O lúpus eritematoso sistémico é uma doença autoimune e crónica que pode afetar pessoas de ambos os sexos e em qualquer faixa etária, no entanto, é mais frequente em mulheres em idade fértil.
Nas doenças autoimunes, entre as quais o lúpus eritematoso sistémico, o nosso sistema de defesa, habituado a lidar contra ameaças externas como por exemplo vírus ou bactérias, ataca células saudáveis do nosso corpo porque as “confunde” com algo perigoso para o nosso organismo. Consiste, então, numa incapacidade do nosso sistema imunitário em reconhecer algo como nosso.
O termo lúpus tem sido utilizado para identificar uma síndrome que possui características semelhantes, no entanto, o tipo em questão (lúpus eritematoso sistémico) é a forma da doença mais grave e que atinge múltiplas partes do nosso corpo (sistémico).
Esta doença, pode afetar as articulações, pele, cérebro, pulmões, coração, rins e vasos sanguíneos, entre outros. Não há cura para o lúpus, mas intervenções médicas e mudanças no estilo de vida podem ajudar a evitar uma maior progressão da doença e a controlar a sintomatologia e o bem-estar do doente, melhorando a sua qualidade de vida.
Sinais e sintomas do lúpus eritematoso sistémico
Doentes com lúpus sistémico podem apresentar uma variedade de sinais e sintomas que podem mudar ao longo do tempo, a saber:
- Fadiga severa e inexplicável;
- Dores nas articulações (ombro, joelho, cotovelo, mãos, etc);
- Edema (inchaço) nas articulações;
- Artrite;
- Dor de cabeça;
- Febre;
- Erupção cutânea na face e nariz (também chamada de "erupção em borboleta");
- Queda de cabelo;
- Anemia;
- Problemas de coagulação sanguínea;
- Dedos esbranquiçados e dormentes em temperaturas mais frias;
- Dor ou desconforto no peito (geralmente ao respirar fundo);
- Urina muito espumosa;
- Entre outros.
Causas do lúpus eritematoso sistémico
A causa específica do lúpus sistémico não é conhecida, contudo, vários fatores têm sido associados à origem da doença, a saber:
- Genética (hereditariedade) - Que se saiba, a doença não está ligada a um determinado gene, contudo, as pessoas com lúpus, muitas vezes, possuem familiares que apresentam doenças autoimunes pela semelhante herança de complexos de histocompatibilidade (moléculas que podem estar envolvidas na confusão do sistema imunitário).
- Meio ambiente - Existem alguns gatilhos ambientais que podem estar na origem do desenvolvimento desta doença, a saber:
- Radiação ultravioleta (UV);
- Certos medicamentos;
- Algum vírus;
- Stress físico ou emocional;
- Trauma;
- Entre outros.
- Sexo feminino - O lúpus sistémico afeta mais as mulheres do que os homens. As mulheres também podem experienciar sintomas mais graves durante a gravidez e menstruação.
- Etnia - Grupos étnicos e raciais minoritários como afro-americanos ou hispânicos são substancialmente mais afetados pelo lúpus sistémico do que outras etnias.
- Entre outros
Diagnóstico do lúpus eritematoso sistémico
O lúpus eritematoso sistémico é diagnosticado por um médico especialista em doenças autoimunes, numa primeira fase através da história clínica do doente e do exame físico.
Para diagnosticar conclusivamente o lúpus sistémico, o médico pode recorrer a alguns meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT), a saber:
- Análises ao sangue, de modo a detetar anticorpos antinucleares (ANA) (anticorpos contra proteínas no núcleo das células) que são positivos na grande maioria dos casos;
- Análises à urina, de modo a avaliar os níveis de proteínas;
- Exames de Imagem como raio x ao tórax, ecografia articular, ecocardiograma, entre outros;
- Entre outros exames que vão depender das manifestações da doença.
