Lúpus renal

Lúpus nos rins

O que é lúpus renal?

O lúpus renal ou nefrite lúpica é uma complicação frequente do lúpus eritematoso sistémico, uma doença autoimune que pode afetar diversos órgãos do nosso organismo.

Numa doença autoimune, como é o caso do lúpus, o nosso sistema imunitário (sistema de defesa contra ameaças externas) produz anticorpos que atacam erradamente os próprios tecidos e órgãos do nosso organismo, provocando diversas complicações.

A nefrite lúpica ocorre quando estes anticorpos produzidos pelo sistema imunitário afetam as estruturas renais, sejam dirigidos diretamente contra elas ou indiretamente por deposição devido à sua função de filtração. Isto provoca inflamação renal e pode levar a disfunção renal e ao surgimento de vários sinais e sintomas que discutiremos ao longo deste artigo.

O lúpus renal pode afetar qualquer faixa etária, no entanto, é mais comum em pessoas com idades entre os 20 e os 40 anos.

Sinais e sintomas do lúpus renal

Em estádios iniciais, o lúpus renal pode ser assintomático (não apresenta qualquer sinal ou sintoma), no entanto, à medida que a doença se desenvolve e progride, podem surgir vários sinais e sintomas, a saber:

  • Hematúria (sangue na urina);
  • Urina espumosa (devido ao excesso de proteínas);
  • Tensão arterial alta (hipertensão arterial);
  • Edema (inchaço) nas mãos, olhos, tornozelos ou pés;
  • Altos níveis de creatinina no sangue;
  • Aumento de peso;
  • Aumento da micção (vontade de urinar);
  • Entre outros.

Causas do lúpus renal

A causa do lúpus renal ainda não é conhecida, no entanto, existem alguns fatores que podem aumentar o risco de desenvolvimento desta doença, a saber:

  • Lúpus eritematoso sistémico já presente;
  • Hereditariedade (genética);
  • Intercorrências infeciosas;
  • Contacto com produtos químicos tóxicos;
  • Alguns medicamentos;
  • Entre outros.

Saiba, aqui, tudo sobre lúpus eritematoso sistémico.

Diagnóstico do lúpus renal

O diagnóstico da nefrite lúpica, geralmente, começa pela análise da história clínica do doente e do exame físico, onde serão avaliados os possíveis sinais e sintomas.

O médico especialista pode recorrer a diversos meios complementares (MCDT), de modo a diagnosticar conclusivamente esta patologia, a saber:

  • Análises ao sangue, de modo a avaliar os níveis de creatinina, ureia, anticorpos e marcadores de inflamação;
  • Análises à urina para avaliar os níveis de proteínas e outros problemas na função renal;
  • Exames de imagem, como a ecografia renal, a TC Renal, a RM renal, entre outros;
  • Biópsia renal: a biópsia renal consiste na recolha de uma amostra do tecido do rim, para ser posteriormente analisada em laboratório de anatomia patológica. O procedimento é executado em regime de ambulatório, onde o médico insere uma agulha fina guiada por ecografia para recolher uma amostra de tecido para ser analisada;
  • Entre outros.
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Classificação do lúpus renal

Através da biópsia renal, o médico especialista consegue determinar a gravidade da doença, a saber:

Classe I

Nefrite lúpica mesangial mínima: alterações muito leves nos rins, sendo uma fase assintomática da doença.

Classe II

Nefrite lúpica proliferativa mesangial: danos leves nos rins, no entanto, nesta fase podem ser apresentados alguns sinais ou sintomas como a hematúria (sangue na urina).

Classe III

Nefrite lúpica focal (crónica ou activa; proliferativa ou esclerosante): danos mais severos nos glomérulos (estruturas dos rins), podendo demostrar alterações na função renal.

Classe IV

Nefrite lúpica difusa (crónica ou activa; proliferativa ou esclerosante; segmentar ou global): danos ainda mais severos, com grandes alterações na função renal.

Classe V

Nefrite lúpica membranosa: existe a formação de uma parede espessa na zona dos glomérulos, e a função renal é muitas vezes nula.

Classe VI

Nefrite lúpica esclerosante: Doença renal já em estágios finais, onde a função dos rins é completamente nula.

Complicações do lúpus renal

A complicação mais grave associada à nefrite lúpica é a insuficiência renal. A insuficiência renal consiste na deterioração da função dos rins e pode ser crónica ou aguda.

Pessoas com insuficiência renal avançada podem vir a precisar de diálise ou de um transplante de rim. Veja mais informação em “Tratamento do lúpus renal”.

Saiba, aqui, tudo sobre insuficiência renal.

O lúpus renal tem cura?

Não existe uma cura definitiva para a nefrite lúpica e o prognóstico da doença é extremamente variável, dependendo da fase da doença.

Em classes iniciais (I ou II), o tratamento, geralmente, é mais eficaz no controlo da sintomatologia da doença. No entanto, casos mais graves podem exigir outros tipos de tratamento mais complexos na tentativa de ajudar a retardar a progressão da nefrite ou a lidar com a perda da função renal.

Tratamento do lúpus renal

Como dito anteriormente, não há cura para o lúpus renal. O tratamento da doença foca-se em melhorar a sintomatologia e sobretudo retardar a progressão do dano.

Geralmente, as opções terapêuticas recomendadas em casos de nefrite lúpica são as seguintes:

  • Fazer uma dieta saudável e evitar alimentos com muito sal;
  • Prescrição de medicamentos (remédios) para diminuir a tensão arterial e inflamação dos rins como corticosteroides;
  • Prescrição de imunossupressores: fármacos que impedem o sistema imunitário de atacar as células saudáveis;
  • Entre outros.

Casos graves, ou seja, casos de insuficiência renal avançada, requerem outro tipo de tratamentos, a saber:

Diálise

A diálise é um método de substituição das funções dos rins, ou seja, permite remover fluidos e resíduos, manter o equilíbrio certo de minerais no sangue e manter a tensão arterial em níveis saudáveis, filtrando o sangue através de um dispositivo próprio.

Existem dois tipos fundamentais de diálise. A diálise mais utilizada de forma global, mas também em Portugal, é a hemodiálise. A diálise peritoneal é uma alternativa à hemodiálise, podendo esta última ser executada em casa, sendo uma vantagem em relação à hemodialise que é efetuada em clínicas. Contudo, nem todos os doentes reúnem condições para realizar diálise peritoneal.

Saiba, aqui, tudo sobre diálise.

Transplante renal

A diálise pode não ser um tratamento definitivo para o tratamento da doença renal terminal. O transplante de um rim saudável pode em certos casos ser uma alternativa ao tratamento de diálise.

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