Transplante Capilar FUE

O transplante capilar FUE é um procedimento que visa a implantação de folículos pilosos (estruturas localizadas na pele e de onde nascem os cabelos ou pelos) nas áreas onde não existe cabelo, ou então, existe uma menor densidade de cabelo, permitindo restabelecer o crescimento do cabelo de forma natural e duradoura. Os folículos pilosos são obtidos de zonas do couro cabeludo da própria pessoa, geralmente zona occipital, onde o cabelo não tende a ter susceptibilidade genética para a perda, e posteriormente implantados nas áreas recetoras.

A designação FUE (Follicular Unit Extraction) refere-se à técnica utilizada no transplante e que envolve a extração individual de unidades foliculares (conjunto de 1 a 4 mais cabelos) da área doadora e sua subsequente implantação na área recetora. Adiante abordaremos com mais detalhe esta técnica e faremos uma comparação com outras técnicas utilizadas no transplante.

Etapas do transplante FUE

1. Desenho

Antes de iniciar o transplante capilar o médico realiza o desenho da zona a implantar, respeitando o que havia sido anteriormente combinado entre médico e paciente. Esta etapa é crucial, pois define a distribuição dos folículos transplantados e a sua localização. Um médico experiente terá em conta a possível evolução da alopecia androgenética na hora de definir a distribuição dos cabelos a implantar. Por vezes, alguns pacientes desejam linhas capilares muito baixas e praticamente retas, no entanto, é importante explicar que esses desenhos podem proporcionar resultados pouco naturais.

2. Anestesia

Para que o procedimento decorra sem qualquer tipo de dor, antes de iniciar o transplante propriamente dito o médico irá realizar a anestesia.

• Anestesia Geral e Sedação Profunda - Cada vez menos utilizada. A maioria dos médicos considera que, no transplante capilar, ao ser um procedimento pouco invasivo, mas demorado, não há justificação para realizar uma anestesia geral durante várias horas e expondo o paciente aos respetivos riscos e complicações que podem ocorrer deste tipo de anestesia.

• Anestesia Local – É a técnica utilizada pela maioria das clínicas em Portugal. Normalmente utiliza-se a técnica de anel “Ringer Block”, onde o médico anestesia toda a área à volta de onde será extraído e implantado o cabelo. É uma técnica eficaz, mas que obriga a várias injeções, causando desconforto considerável ao paciente. Atualmente, alguns médicos mais experientes realizam esta técnica com cânulas, o que permite reduzir significativamente o número de injeções, aumentando o conforto do paciente.

• Anestesia Loco-regional – Utilizada por médicos experientes e conhecedores da anatomia local, esta técnica consiste no bloqueio dos nervos periféricos que enervam toda a zona a tratar. Assim, através de muito poucas injeções, o médico consegue anestesiar toda a zona a ser tratada, reduzindo o desconforto e a quantidade de anestesia a ser utilizada.

Independentemente da técnica anestésica utilizada é importante realçar que o transplante capilar deve ser totalmente indolor e que só a aplicação da anestesia pode ser desconfortável, mas normalmente muito bem tolerada pelos pacientes. Há, no entanto, pacientes que referiram dor nos transplantes realizados, mas tal só se pode dever a uma incorreta anestesia. Em muitos locais como o transplante não é realizado pelo médico, e como apenas os médicos podem legalmente injetar anestesia, o paciente não é anestesiado corretamente.

3. Extração das Unidade Foliculares

Esta fase consiste em extrair as unidades foliculares que serão posteriormente implantadas.

4. Implantação das Unidade Foliculares

As Unidades Foliculares previamente extraídas deverão ser implantadas respeitando a direção e ângulo do cabelo original de forma a proporcionar resultados naturais. Também é importante ter em consideração o número de cabelos por unidade folicular. Por exemplo, na implantação das primeiras linhas devemos utilizar unidades foliculares mais finas, apenas com um cabelo, para que o resultado seja natural, sendo que as unidades foliculares mais grossas, com 3 ou mais cabelos, deveram ser colocadas em zonas em que queremos dar mais volume, como por exemplo na zona da coroa.

Ao contrário da extração onde a técnica utilizada pelos diferentes médicos é semelhante, no caso da implantação os médicos utilizam diferentes técnicas / instrumentos, sendo os mais utilizados as pinças, os implantares e os KEEPs. Estes dois últimos são considerados mais seguros porque evitam o manuseamento da raiz / bulbo folicular, aumentando assim a sobrevivência do mesmo. No entanto, mais importante que a técnica ou material utilizado, é a experiência do médico que realizará o transplante.