Note que os sinais e sintomas apresentados por esta patologia são muito semelhantes a inúmeras doenças, podendo tornar o diagnóstico mais difícil. O médico, inicialmente no diagnóstico diferencial, pode solicitar inúmeros exames / análises de modo a excluir diversas patologias.
Complicações do lúpus eritematoso sistémico
O lúpus eritematoso sistémico pode provocar diversas complicações a curto e a longo prazo. O diagnóstico precoce e tratamentos eficazes podem ajudar a reduzir os efeitos nocivos do lúpus sistémico, no entanto, um acesso não atempado a estes cuidados, pode implicar o desenvolvimento de complicações graves, a saber:
- Formação de coágulos sanguíneos e inflamação dos vasos sanguíneos, originando por exemplo embolia pulmonar ou tromboses periféricas;
- Enfarte agudo do miocárdio;
- Pericardite (Inflamação do pericárdio no coração);
- Acidente vascular cerebral (AVC);
- Anemia crónica (por destruição de glóbulos vermelhos e esgotamento das reservas vitamínicas);
- Problemas de memória e confusão mental;
- Demência;
- Inflamação do tecido pulmonar e do revestimento do pulmão (pleurite);
- Problemas renais, como a Insuficiência renal crónica com necessidade de hemodiálise;
- Problemas gastrointestinais, como diarreia, dores abdominais, etc;
- Aumento do volume do baço (esplenomegalia);
- Perda de cabelo;
- Entre outras.
Em alguns casos, algumas das complicações atrás referidas podem tornar-se fatais e levar à morte do doente.
Lúpus sistémico e gravidez
Mulheres com lúpus sistémico podem engravidar com segurança e a maioria terá gestações normais e bebés saudáveis.
No entanto, todas as mulheres com lúpus que engravidam são consideradas como tendo uma "gravidez de alto risco” e, existem casos onde a doença pode ter efeitos negativos graves no corpo da mãe. Nestes casos, o risco de aborto é muito elevado.
Estas mulheres devem ser avaliadas cuidadosamente pelo seu médico antes de tomar a decisão de engravidar e ao longo de toda a gravidez.
O lúpus eritematoso sistémico tem cura?
A gravidade do lúpus sistémico pode variar bastante, ou seja, a doença afeta as pessoas de forma muito diferente. Por isso, o prognóstico é muito variável.
Os tratamentos do lúpus sistémico são mais eficazes quando instituídos em fases iniciais, por isto, é extremamente importante procurar o médico o mais precocemente possível, de modo efetuar um diagnóstico atempado e evitar a progressão da doença com dano dos órgãos.
Tratamento do lúpus eritematoso sistémico
Tratar o lúpus sistémico muitas vezes requer uma abordagem de equipa, devido ao elevado número de órgãos que podem ser afetados pela doença. Como vimos, não existe uma cura para esta patologia e o tratamento visa apenas retardar a progressão da doença e aliviar a sintomatologia do doente.
O tratamento deste tipo de lúpus consiste principalmente na toma de medicamentos (remédios) imunossupressores que inibem a atividade do sistema imunitário como hidroxicloroquina e corticosteroides.
O médico especialista pode também optar por prescrever outros tipos de medicação, a saber:
- Medicamentos anti-inflamatórios para a dor nas articulações e rigidez;
- Pomadas com corticosteroides para erupções cutâneas;
- Fármacos antimaláricos para problemas de pele e articulações;
- Medicamentos biológicos (anticorpos monoclonais);
- Outros.
O médico pode também recomendar um conjunto de orientações, de modo a melhorar a sintomatologia provocada pelo lúpus sistémico, a saber:
- Fazer uma dieta rica e saudável, de modo a evitar alimentos que possam contribuir para os sintomas;
- Usar protetor solar na pele, especialmente na zona do nariz e “maçãs do rosto”, e sempre que possível, usar óculos de sol;
- Evitar o consumo de tabaco e bebidas alcoólicas;
- Efetuar as consultas com o seu médico assistente, mesmo nos períodos em que a doença está controlada;
- Etc.