A síndrome das pernas inquietas, também chamada de doença de Willis-Ekbom, é um distúrbio neurológico do sono que causa um impulso intenso involuntário de mover as pernas (e até mesmo os braços ou o resto do corpo).
Este impulso ocorre em conjunto com outras sensações nos membros descritas como puxar, rastejar, latejar, prurido (comichão), dor ou ardência nos mesmos.
Estas sensações ocorrem, geralmente, quando o paciente está deitado na cama ou sentado durante muito tempo, como a conduzir ou durante uma peça de teatro, por exemplo.
A síndrome ocorre mais frequentemente à noite, sendo, por isso, difícil adormecer. Muitas vezes, os doentes tendem a andar às voltas e agitar as pernas (ou braços) para ajudar a aliviar as sensações desconfortáveis causadas por esta patologia.
Pessoas em qualquer faixa etária, incluindo crianças, podem padecer da síndrome das pernas inquietas. A sintomatologia pode começar na infância ou na idade adulta, no entanto, a possibilidade de desenvolver o distúrbio aumenta significativamente com a idade e é mais comum em mulheres do que em homens.
Sinais e sintomas da síndrome das pernas inquietas
Os sinais e sintomas da síndrome das pernas inquietas podem variar desde leves a graves, interferindo com as atividades diárias do paciente, a saber:
- Desconforto nas pernas (ou braços) - Estes impulsos, geralmente ocorrem durante a noite, mas podem ocorrer noutros momentos de inatividade dos membros, como estar sentado durante muito tempo;
- Impulso para mover pernas (ou braços) - Para aliviar o desconforto dos membros, o doente tem um desejo incontrolável de mover os membros, especialmente quando está a descansar sentado ou deitado;
- Perturbação do sono - Tempo adicional é, muitas vezes, necessário para adormecer por causa da vontade de mover os membros para aliviar o desconforto. Às vezes, ficar a dormir também pode ser difícil, devido aos impulsos pois podem provocar movimentos bruscos que acordam constantemente o paciente;
- Problemas de comportamento na hora de dormir - Devido ao desconforto, o doente pode precisar de sair da cama para esticar os membros, de modo a melhorar o desconforto;
- Sonolência diurna - Problemas a adormecer ou acordar muitas vezes durante a noite, pode resultar em sonolência diurna;
- Problemas de comportamento e desempenho no trabalho - Novamente, devido à perturbação do sono, problemas podem surgir no comportamento diurno (irritabilidade, mau humor, dificuldade de concentração, hiperatividade, etc.), podendo afetar o desempenho no trabalho;
- Entre outros.
Em casos leves, os sinais e sintomas podem não ocorrer todas as noites, mas apenas em alturas de maior inquietação, períodos de maior stress ou ansiedade.
A sintomatologia, geralmente, afeta ambos os lados do corpo, mas algumas pessoas manifestam os sinais e sintomas descritos, apenas num dos lados.
Causas da síndrome das pernas inquietas
Muitas vezes, não há causa conhecida para a síndrome das pernas inquietas. No entanto, acredita-se que o distúrbio possa ser causado por um desequilíbrio da dopamina química do cérebro, que envia mensagens para controlar os movimentos musculares.
Fatores de risco
Existem também certos fatores de risco que podem aumentar a probabilidade de desenvolvimento da síndrome das pernas inquietas, tais como:
- Hereditariedade (genética) - Às vezes, a síndrome ocorre em famílias, especialmente se a doença começar a manifestar-se antes dos 40 anos de idade;
- Gravidez - A gravidez ou alterações hormonais podem piorar temporariamente os sinais e sintomas da síndrome das pernas inquietas. Algumas mulheres manifestam o distúrbio pela primeira vez durante a gestação, especialmente durante o último trimestre de gravidez. No entanto, a sintomatologia, geralmente, desaparece após o parto;
- Certas doenças crónicas - Certas patologias crónicas incluem sinais e sintomas de síndrome das pernas inquietas, incluindo deficiência de ferro, doença de Parkinson, insuficiência renal ou doença renal, diabetes e neuropatia periférica;
- Certos medicamentos - Alguns fármacos podem piorar os sinais e sintomas da síndrome das pernas inquietas, incluindo medicamentos para as náuseas, antipsicóticos, alguns antidepressivos, e medicamentos para alergias (anti-histamínicos);
- Certos aspetos no estilo de vida do doente - A falta de sono ou outro distúrbio do sono como apneia do sono pode desencadear a síndrome das pernas inquietas. Também o álcool, o tabaco e o uso de cafeína podem desencadear esta patologia;
- Entre outros.