FUE Manual / Motorizado vs FUE Robotizado

Na maioria dos transplantes capilares realizados pela técnica FUE são utilizados instrumentos manuais e motorizados, operados diretamente pelo cirurgião e respetiva equipa. No entanto, desde 2011 existe o Robot Artas ® que é um dispositivo que permite que uma parte da cirurgia, essencialmente da fase da extração, seja realizada de forma robotizada. A chegada deste robot criou muita curiosidade e interesse nos primeiros anos de lançamento, mas com o passar dos anos constatou-se que os resultados eram bastantes inferiores aos procedimentos realizados por médicos experientes além de que os custos associados eram altos porque, para além dos custos de aquisição e manutenção do robot, era necessário igualmente a presença de uma equipa clínica para auxiliar em muitas das etapas do transplante.

Em Portugal chegaram a existir alguns destes robots mas desde há vários anos que já não são utilizados.

Pós-operatório do transplante capilar pela técnica FUE

O pós-operatório do transplante FUE e o posterior processo de recuperação é relativamente simples e habitualmente indolor.

O transplante capilar FUE é executado em ambulatório, ou seja, após o procedimento, o paciente poderá regressar a casa no mesmo dia, podendo desde logo executar quase todas as suas atividades quotidianas. Contudo, existem alguns cuidados que deve tomar, como hidratar os folículos implantados, não efetuar esforços intensos e ter cuidado com possíveis traumatismos.

É muito importante que o utente siga as orientações que o médico prestará no final do procedimento, nomeadamente com alguma medicação que possa ser prescrita, como por exemplo antibióticos para a profilaxia de infeções ou analgésicos para controlo da dor.

Nos primeiros 3 a 4 dias após o transplante, é normal e provável que surja algum edema (inchaço). Na primeira semana após transplante, também haverá a formação de pequenas crostas que desaparecerão após cerca de 1 semana.

Nos primeiros 15 dias, é aconselhável evitar exposição solar, fazer exercício físico e frequentar ambientes como saunas ou piscinas. Após os 15 dias iniciais já poderá retomar a prática normal do exercício físico, frequentar a praia ou piscina. No entanto, é sempre aconselhável que evite a exposição solar intensa sem o uso de proteção solar adequada.

Complicações do transplante capilar FUE

O transplante capilar pela técnica FUE, quando executado corretamente e por médicos experientes, é um procedimento bastante seguro e praticamente isento de complicações. No entanto, algumas complicações têm aumentado nos últimos anos. Por ser um mercado em expansão e com muito turismo associado, o transplante capilar, muitas vezes, é visto como um simples negócio sendo realizado por não médicos ou por médicos pouco experientes, o que contribui para o aumento das complicações.

Se é verdade que as complicações mais graves como isquemias ou necroses continuam a ser raras, outras complicações, como o crescimento capilar deficitário e pouco natural ou a destruição da zona doadora por extração excessiva, têm aumentado, sendo que as reparações de transplantes capilares mal-executados têm aumentado, sendo que atualmente já constituem uma considerável fatia dos transplantes realizados pelos médicos mais experientes.

Resultados e eficácia do transplante capilar FUE

O cabelo transplantado poderá cair durante os primeiros 3 meses, sendo que a partir dessa altura começarão a crescer de forma regular.

Entre os 4 e 6 meses já notará uma importante melhoria, mas esta será mais notável após 12 a 18 meses do transplante. Este cabelo transplantado, por ter sido extraído de uma zona em que não há susceptibilidade genérica à alopecia, geralmente irá manter-se ao longo de toda a vida.

O sucesso do transplante, se efetuado por um médico qualificado e houver uma correta indicação médica, é muito elevado.

Qual técnica escolher para o meu transplante?

Atualmente, para a maioria dos pacientes, a técnica FUE é sem dúvida a mais recomendada por ser uma cirurgia menos invasiva, de mais rápida recuperação e que não deixa cicatrizes percetíveis.

Mesmo algumas vantagens que anteriormente se atribuíam à técnica FUT, como maior sobrevivência das unidades foliculares ou a possibilidade de realizar transplantes capilares de maiores dimensões, já não se aplicam, porque nos dias de hoje, quando realizados por médicos bastantes experientes, já conseguimos realizar transplantes de grandes dimensões (maiores que com a técnica FUT) com uma sobrevivência sobreponível ou mesmo superior à da técnica FUE.

Há alguns casos, como no transplante capilar feminino, em que a técnica FUT ainda pode ser considerada por não haver necessidade de rapar o cabelo. No entanto, também nestes casos, quando o transplante é realizado por uma equipa experiente, é possível rapar o cabelo por bandas, ficando totalmente impercetível de que o cabelo foi rapado, não afetando assim a imagem da mulher.

Li que existiam "diferentes técnicas". Em que consistem?

