uma aparência praticamente similar ao cabelo real.