Diagnóstico da síndrome das pernas inquietas
O diagnóstico da síndrome das pernas inquietas é realizado, geralmente, através da história clínica do doente, e de um exame físico completo, onde o médico de medicina interna avalia certos parâmetros característicos da doença, a saber:
- Existência de uma vontade forte, muitas vezes irresistível de mover as pernas, geralmente acompanhada por sensações desconfortáveis;
- Os sintomas começam ou pioram quando o paciente está a descansar, sentado ou deitado;
- Os sinais e sintomas são temporariamente aliviados pela atividade, como caminhar ou alongar;
- A sintomatologia piora à noite;
- Etc.
O médico especialista de medicina interna pode também recorrer a alguns meios complementares de diagnóstico e terapêutica (MCDT), como são exemplo as análises ao sangue particularmente para a deficiência nutricional entre outras provas de acordo com o historial e exame físico, de modo a descartar outras causas possíveis para os sintomas apresentados pelo paciente.
A síndrome das pernas inquietas tem cura?
A síndrome das pernas inquietas, por ser passível de não ter uma causa objetiva, não tem cura, sendo um distúrbio que pode agravar com a idade. No entanto, algumas pessoas entram em remissão e não têm sintomas durante dias ou anos.
É importante manter o médico especialista atualizado acerca da sintomatologia e se começar a piorar, pode ser necessário adotar certas mudanças de estilo de vida ou mudar de medicação.
Contudo, a síndrome das pernas inquietas é uma patologia com um prognóstico favorável, pois na sua grande maioria, é leve e facilmente controlada.
Tratamento da síndrome das pernas inquietas
O tratamento da síndrome das pernas inquietas depende da intensidade dos sintomas.
Tratar este distúrbio deve ser considerado se a qualidade de vida do paciente for afetada devido a insónia e sonolência diurna excessiva.
Em casos de síndrome das pernas inquietas causados por patologias subjacentes, o tratamento específico também é necessário.
Alterações no estilo de vida
Existem alguns comportamentos a adotar no quotidiano (tratamento “caseiro”), que podem ajudar a melhorar o desconforto provocado pela síndrome das pernas inquietas, a saber:
- Fazer exercício físico regularmente, como andar de bicicleta ou caminhar, mas evitar exercícios pesados ou intensos próximo da hora de dormir;
- Seguir bons hábitos de sono, incluindo evitar ler, ver televisão ou usar o computador ou telefone / telemóvel enquanto estiver deitado na cama. Dormir entre 7 a 9 horas por dia e manter outros hábitos de sono saudáveis;
- Evitar ou limitar produtos cafeinados (cafés, chás, refrigerantes, chocolates), nicotina e álcool;
- Aplicar uma almofada de aquecimento, compressa fria, ou esfregar as pernas para proporcionar alívio temporário para o desconforto das pernas;
- Relaxar as pernas numa banheira quente;
- Reduzir o stress e ansiedade o máximo possível. Tentar meditação, ioga, música suave ou outras técnicas de relaxamento;
- Entre outros.
Tratamento Medicamentoso
Quando os surtos de síndrome das pernas inquietas são frequentes ou graves, o médico especialista irá provavelmente prescrever alguma medicação para tratar o transtorno, nomeadamente:
- Medicamentos (remédios) agonistas da dopamina que controlam o impulso de mover os membros, os sintomas sensoriais nas pernas, e reduzem os empurrões involuntários;
- Medicamentos anticonvulsão podem retardar ou bloquear sinais de dor nos nervos das pernas. Estes fármacos são particularmente eficazes em pacientes com síndrome das pernas inquietas dolorosa devido à neuropatia;
- Benzodiazepinas, por vezes, são prescritas para a síndrome das pernas inquietas, mas, normalmente, são reservados para casos mais graves devido ao seu potencial de dependência e efeitos colaterais, incluindo sonolência diurna;
- Opióides, como a metadona ou oxicodona, podem também ser usados para aliviar os sintomas de síndrome das pernas inquietas;
- Entre outros.