A dermatomiosite é uma doença inflamatória rara, caracterizada por fraqueza e inflamação muscular e envolvimento cutâneo.
Esta doença pode afetar qualquer faixa etária, desde adultos a crianças. No entanto, é mais frequente entre os 40 e 70 anos e, em crianças, entre 5 e 15 anos de idade.
Não há causa específica nem cura para a dermatomiosite exceto se for de origem neoplásica. O tratamento pode ajudar a melhorar significativamente a sintomatologia da doença, como aliviar a erupção cutânea e ajudar a recuperar a força muscular perdida, conforme discutiremos adiante.
Sinais e sintomas da dermatomiosite
Os sinais e sintomas da dermatomiosite podem surgir de repente, ou desenvolver-se gradualmente ao longo do tempo.
Na maioria dos casos, o sinal inicial da patologia prende-se com o surgimento de uma erupção cutânea distinta no rosto, pálpebras, peito, áreas das cutículas das unhas, joelhos ou cotovelos. Esta erupção é irregular e tem, geralmente, uma cor azulada ou púrpura.
À medida que a doença progride, outros sinais e sintomas também se vão desenvolvendo, tais como:
- Prurido (comichão) na pele afetada pela erupção cutânea;
- Fraqueza muscular, em áreas como nas ancas, coxas, ombros, braços e pescoço;
- Dor e sensibilidade muscular;
- Problemas em engolir (disfagia);
- Problemas pulmonares;
- Sensação de asfixia;
- Depósitos de cálcio duros sob a pele (calcinose);
- Fadiga inexplicável;
- Perda de peso;
- Febre baixa;
- Entre outros.
Causas da dermatomiosite
A causa da dermatomiosite é desconhecida, contudo, sabe-se que a doença tem muito em comum com patologias autoimunes, como o lúpus ou a artrite reumatóide.
Uma doença autoimune ocorre quando as células do nosso sistema imunitário (células que nos permitem combater doenças) atacam células e tecidos saudáveis. Ter um sistema imunitário comprometido também pode contribuir para a evolução da doença e desenvolvimento de anticorpos contra partículas do nosso organismo. Por exemplo, ter uma infeção vírica ou certas patologias, como cancro, pode comprometer o sistema imunitário e levar ao desenvolvimento da dermatomiosite.
Existem também fatores que aumentam o risco de desenvolvimento da doença, a saber:
- Hereditariedade (genética);
- Certos medicamentos (remédios);
- Certos gatilhos ambientais;
- Idade: a doença é mais frequente em adultos entre os 40 e os 60 anos de idade e, em crianças, entre os 5 e os 15 anos;
- Sexo feminino: a dermatomiosite é mais frequente em mulheres do que em homens;
- Entre outros.
Diagnóstico da dermatomiosite
O diagnóstico da dermatomiosite é realizado, geralmente, através da história clínica do doente e de um exame físico, em conjunto com algum dos seguintes meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT):
- Análises ao sangue: estas análises permitem detetar níveis elevados de enzimas musculares que podem indicar danos nos músculos ou anticorpos associados com diferentes sintomas de dermatomiosite;
- Radiografia de tórax: Este exame simples pode verificar se há sinais de danos pulmonares, que às vezes ocorrem concomitantemente em casos de dermatomiosite;
- Eletromiografia: o médico especialista insere um elétrodo com uma agulha fina através da pele no músculo a ser testado. A atividade elétrica é medida enquanto o doente relaxa ou aperta o músculo, e as mudanças no padrão da mesma podem confirmar alguma doença muscular;
- Ressonância magnética: cria imagens transversais dos músculos permitindo avaliar a inflamação de algum músculo;
- Biópsia de pele ou músculo: uma pequena amostra de pele ou de músculo é removida para análise em laboratório de anatomia patológica;
- Entre outros.
Complicações da dermatomiosite
A fraqueza muscular e problemas de pele associados à dermatomiosite podem produzir uma série de consequências graves a perigosas, a saber:
- Miopatia que condiciona o quotidiano do paciente, impedindo-o de realizar tarefas previamente consideradas simples.;
- Desnutrição devido à dificuldade em engolir (disfagia);
- Pneumonia por aspiração, também provocada pela disfagia, que pode fazer com que o doente respire alimentos ou líquidos, incluindo saliva, para dentro dos pulmões;
- Problemas respiratórios: se a doença afetar os músculos do peito, o doente pode ter problemas respiratórios, como falta de ar (dispneia);
- Depósitos de cálcio: estes podem ocorrer nos músculos, pele e tecidos conjuntivos ao longo do tempo. Estes depósitos são mais comuns em crianças com dermatomiosite e desenvolvem-se mais cedo no curso da doença;
- Úlceras gástricas ou na pele em casos mais graves;
- Entre outras.
A dermatomiosite tem cura?
Não há cura para a dermatomiosite e o prognóstico da doença é variável, dependendo principalmente, da forma como o doente responde ao tratamento.
Tratar a dermatomiosite consiste no controlo da sintomatologia provocada pela doença, no entanto, quanto mais cedo for efetuada a instituição do tratamento, menos provável será o desenvolvimento de complicações graves.
Por isso, é extremamente importante realizar um diagnóstico atempado, de modo a evitar a progressão da doença e o surgimento de consequências perigosas para a saúde e bem-estar do doente.
Tratamento da dermatomiosite
Como referido anteriormente, o tratamento da dermatomiosite visa evitar a progressão da doença e controlar a sintomatologia associada, por via de várias opções terapêuticas, a saber:
O médico especialista pode optar por prescrever alguma medicação, numa fase inicial, de modo a melhorar o desconforto provocado pela dermatomiosite, a saber:
- Corticosteróides: medicamentos (remédios) geralmente anti-inflamatórios podem ajudar a controlar os sintomas da dermatomiosite rapidamente. Contudo, o uso prolongado destes fármacos pode ter efeitos colaterais graves. Por isso, depois de prescrever uma dose relativamente alta para controlar a sintomatologia, o médico especialista, pode reduzir gradualmente a dose à medida que os sintomas minimizam;
- Medicamentos imunossupressores: estes fármacos bloqueiam ou diminuem a ação do sistema imunitário do corpo;
- Imunoglobulina: se o doente não responder a outros tratamentos, a imunoglobulina pode ser prescrita. Geralmente, este fármaco é introduzido diretamente na corrente sanguínea por via intravenosa (IV);
- Entre outros.
Tratamento terapêutico
- Fisioterapia - Um fisioterapeuta pode coadjuvar no tratamento com exercícios para ajudar a manter e melhorar a força e a flexibilidade do doente. Pode também aconselhar quanto ao nível adequado de atividade, de modo a não esforçar demasiado os músculos.
- Terapia da fala - Se os músculos da deglutição forem afetados, a terapia da fala pode ajudar o paciente a compensar essas mudanças.
Tratamento da pele
O médico especialista pode prescrever medicamentos anti-histamínicos de modo a controlar as erupções cutâneas e o prurido (comichão) provocado pela doença, além da medicação imunossupressora.
É também aconselhável evitar a exposição ao sol, e usar protetor solar para ajudar a prevenir estas erupções cutâneas e evitar a sua progressão.
Tratamento cirúrgico (cirurgia)
Em alguns casos, a cirurgia (operação) pode ser uma opção para remover depósitos dolorosos e infecionados de cálcio (calcinose) e prevenir infeções cutâneas recorrentes.