A gripe é uma infeção vírica ou viral (causada por vírus Influenza) que atinge o sistema respiratório - nariz, garganta e pulmões, provocando sintomas como dor de cabeça, dores musculares, fadiga e fraqueza, febre, tosse seca, entre outros. Veja mais informação em sinais e sintomas da gripe.
O nosso sistema imunitário (sistema de defesa) numa situação normal deve produzir anticorpos para combater a infeção. Quando já existem anticorpos, sinal de que já ocorreram infeções no passado, o nosso organismo deverá responder de uma forma mais eficaz. Contudo, os vírus estão em constante mudança, com novas estirpes surgindo regularmente.
A gripe pode variar bastante no que respeita à gravidade. Na maioria das pessoas, a gripe apresenta-se com uma evolução favorável, resolvendo-se de forma espontânea, habitualmente com uma duração entre 7 e 10 dias. Porém, às vezes, a gripe provoca complicações que em alguns casos podem ser fatais (risco de morte). As pessoas com maior risco de desenvolver complicações da gripe são:
- Crianças menores de 5 anos, especialmente as menores de 12 meses;
- Adultos com mais de 65 anos;
- Residentes em lares de idosos e outras instalações similares;
- Mulheres grávidas e mulheres até duas semanas após o parto;
- Pessoas com sistema imunitário enfraquecido;
- Portadores de doenças crónicas, como asma, doença cardíaca, doença renal, doença hepática e diabetes;
- Pessoas muito obesas, com índice de massa corporal (IMC) de 40 ou superior.
Embora a vacina anual contra a gripe não seja 100% eficaz, é a melhor defesa contra a gripe. Veja mais informação em vacinação e formas de prevenção da gripe.
Sinais e sintomas na gripe
Inicialmente, a gripe pode parecer um resfriado comum (ou constipação) com coriza (escorrência nasal e nariz entupido), espirros e dor de garganta.
Mas os resfriados geralmente desenvolvem-se lentamente, enquanto que a gripe tende a surgir subitamente. Existe uma clara diferença na severidade da sintomatologia entre a gripe e o resfriado comum. Apesar do resfriado comum ser um incómodo, geralmente cursa com sintomas mais ligeiros, como uma temperatura corporal mais baixa do que na gripe.
Os sinais e sintomas comuns da gripe incluem:
- Febre acima de 38 C;
- Dores musculares;
- Calafrios e suores;
- Dor de cabeça;
- Tosse seca persistente;
- Fadiga e fraqueza;
- Congestão nasal;
- Perda de olfato e do paladar;
- Dor de garganta.
O diagnóstico diferencial da gripe com a COVID 19 não pode ser feita exclusivamente com base na clínica, pois a sintomatologia é muito semelhante nestas duas doenças. Lembro que não existe nenhum sinal ou sintoma que as possa diferenciar. Deste modo, na presença de febre, dores musculares, congestão nasal, perda de olfato ou paladar, .... todos teremos que realizar o teste à SARS-cov2.
Saiba, aqui, tudo sobre resfriado comum.
Causas da gripe
A gripe é causada por três tipos de vírus influenza: Tipo A, Tipo B e o Tipo C
- Os vírus Tipo A (conhecida por Gripe A ou gripe das aves), cujos hospedeiros naturais são as aves aquáticas selvagens, pode dar origem a surtos entre as aves ou sofrer pequenas mutações que o fazem “saltar” para outras espécies, dando origem a pandemias. Destes destacam-se pela sua gravidade em termos de taxa de letalidade:
- H1N1 causador da Pneumónica ou gripe Espanhola em 1918/19 e a Gripe Suína em 2009;
- H2N2 causador da Gripe asiática em 1957/58 e a gripe Russa em 1989/90;
- H3N2 causadora da gripe de Hong-Kong em 1968/69.
- Os vírus tipo B atinge essencialmente a espécie humana e é menos comum que o tipo A. Este tipo de vírus sofre menos mutações e consequentemente adquire mais imunidade nas populações, reduzindo o seu potencial para causar pandemias.
- Os vírus tipo C, é uma forma menos comum, infeta seres humanos, cães e porcos e por vezes provoca formas graves e surtos locais.
Na gripe ocorre transmissão de pessoa para pessoa diretamente ou através de objetos contaminados. Veja mais informação em contágio da gripe.
Os vírus da gripe estão em constante mudança, com novas estirpes que surgem periodicamente. Se alguém já teve gripe no passado, o seu corpo já produziu anticorpos para combater essa estirpe específica do vírus. Se os futuros vírus da gripe forem semelhantes aos que se encontrou antes, seja por ter a doença ou por ser vacinado, esses anticorpos podem prevenir a infeção ou diminuir a sua gravidade.