Nomes como o "FUE Safira", o "ICE FUE" ou o "FUE DHI" são apenas nomes comerciais criados por algumas clínicas, mas todas usam a técnica FUE. Não podem ser consideradas sequer variantes da técnica FUE, mas sim nomes comerciais de algumas clínicas. Ou seja, a técnica utilizada nesses casos é sempre a técnica FUE que tal como explicado anteriormente, dentro desta técnica, os materiais utilizados, ou a forma de conservar as UF pode variar, mas não é por isso que deixa de ser a técnica FUE. 

Quanto tempo demora um transplante capilar FUE?

O transplante capilar FUE é um procedimento relativamente demorado, porque ao trabalharmos com unidades foliculares individuais, o processo torna-se longo. Por exemplo num transplante capilar de 3000 Unidades foliculares, o médico e a sua equipa têm de extrair uma a uma as 3000 Unidades foliculares e posteriormente implanta-las também uma a uma. Como podemos constatar é um processo extremamente minucioso e, por isso, demorado.

Existem vários fatores que influenciam o tempo de realização do transplante capilar, como o número de UF a implantar, a experiência do médico ou a técnica de implantação utilizada, entre outros fatores. Em geral, um transplante mais pequeno, de 1500 a 2000 Unidades Foliculares, pode demorar de 5 a 8 horas, enquanto que um transplante maior, de mais de 3000 UF pode demorar entre 8 a 10 horas, sendo que alguns médicos dividem estes transplantes maiores em dois dias de cirurgia.

O transplante capilar é doloroso?

O transplante capilar FUE não é doloroso, uma vez que o procedimento é realizado sob anestesia local e regional, anulando eficazmente a dor.

Após uma semana, poderá surgir uma ligeira dor, contudo, é mínima e muito bem tolerada, podendo tomar analgésicos, como paracetamol, se tal se revelar necessário.

Não terei de tomar mais medicação após o transplante?

Depende. No caso dos pacientes mais jovens ou pacientes em que a alopecia esteja a evoluir, e que notem agravamento na diminuição da densidade capilar nos últimos anos, é altamente aconselhada a toma de medicação para controlar a queda de cabelo. É importante ter em conta que enquanto o cabelo transplantado em geral é “definitivo” e não voltará a cair, o restante cabelo da zona frontal, média e da coroa, poderá continuar a diminuir.

Em casos em que a queda já esteja bastante estável, essencialmente em pacientes menos jovens, poderá não ser necessária a toma de medicação.

O transplante capilar através da técnica FUE deixa cicatrizes?

O transplante capilar realizado pela técnica FUE não deixa cicatrizes lineares e facilmente visíveis como acontece na técnica FUT.

No entanto, é importante referir que no local de extração dos folículos haverá uma cicatrização, sendo que nesse local a pele ficará mais branca, originando os “White Dots”. Quando o transplante é realizado por médicos experientes que respeitam a densidade da zona doadora e utilizam punchs finos, estes pequenos pontos brancos de cicatrizes são praticamente impercetíveis.

Quanto custa um transplante capilar FUE?

O preço de um transplante capilar pela técnica FUE pode variar consideravelmente. As características que mais influenciam o custo do transplante FUE são:

• Número de unidades folicular transplantadas - um transplante de 1000 unidades foliculares acarreta menos recursos e demora menos tempo do que a extração de 3000 unidades foliculares, implicando obviamente no custo do procedimento;

• Qualidade do material utilizado - o transplante FUE é um procedimento muito meticuloso e exigente. Em geral, são utilizados alguns materiais com espessuras muito finas, inferiores a 1 mm. Se utilizarmos os materiais de melhor qualidade, para assim proporcionar melhores resultados, o preço de consumíveis aumenta consideravelmente o custo do transplante;

• Equipa clínica - Tanto em Portugal como no estrangeiro existe a prática, em muitas clínicas, em que o transplante não é realizado por um médico. Em geral, existe um médico apenas para dar a anestesia, mas depois todo o restante procedimento, que implica tanto a extração como a implantação das UFs é realizado totalmente por equipas sem qualquer médico. Nesses casos, o transplante tende a ser menos custoso do que quando realizado por um médico;

• Experiência do médico que realiza o transplante - Os transplantes realizados por médicos mais experientes e com melhores resultados demonstrados, tendem a ser mais caros.

Em Portugal, o valor de um transplante capilar, em média, pode oscilar entre os 3000 Euros e os 6000 euros. A escolha de quem lhe realizará o transplante deve ser muito bem equacionada e não baseada apenas nos preços. Aconselho que converse com quem lhe realizará o transplante, esclareça todas as dúvidas e garanta que o médico que lhe realiza a consulta de avaliação, seja o mesmo que lhe fará o transplante e todo o seguimento posterior, só assim poderá haver um verdadeiro compromisso entre o médico e o paciente, para que os objetivos propostos sejam conseguidos.

O transplante capilar não é comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) nem pelos subsistemas do utente, como a ADSE, entre outros.