Porém, os anticorpos contra vírus da gripe antigos não podem protegê-lo de novas estirpes de influenza que podem ser muito diferentes imunologicamente de um ano para o outro.
Fatores de risco na gripe
Fatores que podem aumentar o risco de desenvolver gripe ou suas complicações incluem:
- Idade - A influenza sazonal tende a atingir crianças menores de 12 meses de idade e adultos com 65 anos ou mais.
- Condições de vida ou trabalho - Pessoas que moram ou trabalham em instalações com muitos outros residentes, como casas de repouso ou quartéis militares, têm maior probabilidade de desenvolver a gripe. Pessoas hospitalizadas também correm maior risco;
- Sistema imunológico enfraquecido - Tratamentos de cancro, drogas anti-rejeição, uso prolongado de esteróides, transplante de órgãos, cancro de sangue ou HIV / AIDS podem enfraquecer o sistema imunológico. Todas estas situações podem facilitar o surgimento da gripe e também pode aumentar o risco de desenvolver complicações;
- Doença crónica - Doenças crónicas, incluindo doenças pulmonares como asma, diabetes, doenças cardíacas, doenças neurológicas ou de desenvolvimento neurológico, uma anomalia das vias aéreas e doenças renais, hepáticas ou sanguíneas, podem aumentar o risco de complicações da gripe;
- Uso de aspirina por menores de 19 anos - Pessoas com menos de 19 anos que realizam terapia com aspirina por um longo período correm o risco de desenvolver a síndrome de Reye se infetadas com influenza;
- Gravidez - As mulheres grávidas têm maior probabilidade de desenvolver complicações da influenza, principalmente no segundo e terceiro trimestres de gestação. Mulheres com até duas semanas de pós-parto também têm maior probabilidade de desenvolver complicações relacionadas com a influenza;
- Obesidade - Pessoas com índice de massa corporal (IMC) de 40 ou mais apresentam risco aumentado de desenvolverem complicações resultantes da gripe.
A gripe é contagiosa?
Sim, a gripe é uma doença contagiosa. Ou seja, a doença é transmissível ou “pega-se” de pessoa para pessoa.
Os vírus da gripe difundem-se pelo ar em gotículas quando alguém portador da infeção tosse, espirra ou fala. Essas gotículas podem ser inaladas diretamente ou podem contaminar objetos, como por exemplo: telemóvel, teclado computador, etc. e depois transmiti-los através de contacto com as mãos para os olhos, nariz ou boca.
As pessoas infetadas com o vírus apresentam, provavelmente, risco de contágio desde o dia anterior ao aparecimento dos primeiros sintomas até cerca de cinco dias após o início dos sintomas. Crianças e pessoas com sistema imunitário enfraquecido podem ser contagiosos por um período um pouco mais longo.
Complicações da gripe
Nos indivíduos jovens e saudáveis, a gripe sazonal geralmente não é grave, apesar do mal-estar que possa causar. A gripe geralmente passa em uma ou duas semanas sem efeitos persistentes. Contudo, crianças e adultos que apresentam condições de alto risco podem desenvolver complicações como:
A pneumonia é a complicação mais grave. Para adultos mais velhos e pessoas com doenças crónicas, a pneumonia pode ser mortal.
Saiba, aqui, tudo sobre pneumonia.
Na pandemia de Gripe Espanhola em que a infeção pelo vírus da gripe foi debilitante, mas raramente fatal, a doença respiratória provocada pela gripe, criou suscetibilidade para infeção secundária por bactérias oportunistas e essa sim, levou a uma elevada taxa de letalidade.
Taxa de letalidade da gripe
Em Portugal, a gripe atinge anualmente 20 a 30% das crianças e 10% dos adultos. Apesar de termos um elevado número de indivíduos de grupos de risco vacinados, em 2018-19 provocou aproximadamente 3.331 mortes.
Diagnóstico da gripe
Primeiramente o médico fará um exame físico, procurará sinais e sintomas da gripe e, possivelmente, solicitará um teste para deteção dos vírus da gripe.
Durante os períodos em que a influenza está disseminada, pode não ser preciso fazer o teste de influenza. O médico pode realizar o diagnóstico com base nos sinais e sintomas que o paciente apresenta.
Em alguns casos, o médico pode sugerir a realização de um teste de gripe. Podem ser usados vários testes para diagnosticar a gripe. O teste de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) está-se a tornar mais comum em muitos hospitais e laboratórios. O teste de PCR é mais sensível do que outros testes e pode ser capaz de identificar a origem da influenza.
A maioria das pessoas com gripe pode tratar-se em casa e, geralmente, não precisa consultar um médico.
Quando os sintomas de gripe ocorrem em doentes com elevado risco de complicações, devem consultar um médico imediatamente. A toma de medicamentos antivirais pode reduzir a duração da doença e ajudar a prevenir problemas mais graves.
Tratamento da gripe
Normalmente, o doente não precisará de nada mais do que repouso na cama e a ingestão de muitos líquidos para tratar a gripe. Mas se a infeção for grave ou estiver em maior risco de complicações, o médico pode prescrever um medicamento antiviral, como oseltamivir, zanamivir, peramivir ou baloxavir. Esses medicamentos podem tratar a doença num dia ou mais e ajudar a prevenir complicações graves.
Oseltamivir é um medicamento oral. O zanamivir é inalado por um dispositivo semelhante a um inalador para asma e não deve ser usado por pessoas com certos problemas respiratórios crónicos, como asma e doenças pulmonares.
Os efeitos secundários dos medicamentos antivirais podem incluir náuseas e vómitos. Esses efeitos adversos podem ser reduzidos se o medicamento for tomado com alimentos.
A maioria das estirpes circulantes de influenza tornou-se resistente à amantadina e rimantadina, que são medicamentos antivirais mais antigos que já não são recomendados.
Estilo de vida e remédios caseiros
Existem medidas simples que podem ajudar a aliviar os sintomas:
- Beba muitos líquidos - Escolha água, sumo natural e sopas quentes para evitar a desidratação.
- Descansar - Durma mais para ajudar o seu sistema imunológico a combater infeções. Pode ser necessário alterar o nível de atividade do doente, dependendo dos seus sintomas.
- Considere analgésicos. Use um analgésico de venda livre, como o paracetamol, acetaminofeno ou ibuprofeno, para combater as dores associadas à gripe. Crianças e adolescentes em recuperação de sintomas semelhantes aos da gripe nunca devem tomar aspirina por causa do risco de síndrome de Reye, uma condição rara, mas potencialmente fatal.
Para ajudar a controlar a propagação da gripe, fique e mantenha as crianças doentes em casa até que a febre passe por 24 horas.
Prevenção da gripe
A vacina da gripe é o melhor método para prevenir a doença e as suas complicações, fundamentalmente nos grupos de risco atrás mencionados. Veja mais informação em vacinação da gripe.
De uma forma geral, devemos proteger-nos do frio, ter um cuidado acrescido com a hidratação, fazer uma alimentação saudável e equilibrada, rica em vitaminas C e Vitamina D.
Vacinação na gripe
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) recomenda a vacinação anual contra a gripe para todas as pessoas com 6 meses ou mais. Os grupos de risco devem ter particular atenção, devendo ser sempre vacinados.
A vacina da gripe sazonal contém proteção contra os três ou quatro vírus da gripe que se espera sejam os mais comuns durante a temporada de gripe daquele ano. Este ano, a vacina estará disponível na forma de injeção e spray nasal.
Nos últimos anos, houve a preocupação de que a vacina em spray nasal não fosse eficaz contra certos tipos de gripe. No entanto, espera-se que a vacina em spray nasal seja eficaz na temporada 2020-2021. O spray nasal ainda não é recomendado para alguns grupos, como grávidas, crianças entre 2 e 4 anos com asma ou sibilância e pessoas com sistema imunitário comprometido.
A maioria dos tipos de vacinas contra a gripe contém uma pequena quantidade de proteína do ovo. Se tem uma alergia ligeira ao ovo - só tem urticária ao comer ovos, por exemplo - pode tomar a vacina da gripe sem quaisquer precauções adicionais. Se tem uma alergia grave ao ovo, deve ser vacinado sob vigilância médica que seja capaz de identificar e controlar condições alérgicas graves.
Saiba, aqui, o que é alergia ao ovo.
Embora a vacina da gripe não previna do SARS COV2, ao prevenir a gripe podemos estar a prevenir a progressão para formas mais graves de COVID 19.
Como controlar a propagação da infeção?
A vacina da gripe não é 100% eficaz, por isso também é importante tomar medidas para reduzir a propagação da infeção, a saber:
- Evite multidões. A gripe espalha-se facilmente onde quer que as pessoas se reúnam - em creches, escolas, prédios de escritórios, auditórios e transportes públicos. Ao evitar multidões durante o pico do período de gripe, reduzirá as hipóteses de contrair a infeção;
- Cubra a boca e o nariz ao espirrar ou tossir;
- Para evitar contaminar as mãos, tussa ou espirre para um lenço de papel ou na dobra interna do cotovelo;
- Se estiver doente, fique em casa por pelo menos 24 horas depois que a febre baixar, para diminuir a probabilidade de infetar outras pessoas;
- Lave as mãos. Lavar bem as mãos com frequência é uma forma eficaz de prevenir muitas infeções comuns. Ou use desinfetantes para as mãos à base de álcool, se água e sabão não estiverem disponíveis.